terça-feira, 25 de abril de 2023

Análise crítica do Projeto Político Pedagógico da Unidade Escolar Santa Teresinha - Madeiro Piauí com vista a implantação de uma Educação Campesina

Introdução

     O presente trabalho é uma análise feita acerca do Projeto Político Pedagógico da Unidade Escolar Santa Teresinha.
     Situada no centro de Madeiro, cidade à margem do Rio Parnaíba, meio norte Piauiense, com uma população, que em sua maioria, vive unicamente da Pesca, do cultivo do arroz e da pecuária. A escola é a única que atende, com nível médio, os jovens da cidade e os que vêm do interior. O Projeto Político Pedagógico da escola foi revisado por toda a equipe de funcionários, pelo Conselho Escolar e líderes de sala no ano de 2009, quando a escola matriculou 260 alunos e ao término do ano apresentou os seguintes números: 08 reprovados, 37 evadidos; em termos percentuais: 3% retidos e 14% evadidos dos 260. O trabalho visa apontar e orientar soluções às controversas existentes entre as dinâmicas aplicadas pela escola e a comunidade, que em sua maioria é campesina. Controversas essas que tem dentre o principal causador da evasão, a dificuldade financeira dos alunos que sem esperanças saem da escola para trabalharem na lavoura de cana no sul do País, ou seja, saem do campo para o campo. A pergunta que orientará o relatório é – Por que uma escola em meio a uma população campesina não consegue se desprender de práticas urbanas perdendo, assim, seus alunos para o trabalho campesino em outras regiões?

Objetivos
        
         Apresentar uma proposta de Educação do Campo ao Projeto Político Pedagógico da Unidade Escolar Santa Teresinha e com isso diminuir o número de evasão tendo em vista que o maior causador das desistências é justamente a saída dos alunos para trabalharem no campo em outras regiões do País.

Desenvolvimento

“A população atendida pela escola em sua maioria vive em condições sociais nefastas. Vive da lavoura, da pesca, de aposentadorias e pouca preserva suas tradições culturais. Também existem pequenos comerciantes.” (PPP Santa Teresinha – página 05)

     O trecho retirado do Projeto Político Pedagógico da Unidade Escolar Santa Teresinha aponta a necessidade de se construir um PPP que preserve a cultura campesina com uma proposta de Educação do Campo a esses clientes que vivem do campo. O que acontece na entidade é o que se pode chamar de “efeito ilha”: os alunos saem do convívio de suas famílias, mas com a mente voltada as preocupações de casa; ao chegarem à escola têm uma sensação de está em outra realidade. Tudo isso vai provocar conflitos constantes dentro da escola resultando em preconceito, Evasão, reprovação. A pergunta que intriga a comunidade escolar e os gestores da referida escola é justamente saber o que acontece com uma escola tão bem amparada por números, como é o caso da Unidade Escolar Santa Teresinha, que possui Simulado, resumos do movimento anual, com um PPP bem atualizado conforme o que demanda a LDB, participação ativa da família, professores assíduos, e mesmo assim continua amargando números negativos no tocante a reprovação e evasão.
     A Unidade Escolar Santa Teresinha, Antiga Unidade Escolar de Ensino Médio de Madeiro possui uma área de 10.000 m², onde se divide da seguinte forma: 01 diretoria; 01 sala da coordenação; 01 sala de professores; 02 banheiros administrativos e docentes (masculino e feminino); 02 banheiros para uso dos alunos (masculino e feminino) adequados a portadores de deficiência; 01 deposito de merenda escolar; 01 deposito para materiais diversos (Almoxarifado); 01 pátio com uma área 100 m²; 06 salas de aulas; 01 laboratório de informática; 01 Biblioteca; 01 Cozinha; 01 banheiro para o pessoal de apoio.” (PPP da Unidade Escolar Santa Teresinha – página 03)
     É de se notar que em termos de estrutura a escola está bem atualizada; os problemas vão existir na parte pedagógica quando diversos problemas deixam a escola com moldes da tendência pedagógica tradicional, basta ver os currículos que são estruturados de forma independentes, às vezes uma matéria passará o ano letivo inteiro sem formar interdisciplinaridade com outras, mesmos as afins, como Matemática, Química e Física não formarão parcerias entre si; outro problema, ainda na formação dos currículos, é a descontextualização; muitos alunos se queixam que não conseguem assimilar o que estudam com a realidade que vivenciam no dia-a-dia, o resultado é reprovação na certa.
     Mesmo em disciplinas de fácil contextualização como Ciências, Geografia ainda há muita dificuldade de assimilação de conteúdos por parte dos alunos e é justamente nestas duas disciplinas que a escola tem o seu projeto mais interessante, a Semana do Meio Ambiente. Durante uma semana, a escola consegue sair de seus muros e promover pesquisas que vão desde estudo às margens do Rio Parnaíba, com pesquisas que envolvem o uso de agrotóxicos em lavouras próximas ao rio, a estudo envolvendo o lixão da cidade, a estação de tratamento de água da cidade; a finalização da semana se dá com o mutirão de limpeza da escola. Segundo a gestão da escola, as disciplinas Geografia e Ciências só não estão na tabela das disciplinas críticas por conta do momento reflexivo ao meio ambiente. A Gestão coloca ainda que depois da implantação do chamado PLANO DE EVENTOS ANUAL, onde consta o projeto citado acima, a evasão diminuiu tendo em vista que em 2007 evadiram 90 alunos.    
     Quando a escola aplica tal política, ela adere à proposta de educação do campo e os resultados passam a ser positivos, mas em todo o Projeto só foi encontrado “A Semana do Meio Ambiente” que se adequava a uma Política de Educação do Campo, e logo terminado a semana, notou-se que as disciplinas se tornam independentes, e muito difícil até, os professores terão contatos um com o outro de novo.
     “A Ilha” formada pela escola se dá, principalmente, na área das exatas, é claro que o único momento, encontrado no PPP, que provocará contextualização e interdisciplinaridade é o da “Semana do Meio Ambiente”. Fora esse o que se encontrou foi descontextualização e professores sem o mínimo de contato um com o outro, a grade curricular e os horários propiciam essa falta de contato disciplinar.
    É fácil perceber a necessidade da implantação de um projeto pedagógico que propicie, principalmente, a contextualização dos alunos com os assuntos. Essa contextualização pode ser conseguida com mais aulas de campo e com a implantação de uma horta dentro da escola, tendo em vista que há espaço suficiente, segundo dados do PPP.
     No combate as características de “Ilha”, uma das formas é a seleção de conteúdos adotando a política de Temas Geradores, proposta por Paulo Freire; onde seriam selecionados temas iguais para serem trabalhados mensalmente ou semanalmente nas disciplinas de Matemática, Física e Química, levando em conta o campo, as pesquisas em comércio local, ou seja, a saída do ambiente escolar.
     Fora a evasão, a reprovação; outro problema grave na escola é a prática de bullying, fruto de uma escola que não dá ao aluno perspectivas de continuar com sua família e o estimula a viajar para ajudar no sustento de sua casa. A escola ideal teria que ter ambientes ideais, propiciar esperanças na cabeça do aluno através da confirmação do aprendizado. Segundo o PPP, a busca desta escola ideal é efetivada por todos num projeto que é feito por todos, mas algo ainda não se deu como assertiva ao Projeto. Abaixo as dinâmicas encontradas no PPP da escola:
     “A instituição trabalha com parcerias com a Prefeitura Municipal e possui vários projetos estruturados em um PLANO DE AVENTOS ANUAL contendo: Comemoração de todas as datas festivas nacionais e municipais, campanha de fardamento discente, aula inaugural com conscientização de toda a comunidade escolar, Quadrilha furacão, Culto de Deus no dia do estudante, Comemoração da Semana da Pátria, Participação nos festejos de Santa Teresinha, Organização própria nas diversas Olimpíadas externas, Simulados e participação ativa dos pais e da comunidade na escola. A escola passou a contar ainda com a caderneta do aluno, implantada desde 2008, mas readaptada em alguns itens pela Gestão escolar, recebendo ela notificação negativa por ato infracionário cometido pelos discentes e sendo ainda um mecanismo fiscalizado diariamente pela coordenação pedagógica da escola, que sentido ausência do aluno em 03 (três) dias consecutivos dirige-se a casa do mesmo e promove conversas formais na tentativa do resgate deste ao ambiente escolar. A gestão aprovou ainda que o aluno poderia ser aprovado mediante o mínimo de FALTAS existentes na caderneta, outros itens ainda ajudariam o aluno como a conservação da caderneta, o mínimo de notificações negativas, criou-se e aprovou o CARTÃO BÔNUS, um cartão contendo pontos que o aluno ganharia a partir de qualquer feito bom a escola, podendo ele usar nos momentos de deficiência de notas. Aboliu-se a SEMANA DE AVALIAÇÃO e adotou-se o MOMENTO AVALIATIVO que seria a aplicação dos testes de todas as disciplinas em UMA SEMANA, mas agora a partir do 4º horário, ou seja, o aluno assistiria os três primeiros momentos de aula e receberia um CARTUCHO de testes logo em seguida, cartucho digitado e impresso pela secretaria da escola. A Gestão intensificou também a vinda da família a escola, com visitas individuais, valendo NOTIFICAÇÃO POSITIVA ao aluno, e momentos coletivos para assinatura do boletim. Outras medidas no tocante ao docente foram às aulas diferenciadas, começando a partir do PLANO DE AULA, que no ano corrente seria digitado e entregue aos alunos de Ensino Médio e divulgado aos pais de alunos do Ensino Fundamental. Ainda aos docentes a atual coordenação passou a mobilizar campanhas freqüentes para a existência e cumprimento do HPI (horário pedagógico individual) e o HPC (horário pedagógico coletivo). Duas vezes ao ano a Gestão promove UMA SEMANA PEDAGÓGICA COMPLETA, com o máximo de sensibilização da comunidade escolar as causas educativas”.(PPP da U.E.Santa Teresinha – página 08)  
     Em visita a escola, verificou-se que todo o proposto no Projeto Político da escola possui veracidades, mesma assim a Gestão, alega que muitos problemas continuam e o principal deles – a evasão – ainda é fantasma forte para 2010. A Gestão, através da Coordenação pedagógica, comentou que com políticas voltadas ao campo, como cultivo de hortas no terreno da escola; aplicação de metodologias de Paulo Freire; contextualização com saídas da entidade pelo menos uma vez por semana para aulas de campo e acima de tudo interdisciplinaridade resultaria em números positivos, diminuição do bullying, diminuição da evasão e da reprovação, mas toda essa proposta demanda carga horária maior, ambientes próprios e recursos financeiros e a escola brasileira ainda não estaria preparada com tudo isso.


Resultados


Conforme relatório e pesquisas detectaram-se:

Pontos Negativos
Evasão elevada;
Reprovação elevada;
Práticas de bullying constantes;
Professores que não conseguem comunicação uns com os outros (Ausência de interdisciplinaridade;
Ausência de contextualização dos conteúdos;

Pontos Positivos
Assiduidades dos professores ( A escola possui premiação para os que não faltam)
Frequência acompanhada dos alunos através da CADERNETA DO ALUNO;
Momentos avaliativos bimestrais e Simulados
Planos de eventos;
Merenda de qualidade;
Escola limpa;
Controle dos alunos nos corredores através do CARTÃO DE SAÍDA;
Família assídua na escola em diversos momentos e para assinatura do boletim;


 

Conclusão


         Durante todo o trabalho de pesquisa o que se observou foram mais pontos positivos do que negativos nas políticas adotadas pela escola, mesmo assim, a escola não consegue resolver problemas que já duram há anos como a Evasão e a reprovação, notou-se que o principal causador de tal problema foi à ausência de uma política que adéqüe à escola a realidade do aluno que é oriundo de famílias de pescadores, agricultores e pequenos comerciantes. A dificuldade se dá por problemas financeiros que atinge tanto a gestão quanto os professores que têm que trabalhar em várias escolas para manter o padrão mínimo de vida. A conseqüência é a resposta a pergunta feita na introdução deste trabalho: “O aluno evade e reprova por conta de uma escola descontextualizada e que numa célula de município não pode combater problemas que são de ótica federal, caso da imigração, dos baixos salários dos professores e da própria situação financeira da escola – Nisso a ESCOLA DO CAMPO tem que ser vista como uma reinvidicação nacional”.

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