terça-feira, 5 de março de 2024

Cap. 1 - Pré Modernismo - Questão de ENEM. Concordância Verba e Conto




Cap. 1. Pré – Modernismo 

·         Lima Barreto : 

·         Monteiro Lobato :

Texto 1:O deus-verme - Augusto dos Anjos

Fator universal do transformismo,
Filho da teleológica matéria,
Na superabundância ou na miséria,
Verme — é o seu nome obscuro de batismo.

Jamais emprega o acérrimo exorcismo
Em sua diária ocupação funérea,
E vive em contubérnio com a bactéria,
Livre das roupas do antropomorfismo.

Almoça a podridão das drupas agras,
Janta hidrópicos, rói vísceras magras
E dos defuntos novos incha a mão...

Ah! Para ele é que a carne podre fica,
E no inventário da matéria rica
Cabe aos seus filhos a maior porção!

1) No poema "O deus verme", qual é o tema central do poema?

(A) É a decomposição do homem pelos vermes.

(B) É a idealização da mulher e do amor pelo homem.


    
Um dos escritores mais interessantes da Literatura Brasileira é Augusto dos Anjos, por isso o poeta é figura carimbada nos ENEM's na vida. O artista é tão complexo que é difícil classificá-lo num movimento só. Em sua poesia há características Parnasianas e Simbolista, contudo é só no 3º ano, no Pré-Modernismo, que Dos Anjo é explorado (principalmente por causa de algumas palavras no texto). E o existencial é sempre um dilema desse homem. Em "Psicologia de um vencido" é desconcertante e inovador saber que o homem não é mais visto como filho de uma entidade metafísica, mas fruto de uma química (carbono e amoníaco). E pra quem vai fracassar na vida ou já fracassou, nada melhor como o canto "sofro, desde a epigênese da infância a influência má dos signos do zodíaco". A questão 113 do ENEM de 2014 trouxe o poema desse polêmico autor. Leia e veja qual alternativa marcar.

Psicologia da um vencido

Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilânica,
Sofro, desde a epigênesis da infância
A influência má dos signos do zodíaco

Profundissimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância...
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.

Já o verme - esta operário das ruínas –
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra.

Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
E há de deixar-me apenas os cabelos.
Na frialdade inorgânica da terra!
Augusto dos Anjos

2. 113 A poesia de Augusto dos Anjos revela aspectos de uma literatura de transição designada como pré-modernista. Com relação à poética e à abordagem temática presentes no soneto, identificam-se marcas dessa literatura de transição, como

(A) a forma do soneto, os versos metrificados, sem o debate existencial que antecipa conceitos estáticos vigentes no Modernismo.

(B) a manutenção de elementos formais vinculados à estética do Parnasianismo e dimensionada pela inovação na expressividade do desconcerto existencial.



3. A partir da leitura do Capítulo II do livro "Triste fim de Policarpo Quaresma" responda:

Ao voltar do passeio, Olga se impressiona com o tipo de vida dos roceiros da região levavam, como Olga imaginava que eles vivessem:

(A) imaginava que tivessem uma vida feliz e alegre;

(B) imaginava que eles sofressem demais;



       "O Brasil é o país do futuro". Quem nunca ouviu essa frase? É um paradoxo - o futuro pode mesmo nunca chegar.      Há vários mitos por aqui que as estatísticas desfazem: um exemplo clássico é a cordialidade. Patriotas amam dizer que o brasileiro é gentil e bondoso, contudo, as mortes por armas de fogo passam do 50 mil. Só mortes por armas de fogo. Número maior do que de algumas guerras mundo á fora. A riqueza do solo é outro mito - quase tudo só vai pra frente com muito agrotóxico e por último, a língua portuguesa falada é de altíssima complexidade. Qualquer um que acredita demais no Brasil é levado a frustração ideológica no fim da vida.

TRECHO DE TRISTE FIM DE POLICARPO QUARESMA USADO NO ENEM

    Desde dezoito anos que o tal patriotismo lhe absorvia e por ele fizera a tolice de estudar inutilidades. Que lhe importavam os rios?  Eram grandes? Pois que fossem... Em que lhe contribuiria para a  felicidade saber o nome dos heróis do Brasil? Em nada... O importante é que ele tivesse sido feliz. Foi? Não. Lembrou-se das suas coisas de tupi, de folk-lore, das suas tentativas agrícolas... Restava disso tudo em sua alma uma satisfação? Nenhuma! Nenhuma! 
     O tupi encontrou a incredulidade geral, o riso, a mofa, o escárnio; e levou-o à loucura. Uma decepção. E a agricultura? Nada. As terras não eram ferazes e ela não era fácil como diziam os livros. Outra decepção. E, quando seu patriotismo se fizera combatente, o  que achara? Decepções. Onde estava a doçura de nossa gente? Pois ele não a viu combater como feras? Pois não a via matar  prisioneiros, inúmeros? Outra decepção.  sua vida era uma  decepção, uma série, melhor, um encadeamento de decepções. 
  pátria que quisera ter era um mito; um fantasma criado por ele no silêncio de seu gabinete. 

eB RRETO, L. riste fim de Policarpo Quaresma. Disponível em: 
www.dominiopublico.gov.br. cesso em: 8 nov. 2011. O romance Triste fim de 
Policarpo Quaresma, de Lima Barreto, foi publicado em 1911.  

4. 118 No fragmento destacado, a reação do personagem aos desdobramentos de suas iniciativas patrióticas evidencia que 

a) a dedicação de Policarpo Quaresma ao conhecimento da natureza brasileira levou-o a estudar inutilidades, mas possibilitou-lhe uma visão mais ampla do país. 

b) a construção de uma pátria a partir de elementos míticos, como a cordialidade do povo, a riqueza do solo e a pureza linguística, conduz à frustração ideológica. 




TEXTO I
Canudos não se rendeu. Exemplo único em toda a história, resistiu até o esgotamento completo. Vencido palmo a palmo, na precisão integral do termo, caiu no dia 5, ao entardecer, quando caíram os seus últimos defensores, que todos morreram. Eram quatro apenas: um velho, dois homens feitos e uma criança, na frente dos quais rugiam raivosamente cinco mil soldados.
CUNHA, E. 􀀲􀁖􀀃􀁖􀁈􀁕􀁗􀁽􀁈􀁖􀀑􀀃􀀵􀁌􀁒􀀃􀁇􀁈􀀃􀀭􀁄􀁑􀁈􀁌􀁕􀁒􀀝􀀃􀀩􀁕􀁄􀁑􀁆􀁌􀁖􀁆􀁒􀀃􀀤􀁏􀁙􀁈􀁖􀀏􀀃􀀔􀀜􀀛􀀚􀀑
TEXTO II
Na trincheira, no centro do reduto, permaneciam quatro fanáticos sobreviventes do extermínio. Era um velho, coxo por ferimento e usando uniforme da Guarda Católica, um rapaz de 16 a 18 anos, um preto magro, e um caboclo. Ao serem intimados para deporem as armas, investiram com enorme fúria. Assim estava terminada e de maneira tão trágica a sanguinosa guerra, que o banditismo e o fanatismo traziam acesa por longos meses, naquele recanto do território nacional.
SOARES, H. M. 􀀤􀀃􀀪􀁘􀁈􀁕􀁕􀁄􀀃􀁇􀁈􀀃􀀦􀁄􀁑􀁘􀁇􀁒􀁖􀀑􀀃􀀵􀁌􀁒􀀃􀁇􀁈􀀃􀀭􀁄􀁑􀁈􀁌􀁕􀁒􀀝􀀃􀀤􀁏􀁗􀁌􀁑􀁄􀀏􀀃


05 15 (ENEM 2015) Os relatos do último ato da Guerra de Canudos fazem uso de representações que se perpetuariam na memória
Construída sobre o conflito. Nesse sentido, cada autor caracterizou a atitude dos sertanejos, respectivamente,
como fruto da


A manipulação e incompetência. 
       
B bravura e loucura.











Gramática – concordância verbal pag. 23, 24,25,26,27,28,29 (fazer a leitura dos textos e responder as atividades


6. 1. Marque o conceito correto de CONCORDÂNCIA VERBAL

(A) é a conformidade do verbo com seus complementos

(B) é a conformidade do verbo com o sujeito.



7. 2. Leia a seguir algumas expressões e marque as questões corretas abaixo:

I.    É nóis.
II.  Tá ligado.
III. Tamo junto.
IV. Tô de boa.

Quais expressões se originam do verBo ESTAR

(A) I, II e IV;

(B) II, III e IV



8. 3. Qual é o verbo usado na expressão I?

(A) SER

(B) ESTAR



9. 4. COMO FICARIAM ESSAS EXPRESSÕES SEGUNDO A NORMA PADRÃO?

(A) "está ligado?",  "estamos juntos", "estou de boa";

(B) "tá ligado?",  "estamos juntos", "estou de boa";

·         O conto : leitura das pags. 30 31 e 32. ( responder as atividades da pag. 32,33,34 e 35) COM ESTUDO DOS DESCRITORES




Nós chorámos pelo Cão Tinhoso
Para Isaura. Para Luís B. Hondwana
Foi no tempo da oitava classe, na aula de português.
Eu já tinha lido esse texto dois anos antes mas daquela vez a estória me parecia
mais bem contada com detalhes que atrapalhavam uma pessoa só de ler ainda em
leitura silenciosa – como a camarada professora de português tinha mandado. Era um
texto muito conhecido em Luanda: “Nós matámos o Cão Tinhoso”.
Eu lembrava-me de tudo: do Ginho, da pressão de ar, da Isaura e das feridas penduradas
do Cão Tinhoso. Nunca me esqueci disso: um cão com feridas penduradas.
Os olhos do cão. Os olhos da Isaura. E agora de repente me aparecia tudo ali de novo.
Fiquei atrapalhado.
A camarada professora selecionou uns tantos para a leitura integral do texto. Assim
queria dizer que íamos ler o texto todo de rajada. Para não demorar muito, ela escolheu
os que liam melhor. Nós, os da minha turma da oitava, éramos cinquenta e dois. Eu era
o número cinquenta e um.

Embora noutras turmas
tentassem arranjar alcunhas para os colegas,
aquela era a minha primeira turma
onde ninguém tinha escapado de ser
alcunhado. E alguns eram nomes de
estiga violenta.
Muitos eram nomes de animais:
havia o Serpente, o Cabrito,
o Pacaça, a Barata da Sibéria,
a Joana Voa-Voa, a Gazela, e o
Jacó, que era eu. Deve ser porque
eu mesmo falava muito
nessa altura. Havia o É-tê, o
Agostinho-Neto, a Scubidu e

mesmo alguns professores também não escapavam da nossa lista. Por acaso a camarada
professora de português era bem porreira e nunca chegámos a lhe alcunhar.
Os outros começaram a ler a parte deles. No início, o texto ainda está naquela parte
que na prova perguntam qual é e uma pessoa diz que é só introdução. Os nomes dos
personagens, a situação assim no geral, e a maka do cão. Mas depois o texto ficava duro:
tinham dado ordem num grupo de miúdos para bondar o Cão Tinhoso. Os miúdos tinham
ficado contentes com essa ordem assim muito adulta, só uma menina chamada
Isaura afinal queria dar proteção ao cão. O cão se chamava Cão Tinhoso e tinha feridas
penduradas, eu sei que já falei isto, mas eu gosto muito do Cão Tinhoso.
Na sexta classe eu também tinha gostado bué dele e eu sabia que aquele texto era duro
de ler. Mas nunca pensei que umas lágrimas pudessem ficar tão pesadas dentro duma pessoa.
Se calhar é porque uma pessoa na oitava classe já cresceu um bocadinho mais, a voz já
está mais grossa, já ficamos toda hora a olhar as cuecas das meninas “entaladas na gaveta”,
queremos beijos na boca mais demorados e na dança de slow ficámos todos agarrados até
os pais e os primos das moças virem perguntar se estamos com frio mesmo assim em
Luanda a fazer tanto calor. Se calhar é isso, eu estava mais crescido na maneira de ler o
texto, porque comecei a pensar que aquele grupo que lhes mandaram matar o Cão Tinhoso
com tiros de pressão de ar, era como o grupo que tinha sido escolhido para ler o texto.
Não quero dar essa responsabilidade na camarada professora de português, mas foi
isso que eu pensei na minha cabeça cheia de pensamentos tristes: se essa professora
nos manda ler este texto outra vez, a Isaura vai chorar bué, o Cão Tinhoso vai sofrer
mais outra vez e vão rebolar no chão a rir do Ginho que tem medo de disparar por causa
dos olhos do Cão Tinhoso.
O meu pensamento afinal não estava muito longe do que foi acontecendo na minha
sala de aulas, no tempo da oitava classe, turma dois, na escola Mutu Ya Kevela, no
ano de mil novecentos e noventa: quando a Scubidu leu a segunda parte do texto, os
que tinham começado a rir só para estigar os outros, começaram a sentir o peso do texto.
As palavras já não eram lidas com rapidez de dizer quem era o mais rápido da turma
a despachar um parágrafo. Não. Uma pessoa afinal e de repente tinha medo do próximo
parágrafo, escolhia bem a voz de falar a voz dos personagens, olhava para a porta da
sala como se alguém fosse disparar uma pressão de ar a qualquer momento. Era assim
O Olavo avisou: “quem chorar é maricas então!” e os rapazes
na oitava classe: ninguém lia o texto do Cão Tinhoso sem ter medo de chegar ao fim.
Ninguém admitia isso, eu sei, ninguém nunca disse, mas bastava estar atento à voz
de quem lia e aos olhos de quem escutava.

O céu ficou carregado de nuvens escurecidas. Olhei lá para fora à espera de
uma trovoada que trouxesse uma chuva de meia-hora. Mas nada.
Na terceira parte até a camarada professora começou a engolir cuspe
seco na garganta bonita que ela tinha, os rapazes mexeram os pés com
nervoso miudinho, algumas meninas começaram a ficar de olhos molhados

O Olavo avisou: “quem chorar é maricas então!” e os rapazes
todos ficaram com essa responsabilidade de fazer uma cara como se nada
daquilo estivesse a ser lido.
Um silêncio muito estranho invadiu a sala quando o Cabrito se sentou. A
camarada professora não disse nada. Ficou a olhar para mim. Respirei fundo.
Levantei-me e toda a turma estava também com os olhos pendurados em
mim. Uns tinham-se virado para trás para ver bem a minha cara, outros fungavam
do nariz tipo constipação de cacimbo. A Aina e a Rafaela que eram
muito branquinhas estavam com as bochechas todas vermelhas e os olhos
também, o Olavo ameaçou-me devagar com o dedo dele a apontar para mim.
Engoli também um cuspe seco porque eu já tinha aprendido há muito tempo
a ler um parágrafo depressa antes de o ler em voz alta: era aquela parte do
texto em que os miúdos já não têm pena do Cão Tinhoso e querem lhe matar
a qualquer momento. Mas o Ginho não queria. A Isaura não queria.
A camarada professora levantou-se, veio devagar para perto de mim,
ficou quietinha. Como se quisesse me dizer alguma coisa com o corpo dela
ali tão perto. Aliás, ela já tinha dito, ao me escolher para ser o último a fechar
o texto, e eu estava vaidoso dessa escolha, o último normalmente era
o que lia já mesmo bem. Mas naquele dia, com aquele texto, ela não sabia
que em vez de me estar a premiar, estava a me castigar nessa responsabilidade
de falar do Cão Tinhoso sem chorar.

— Camarada professora — interrompi numa dificuldade de falar. —
Não tocou para a saída?
Ela mandou-me continuar. Voltei ao texto. Um peso me atrapalhava a
voz e eu nem podia só fazer uma pausa de olhar as nuvens porque tinha
que estar atento ao texto e às lágrimas. Só depois o sino tocou.
Os olhos do Ginho. Os olhos da Isaura. A mira da pressão de ar nos olhos
do Cão Tinhoso com as feridas dele penduradas. Os olhos do Olavo. Os
olhos da camarada professora nos meus olhos. Os meus olhos nos olhos
da Isaura nos olhos do Cão Tinhoso.
Houve um silêncio como se tivessem disparado bué de tiros dentro da
sala de aulas. Fechei o livro.
Olhei as nuvens.
Na oitava classe, era proibido chorar à frente dos outros rapazes.
(In: Rita Chaves, org. Contos africanos de língua portuguesa.
São Paulo: Ática, 2009. p. 98-103.)



O Caniçal

     Já fazia anos que ela pegava cocorotes. Aquela vida começou quando tinha três anos. Hoje tem quinze. Seus pais acreditavam e a mandaram para o lugar onde todos acreditavam sair de lá com sucesso – o Caniçal.
     O relógio marcava a proximidade de mais um dia de aulas. Maria se maquiava; a menina era bonita e inteligente.   
     Já no Caniçal, o professor pegou a aluna Joaquina e iria cumprir a rotina que já existia há anos em todos os cantos daquele estranho mundo. Colocou a mão na parte de trás do pescoço da menina e começou a ‘cocorotar”. Dizia que os meninos só seriam grandes se suportassem até a campa tocar. A boca de Joaquina ficava entre-aberta e escorria muita saliva pelo canto. Seus olhos ficavam arregalados, mas ela suportava.
     O primeiro coque doía muito, do mil em diante nada mais era sentido. Cansado, doído, humildemente o mestre cumpria a sua missão de “cocorotar”. Ele também acreditava naquilo.
     No dia seguinte, Maria se arrumou, penteou o cabelo e saiu. Chegando à escola encontrou seus amigos de classe. Tinha um que ela não suportava - “o traidor Pedro”  ( o chamavam assim por ser o dedo duro da turma).
— onde está a Joaquina? Perguntou Maria.
— Ela não veio, parece que seus pais a colocaram num outro caniçal. Particular.  – “n’outra” cidade. Dizem que os coques daqui são poucos e não levam ninguém a lugar algum. Alguém falou.
— ela é uma tola, nós vamos ter sucesso na vida é a partir daqui. Disse Pedro.
     Maria ouvindo aquilo ficou com uma raiva e pensou: como sofrer tanto pode está vinculado ao sucesso? Não faz sentido.
     O professor se aproximou e começou a dar cocorotes na menina.
     Maria com a cabeça ardendo pediu para sair. Foi quando ouviu o coordenador falando ao telefone com um representante do governo.
— meu querido amigo, a safra deste ano vai ser a melhor de todas. Serão ótimos pagadores de impostos. Trabalhadores braçais muito bons. Os coques os colocam em seus lugares. Os tornam mansos. Nesse ano teremos os meninos que menos questionam. Eles acreditam que quanto mais coques aguentarem, mais sucesso terão. São uns tolos. Mas, é claro que vamos deixar que um deles tenha um bom emprego. Seja o sucesso. Só um, não mais. Os outros vão se encher de esperança querendo ser como esse um.
— Do que ele esta falando?  — quer dizer que eles estão nos enganando? Pensou Maria ao ouvir tudo.
     A garota volta para a sala de aula e como sempre ver os seus amigos recebendo coques. Aquilo a deixa  nervosa. É quando com a voz estrondosa manda o professor parar:
— Vocês não entendem. É tudo ilusório. No fim não seremos aquilo que tanto desejamos. Estamos sendo preparados como gado ou ovelhas para o abate.    O professor é só mais uma vítima inconsciente nisso tudo. Só o coordenador e as autoridades sabem. No futuro vamos apenas trabalhar muito para gerar impostos para uns poucos viverem confortavelmente.
     De início o professor até concordou com a menina, mas para puni-lá, o mestre  a leva ao poderoso coordenador:
— o que?! Essa menina está nos desafiando? Disse o coordenador.
— você é um mentiroso! Disse Maria.
— como?! Do que você esta falando? Perguntou o Sabino.
— você sabe muito bem. Você não me engana, e em breve não enganará mais ninguém.
     O poderoso coordenador ordenou que a levassem para um quarto escuro no interior do caniçal. E lá ele passou horas dando cocorotes em sua cabeça.
     No outro dia ele a tirou do quarto e a levou para a sala de aula, os amigos quando viram seu estado ficaram com muito medo.
     O coordenador pediu a ajuda do aluno Pedro. A proposta do menino foi rápida:
— faça eventos: futebol, desfiles. Isso fará todos ficarem com você.
     Dias após ocorreram diversas festividades.
     O resto do ano foi marcado por palavras como suspensão, expulsão e outras que provocam medo. A rotina de cocorotes continuou. A aluna Maria suportou tudo e ao término do ano prestou um vestibular e conseguiu o primeiro lugar num bom curso. Formou-se numa profissão muito boa e ganhou muito dinheiro.
[...]
— É mais um início de ano letivo. Sejam todos bem vindos. O exemplo que vamos falar hoje é de uma grande aluna do passado. Que suportava tudo. Uma vencedora. Passou num bom vestibular e é o sucesso de nossa instituição. Espelhem-se nela – a aluna Maria -  Disse o Coordenador Sabino aos novatos que chegavam para mais um ano letivo de aula.
Por Gabriela com adaptações

1. Logo no início, o texto faz referência a outro conto, "Nós matamos o Cão Tinhoso", do escritor moçambicano Luis Bernardo Honwana. QUEM É O NARRADOR DA HISTÓRIA DE ONDJAKI?

(A) Um menino da 8ª classe apelidado de Jacó.

(B) Um menino da 9ª classe apelidado de Jacó.




2.     (Vestibular PAES)_Analise as informações apresentadas a seguir, acerca do texto "O CANIÇAL" e marque a CORRETA.

A.    O texto possui características de conto: narrativas com discurso direto, personagens, espaço. Afasta-se de uma dissertação;

C.    O conto é falho. Em nada pode ser comparado com o real. As práticas pedagógicas têm dado certo e todos vencem no final;


3.  Marque a alternativa CORRETA acerca da origem do CONTO:

(A) o conto é um gênero que nasceu de tradição oral e há milênios faz a parte da cultura de todo o mundo;

(B) o conto é um gênero que nasceu da tradição cronológica da necessidade de se narrar o momento;



4º Qual o ponto de vista narrativo adotado no conto "Nós matamos o Cão Tinhoso";

(a) 1ª pessoa;

(b) 2ª pessoa;





VÍDEOS A ASSISTIR.

SOBRE GUERRA DE CANUDOS



SOBRE TRISTE FIM DE POLICARPO QUARESMA


SOBRE CONCORDÂNCIA VERBAL





segunda-feira, 27 de novembro de 2023

4º Pla 3º - A geração de 30 Graciliano Ramos e Regência Nominal Pág. 100 a 126. Debate

A geração de 30 Graciliano Ramos Página 100 a 109


Link para marcar as questões





CLIQUE NO LINK ABAIXO E FAÇA UMA BREVE COMENTÁRIO SOBRE O TEXTO "O PENSADOR COLETIVO". 


Mudança

     Na planície avermelhada os juazeiros alargavam duas manchas verdes. Os infelizes tinham caminhado o dia inteiro, estavam cansados e famintos. Ordinariamente andavam pouco, mas como haviam repousado bastante na areia do rio seco, a viagem progredira bem três léguas. Fazia horas que procuravam uma sombra. A folhagem dos juazeiros apareceu longe, através dos galhos pelados da catinga rala.

     Arrastaram-se para lá, devagar, sinha Vitória com o filho mais novo escanchado no quarto e o baú de folha na cabeça, Fabiano sombrio, cambaio, o aió a tiracolo, a cuia pendurada numa correia presa ao cinturão, a espingarda de pederneira no ombro. O menino mais velho e a cachorra Baleia iam atrás.

     Os juazeiros aproximaram-se, recuaram, sumiram-se. O menino mais velho pôs-se a chorar, sentou-se no chão.

— Anda, condenado do diabo, gritou-lhe o pai.

Não obtendo resultado, fustigou-o com a bainha da faca de ponta. Mas o pequeno esperneou acuado, depois sossegou, deitou-se, fechou os olhos. Fabiano ainda lhe deu algumas pancadas e esperou que ele se levantasse. Como isto não acontecesse, espiou os quatro cantos, zangado, praguejando baixo. A catinga estendia-se, de um vermelho indeciso salpicado de manchas brancas que eram ossadas. O voo negro dos urubus fazia círculos altos em redor de bichos moribundos.

— Anda, excomungado.

     O pirralho não se mexeu, e Fabiano desejou matá-lo. Tinha o coração grosso, queria responsabilizar alguém pela sua desgraça. A seca aparecia-lhe como um fato necessário — e a obstinação da criança irritava-o. Certamente esse obstáculo miúdo não era culpado, mas dificultava a marcha, e o vaqueiro precisava chegar, não sabia onde. 

    Tinham deixado os caminhos, cheios de espinho e seixos, fazia horas que pisavam a margem do rio, a lama seca e rachada que escaldava os pés. 

     Pelo espírito atribulado do sertanejo passou a ideia de abandonar o filho naquele descampado. Pensou nos urubus, nas ossadas, coçou a barba ruiva e suja, irresoluto, examinou os arredores. Sinha Vitória estirou o beiço indicando vagamente uma direção e afirmou com alguns sons guturais que estavam perto. Fabiano meteu a faca na bainha, guardou-a no cinturão, acocorou-se, pegou no pulso do menino, que se encolhia, os joelhos encostados no estômago, frio como um defunto. Aí a cólera desapareceu e Fabiano teve pena. Impossível abandonar o anjinho aos bichos do mato. Entregou a espingarda a sinha Vitória, pôs o filho no cangote, levantou-se, agarrou os bracinhos que lhe caíam sobre o peito, moles, finos como cambitos. Sinha Vitória aprovou esse arranjo, lançou de novo a interjeição gutural, designou os juazeiros invisíveis.

     E a viagem prosseguiu, mais lenta, mais arrastada, num silencio grande.

     Ausente do companheiro, a cachorra Baleia tomou a frente do grupo. Arqueada, as costelas à mostra, corria ofegando, a língua fora da boca. E de quando em quando se detinha, esperando as pessoas, que se retardavam.

     Ainda na véspera eram seis viventes, contando com o papagaio. Coitado, morrera na areia do rio, onde haviam descansado, à beira de uma poça: a fome apertara demais os retirantes e por ali não existia sinal de comida. Baleia jantara os pés, a cabeça, os ossos do amigo, e não guardava lembrança disto. Agora, enquanto parava, dirigia as pupilas brilhantes aos objetos familiares, estranhava não ver sobre o baú de folha a gaiola pequena onde a ave se equilibrava mal. Fabiano também às vezes sentia falta dela, mas logo a recordação chegava. Tinha andado a procurar raízes, à toa: o resto da farinha acabara, não se ouvia um berro de rês perdida na catinga. Sinha Vitória, queimando o assento no chão, as mãos cruzadas segurando os joelhos ossudos, pensava em acontecimentos antigos que não se relacionavam: festas de casamento, vaquejadas, novenas, tudo numa confusão. Despertara-a um grito áspero, vira de perto a realidade e o papagaio, que andava furioso, com os pés apalhetados, numa atitude ridícula. Resolvera de supetão aproveitá-lo como alimento e justificara-se declarando a si mesma que ele era mudo e inútil. Não podia deixar de ser mudo. Ordinariamente a família falava pouco. E depois daquele desastre viviam todos calados, raramente soltavam palavras curtas. O louro aboiava, tangendo um gado inexistente, e latia arremedando a cachorra.

(Rio de Janeiro: Record, 2006. p. 9-12.)


1 - no primeiro capítulo de vidas secas é narrado o deslocamento da família de Fabiano pelas terras do sertão nordestino. Como é caracterizada a paisagem pela qual a família caminha?


(A) Como uma paisagem alagada, muito verde, cheia de vida;
(B) Como uma paisagem ensolarada, muito seca e quase sem vida;

2 - os diálogos no romance vidas secas são raros, no momento em que o menino mais velho começa chorar no chão, exausto, quais são as primeiras reações e qual é o desejo de Fabiano diante daquela situação? o que essas reações revelam a respeito dessa personagem?

(A) Fabiano insulta o menino bate nele pragueja tem o desejo de Matá-lo;
(B) Fabiano ama seu filho, pega-o nos braços e o leva como forma carinho;

3 - O que os sons emitidos pelo papagaio revelam sobre a comunicação da família?

(A) revelam que a família falava muito pois o papagaio imitava-os com frequência;

(B) revelam que a família falava pouco pois o papagaio mais imitava era a cadela;

4. 8.1 (ENEM 2012)
Minha vida é andar
Por esse país
Pra ver se um dia
Descaso feliz
Guardando as recordações
Das terras onde passei
Andando pelos sertões
E dos amigos que lá deixei

Gonzada, L.; A vida  de viajante

A letra dessa canção reflete elementos indenitários que representam a

(A)   Denúncia da precariedade social provocada pela seca.


(B)   Experiência de deslocamento vivenciada pelo migrante.


Regência Nominal. Página 115 a 121

1  - regência nominal é...

(A) O princípio pelo qual os verbos se ligam a seus complementos;

(B) O princípio pelo qual os nome se ligam a seus complementos;

2 - Como falante nativo da língua portuguesa você certamente conhece as classes de palavras. Mesmo sabendo que as regras podem variar, marque alternativa de qual classe de palavras é a que complementa nomes ligando-os a outros nomes:

(A) Verbos;

(B) Preposições;

3. “Uma passeata contra a concentração de renda e a discriminação social”. Quais termos da frase descrita são regidos pelos nomes passeata e concentraçãoRESPECTIVAMENTE:

(A) Contra a concentração de renda e a discriminação social;

(B) Contra a discriminação social e a concentração de renda;


4 - Por NOMINALIZAÇÃO entende-se...

(A) é uma estratégia argumentativa que auxilia na construção na construção de sentidos. A opção pela utilização de formas nominais produz alguns efeitos no texto como o pressuposto que ao qual se refere é verdadeiro;

(B) é uma estratégia argumentativa que não ajuda na construção na construção de sentidos. A opção pela utilização de formas nominais produz alguns efeitos no texto como o pressuposto que ao qual se refere é falso;


Você vai ler, a seguir, a transcrição de um trecho de uma reunião deliberativa realizada na Câmara dos Deputados na qual foi votado o projeto de lei do Estatuto da Família. Na reunião, participantes contrários à aprovação do projeto fizeram requerimentos, isto é, petições por escrito em que manifestavam seu posicionamento, enquanto os participantes favoráveis apresentaram seus argumentos.

Presidente: Senhoras e senhores deputados, senhoras e senhores presentes,
[...] declaro aberta a 12» reunião da comissão especial destinada
a proferir parecer ao projeto de lei número .53 de 2013, Estatuto da
Família [...]. Informo que a lista de inscrição para discussão da matéria
estará aberta na nossa assessoria, os senhores e senhoras deputadas
que desejarem se inscrever queiram fazê-lo até o início da discussão,
quando serão encerradas definitivamente as inscrições. [...]

Participante 1: Senhor presidente, para discutir...

Presidente: Sim, nobre deputada Érika Kokay [Participante 1]. Com vossa
excelência a palavra, três minutos, ok? Por favor.

Participante 1: Senhor presidente, eu penso que essa sessão de hoje
tem um caráter histórico. Ela tem um caráter histórico para saber
se nós vamos caminhar para as trevas, ou se nós vamos caminhar
para uma sociedade que tenha a clareza solar de assegurar o direito
de todas e todos [...]. Nós estamos aqui discutindo se vamos rasgar a
constituição, que assegura que todas e todos têm direito à família, ou
se nós vamos dizer que apenas alguns seres humanos têm direito à
família. Se nós vamos negar a família enquanto instrumento fundamental
para a construção da nossa própria concepção de vida, ou para nossa
própria humanidade. Alguém aqui acredita que a família é algo que não tem
importância? Porque quando se restringe o direito à família a apenas parte da
população brasileira nós estamos dizendo de forma muito nítida e clara que
a família não é importante para o ser humano, que a família não é importante
para a sociedade, porque se a família tem a importância que eu acho que
ela tem, a família é fundamental para a construção do ser humano [...], nós
temos que assegurar o direito à família para todas e todos. [...] Em programa
televisivo, o relator chegou a dizer que já se identificaram mais 100, 195 arranjos
familiares, ele desconsidera 193, ele desconsidera a maioria desses arranjos
familiares, porque ele diz que família não precisa ter afeto, que família não
precisa ser um universo de felicidade [...] Famílias, ora, famílias, elas mudam,
de acordo com as relações econômicas, sociais e culturais, a família de hoje não
é a mesma família de 30, 40 anos atrás...

Presidente: Para encerrar.

Participante 1: e eu não posso, para encerrar, senhor presidente, reduzir e engessar
a concepção de família e, fundamentalmente, eu não posso esterilizar a
família das relações de afeto e de amor. [...]

Participante 2: Presidente, eu gostaria de contraditar.

Presidente: Obrigado, nobre deputada. Eu vou
conceder a palavra, para contraditar, ao deputado
Carimbão [Participante 2] que, impossibilitado inclusive
de saúde, teve todo esforço e o empenho
para estar aqui hoje, mesmo não sendo membro
dessa comissão, vossa excelência engrandece essa
comissão, passo a palavra para vossa excelência
para contraditar. Três minutos, por favor.

Participante 2: Muito obrigado, deputado. Estou
com dois dias de licença [...], mas fiz questão de vir
aqui registrar minha posição. [...] Temos uma relação respeitosa com os companheiros
e com a companheira Érika Kokay, mas tem que entender que isso é um
parlamento, 513 deputados foram eleitos [...] para representar a população brasileira.
Existem maiorias, existem minorias, todos devem ser respeitados, mas
também devem ser respeitadas as decisões do coletivo. Aqui tem capitalista, socialista,
liberal, neoliberal, que defendem família como conceito com homem e
mulher, pessoas que defendem como duas mulheres e dois homens [...]. Porém
aqui [...] a comissão foi assim que decidiu [...] aqui os senhores deputados decidiram
que a família é homem e mulher [...]. Eu estou aqui em nome de uma parcela
da sociedade. [...] É hipocrisia dizer “eu estou aqui em nome do povo brasileiro”.
Não. [...] Nós representamos parcelas da sociedade. E a maior parcela da sociedade
que mandou para o Congresso Nacional diz que o Estatuto da Família deve
ser homem e mulher, ou seja, nós temos legitimidade em nome da sociedade
brasileira. Respeitando, não é confronto, não é questão de querer humilhar, não.
É uma questão obviamente de convicções, de consciência e de compromisso com
as bases. Eu estou aqui em nome disso [...]. Eu estou aqui para dizer abertamente.
Eu fui candidato, registrei, “eu sou a favor da família homem e mulher”, eu não
tenho o direito de fazer isso? E o povo me elegeu deputado por oito mandatos
que eu tenho. [...] Era só isso, senhor presidente.

Presidente: Muito obrigado, nobre deputado. Nós ouvimos um a favor, contrário.
[...] Nós temos requerimento sobre a mesa, assina o deputado Bacelar [Participante
3], a quem eu passo a palavra para defender seu requerimento.

Participante 3: [...] Quem foi que deu ao Estado o poder de decidir o que
é um casamento? Esse não é um poder, esse conceito não é um poder do
Estado. [...] Na sociedade nós temos inúmeras, inúmeros arranjos de união
que são o conceito de família, que levam ao conceito de família. A família,
mesmo que majoritária, ela não é a família nuclear tradicional. O que será
de milhares e milhares de crianças brasileiras, de adolescentes brasileiros
que não terão seus direitos assegurados? Eu fico a me perguntar que defesa
é essa do fortalecimento da família, que princípio cristão é esse que preside
essas iniciativas que são iniciativas altamente discriminatórias, que
são iniciativas altamente violentas, o senhor, o senhor relator diz no seu
relatório que o afeto, o afeto não pode ser considerado como elemento construtivo
de uma relação que possa ser considerada como casamento, como
constituição de família. O afeto está na base da felicidade humana, senhor
relator, o afeto é elemento fundamental na construção de uma sociedade e
há jurisprudência considerando o afeto como elemento constitutivo da família,
na própria decisão do STF [Supremo Tribunal Federal], há sim, senhor
presidente, há sim, decisões que mostram a importância de considerar as
uniões afetivas. Como então considerar só um tipo de família? Por que cabe
ao Estado dizer que tal relação afetiva deve ser considerada e que outra
relação afetiva não deve ser considerada? [...] O relatório é uma violência
contra a dignidade humana, é uma violência contra os direitos humanos, é
altamente inconstitucional, porque discrimina, porque não promove a dignidade
humana e a igualdade entre as pessoas.
[...]

Presidente: Muito obrigado, deputado. [...] Os
deputados que são a favor do requerimento
permaneçam como estão, os que são contrários,
por favor, se manifestem. [...] Em votação,
o projeto [...]. Para falar a favor, o deputado
Evandro Gussi [Participante 4].

Participante 4: Senhor presidente, como já
disse em outras oportunidades, aqueles que
participaram efetivamente dessa comissão
puderam comprovar no seu dia a dia [...] o
grande trabalho dessa comissão [...] Ao lado
disso, senhor presidente, há uma confusão
aqui, uma confusão filosófica, entre afeto e
amor. Esses são temas da filosofia. Eu citaria uma existencialista do século XX,
não estou voltando à Idade Média. Hanna Arendt tem uma obra sobre o amor,
é a sua tese de doutorado, na Alemanha, diga-se de passagem. E deixa ali muito
clara a distinção entre o afeto e o amor. Afeto, como o próprio nome diz, vem
de afetação, ou seja, como os meios externos, eles nos atingem. Amor, por outro
lado, é decisão deliberativa de vontade iluminada pela razão. E que pode inclusive
sujeitar, sujeitar, a nossa sensibilidade os nossos sentidos. Por isso, a família
é constituída no amor, a família não é constituída no afeto que, de certa maneira
inadvertida, foram comparados aqui nessa comissão, mas que são de fato
incomparáveis. Portanto, senhor presidente, para concluir, nós temos aqui um
dado natural que é a família, que é base da sociedade e que precisa, e que precisa
ser garantida. Nós queremos que todas as pessoas que sejam homossexuais tenham
os seus direitos garantidos, e contem comigo aqueles que tiverem direitos
usurpados. Mas a constituição diz que a família merece uma especial proteção,
merece especial proteção porque é base da sociedade, é base da sociedade porque
é condição sine qua non para a criação e formação dos membros da sociedade,
ou seja, das pessoas humanas. Isso está amplamente consolidado no relatório
[...] Meus parabéns! Sim à família, amanhã, hoje e sempre

Presidente: Obrigado, deputado Gussi, vossa excelência também enaltece
muito essa comissão com sua participação constante aqui conosco. [...] Aqueles
que concordam com o parecer do relatório permaneçam como estão, os
contrários, por favor, se manifestem. [...]. Proclamo o resultado, o relatório é
aprovado [...].
(Reunião deliberativa ordinária do Estatuto da Família de 24/9/2015.
Disponível em: www.youtube.com.br. Acesso em: 4/1/2016.)





1º Chama-se debate a uma discussão em torno da qual os participantes argumentam a favor de seus pontos de vista, a fim de convencer seus interlocutores. Identifique elementos que comprovam que na reunião transcrita houve um debate.

(A) Os participantes 1, 2, 3 e 4 defendem pontos de vista diferentes e tentam convencer os interlocutores de que a visão que apresentam é a mais sensata.

(B) Os participantes 1, 2, 3 e 4 defendem pontos de vista semelhantes e tentam convencer os interlocutores de que a visão que apresentam é a mais sensata.



2º Em um debate, chama-se moderador a quem coordena as inscrições de cada participante, controla o tempo e determina a vez de falar de cada um. No debate transcrito, quem fazia o papel de moderador?


(A) O chamado participante 3, que era quem presidia a comissão que estava votando o projeto de lei.


(B) O chamado presidente, que era quem presidia a comissão que estava votando o projeto de lei.


3º Chama-se deliBera•‹o à decisão tomada com base em reflexão e discussão do problema a ser resolvido. Identifique elementos que comprovam que na reunião transcrita houve uma deliberação.

(A) Nas duas últimas falas do presidente, ele fez três votações, pedindo aos presentes que se manifestassem contrária ou favoravelmente ao tópico discutido anteriormente. O resultado dessas votações daria origem às deliberações.

(B) Nas duas últimas falas do presidente, ele fez duas votações, pedindo aos presentes que se manifestassem contrária ou favoravelmente ao tópico discutido anteriormente. O resultado dessas votações daria origem às deliberações.


4º Observe os pronomes de tratamento utilizados ao longo do debate. Quais são eles?

(A)   Vossa Excelência, senhor(a)

(B)   Vossa digníssima, senhor(a)























Nada do que foi será
De novo do jeito que já foi um dia
Tudo passa
Tudo sempre passará
A vida vem em ondas
Como um mar
Num indo e vindo infinito
Tudo que se vê não é
Igual ao que a gente
Viu há um segundo
Tudo muda o tempo todo
No mundo [...]
Fonte: SANTOS, Lulu; MOTTA, Nelson. Como uma onda. In: Álbum MTV
ao vivo. Rio de Janeiro: Sony-BMG, 2004.

1.     13 (Vestibular PAES Abc2011mai C/adaptações) “Como uma onda” de Lulu Santos, infere-se que uma característica dessa realidade representada é o(a)
a) fluxo.    b) estática.   c) infinitude  d) desordem    e) multiplicidade.

Desmundo, linguagem, Consciência. Uma crítica

     De novo a questão da construção do ser - do “eu”. E a bola da vez é a linguagem - também dilema antigo entre os homens. O filme da hora é “Desmundo” de Alan Fresnot, 2003.
     “Desmundo” é um daqueles enredos bem simples e que hipnotizam do adolescente mais hiperativo ao adulto crítico. A obra retrata a condição da mulher; do índio; do poder e declínio do Reino e da igreja. Contudo esse texto aqui se limitará ao “eu” e a língua.
     Ao deslocar uma pessoa no tempo e no espaço, muito daquilo que ela acredita como verdade se desfaz. Acontece até mesmo com a língua (sem as legendas, o filme não é compreensível). Então!? O que se fala não é legítimo? – É o dilema. O debate é antigo e já opinaram personalidades como Aristóteles.
     A bem da verdade é que a construção “dum ser” dentro “dum corpo” passa também pelo implante de uma língua. É através desta que a comunidade vai ser controlada com as narrativas míticas; o que pode e não pode ser pronunciado. “Desmundo” é só a prova de que como qualquer construção humana, a linguagem se desfaz e muda radicalmente no tempo e no especo.
Disponível em <http://isaacsabino.blogspot.com.br/2014/10/desmundo-linguagem-consciencia-uma.html> acesso em 21 junho 2015

2 (Modelo_Vestibular) Marque a alternativa INCORRETA:
a) Em Desmundo é perceptível variação linguística histórica.
b) A obra retrata da condição da mulher e índio do Brasil de 1570.
c) A língua não varia nem em tempo, nem em espaço.
d) Construir um ser consciente é implantar-lhe uma língua, também.
e) NDA

3.     Infere-se da análise Desmundo um dilema sobre
A)   O Eu      B) a língua só      C) o índio      D) a mulher      E) NDA

4.     No enredo, NÃO é personagem que exista por vontade do homem
A)   O cavalo    B) a mulher     C) o índio     D) Batman        E) NDA   

Liga da Justiça: Crise em duas terras e a metafísica. Uma crítica

     Liga da Justiça é sempre uma boa indicativa. Dessas pequenas animações se extrai praticamente todos os tipos de ideias. O melhor de tudo é que os enredos destas estorinhas são para adolescentes, mas com temática de gente grande.
     Liga da Justiça: crise em duas terras foi lançado nos Estados Unidos em 2010. Na aventura, um heroico Lex Lutor vindo de um universo alternativo pede ajuda a Liga da Justiça para combater o Sindicato do Crime em sua realidade.
     É história pra gente grande porque ali se acha o velho dilema humano da busca pelo “princípio e causa do ser íntimo de todas as coisas”. Isso é a investigação do “eu” verdadeiro.
      No caso da animação, a terra não é a origem de tudo – é só um reflexo de outra realidade. Há várias terras e cada uma diferente da outra. O Clímax do enredo se dá quando o Batman vilão de um dos mundos resolve procurar pela “terra mãe” e destruí-la. A proposta é encerrar toda a complexidade existencial.
     Tentar explicar a existência com dados que a justifique, deixando poucas brechas para refutação e com teorias que possam ser investigadas começa com Platão e Aristóteles; passa por David Hume, Kant, Hussel e é debate até os dias atuais. Esse tipo de teoria não é religião – é Metafísica.
Disponível em <blogspotissacsabino> acesso 10 abril 2016

5.      (Vestibular PAES2011C/adaptações)_Marque a INCORRETA.
A.    Crise em duas terras pode ser analisada dentro da Metafísica.
B.    História pra gente grande é por que “busca o princípio de tudo ;
C.    É só uma animação. O princípio nunca foi questionado.
D.    Na animação, a origem é uma espécie de terra mãe das paralelas;
E.    NDA

6.     Infere-se da análise Liga da Justiça um dilema sobre
B)   O Eu    B) mundos paralelos   C) o índio   D) a religião   E) NDA

7.     Infere-se do texto que a essência de tudo é
B)   O Homem   B) o Lutor   C) a Terra mãe    D) o Batman    E) NDA        

TEXTO I
Experimentei algumas vezes que os sentidos eram enganosos, e é de prudência nunca se fiar inteiramente em quem já nos enganou uma vez.
 DESCARTES, R. Meditações Metafísicas.São Paulo: Abril Cultural, 1979.

TEXTO II
Sempre que alimentarmos alguma suspeita de que uma ideia esteja sendo empregada sem nenhum significado, precisaremos apenas indagar: de que impressão deriva esta suposta ideia? E se for impossível atribuir-lhe qualquer impressão sensorial, isso servirá para confirmar nossa suspeita.
HUME, D. Uma investigação sobre o entendimento. São Paulo:Unesp, 2004

9.44 (ENEM 2012) Nos textos, ambos os autores se posicionam sobre a natureza do conhecimento humano. A comparação dos excertos permite assumir que Descartes e Hume
a) defendem os sentidos como critério originário do conhecimento.
b) entendem que é desnecessário suspeitar de uma ideia.
c) são representantes do criticismo quanto à gênese do conhecimento.
d) concordam que conhecimento é impossível aos sentidos.
e) atribuem diferentes lugares aos sentidos na obtEnção do conhecimento.

10.1 (ENEM A2012) Esclarecimento é a saída do homem de sua menoridade, da qual ele próprio é culpado. A menoridade é a incapacidade de fazer uso de seu entendimento sem a direção de outro indivíduo. O homem é o próprio culpado dessa menoridade se a causa dela não se encontra na falta de entendimento, mas na falta de decisão e coragem de servir-se de si mesmo sem a direção de outrem. Tem coragem de fazer uso de teu próprio entendimento, tal é o lema do esclarecimento. A preguiça e a covardia são as causas pelas quais uma tão grande parte dos homens, depois que a natureza de há muito os libertou de uma condição estranha, continuem, no entanto, de bom grado menores durante toda a vida.
KANT, I. Resposta à pergunta: o que é esclarecimento?Petrópolis: Vozes, 1985 (adaptado).

Kant destaca no texto o conceito de Esclarecimento, fundamental para a compreensão do contexto filosófico da Modernidade. Esclarecimento, no sentido empregado por Kant, representa
a) a reivindicação de autonomia da capacidade racional [...].
b) o exercício da racionalidade como pressuposto menor diante das verdades.
c) a imposição de verdades matemáticas, com caráter objetivo, [...]
d) a compreensão de verdades religiosas que libertam o homem [...]

e) a emancipação da subjetividade humana de ideologias racionais 

O QUE EU SEI!

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