quinta-feira, 16 de novembro de 2023

Robson Crusoé, a religião, a filosofia: uma análise crítica do livro e do filme

     A adaptação de Robson Crusoé com Pierce Brosnan é uma ótima indicação filosófica para se discutir a Religião como verdade - tendo em vista que desde os primórdios o homem tem a sua religião como verdade suprema e a do outro como falsidade. Muitas vezes não se abre nem um espaço para se ouvir ou outro.  
         Tanto no livro quanto no filme, Robson Crusoé (Pierce Brosnan) se perde numa ilha e passa muitos dias isolado, sem nenhuma comunicação humana. De amizade, o herói só conta com um cão. Depois de muito vagar pela ilha, Robson descobre que tribos canibais fazem rituais ali. As cenas dos sacrifícios são espantosas a ele, e ao interferir Crusoé mata um nativo. Começa, então, uma amizade entre Robson e um dos homens que seria sacrificado. O herói o chamará de sexta-feira. 
       O embate filosófico começa quando Robson Crusoé tenta impor a sua verdade religiosa a Sexta-Feira. No primeiro momento, os dois personagens se aborrecem um com o outro, mas como estão sós na ilha retornam a amizade. Robson é obrigado a conhecer a religião de Sexta-Feira, que tem como deus a figura de um jacaré. E Sexta-Feira a conhecer a de Robson - o cristianismo. 
       Quando Robson descobre a bondade e a espiritualidade em Sexta-Feira, a sua verdade é posta em dúvida. Neste sentido percebe-se que a busca por um Ser Supremo surge em todos os povos. Pode até ser uma verdade, pois como dizia Descarte “ a verdade é algo que está em todos os tempos e em todos os lugares”. Mas, também é fato que diante do diferente (negro, feio), o homem tende a firmar a sua religião, ou para se proteger do desconhecido, ou para eliminá-lo. O diferente provoca medo, desperta a religião, que ofusca a verdade. 
       A questão é que as próprias religiões se acusam como não verdade quando perdem a lógica. Basta ver a desvalorização do homem pelo seu semelhante e claro, as justificativas para sua práticas que se assemelham a do outro. Robson mata os nativos, mas enterra somente o cachorro. Come carne, outros seres vivos, mas chama Sexta-Feira de pagão quando tentado comer outro homem. Ambos, tanto Robson quanto Sexta-Feira criam justificavas para suas verdades. 
         Nesse sentido, o livro, o filme, a arte e a filosofia servem para que haja uma reflexão acerca das justificativas que os homens criam para escravizar, comer. Quando o homem se dispõe ao desafio de conhecer o diferente ele percebe que sua verdade não é tão verdade quanto ele imaginava. Nesse caso, o senso crítico, a dúvida prevalecem, o que é bom porque os homens que terminam sabendo como surgem as guerras e opta pela amizade e o amor - únicas verdades existentes em todos os tempos e lugares.  




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