Dois vícios sempre moveram a humanidade:
escravizar ou ser escravizado. Os dois envolvem a questão do poder. E se o
poder é tão importante para os homens, não há quem não queira conceituá-lo.
Nessa empreitada se destacam Aristóteles, Tomas Hobbes, Rousseau, Max Weber e
Norberto Bobbio. Esses pensadores classificaram e justificaram os poderes de
sua época. O Brasil já experimentou ou conciliou o pensamento de todos, foi de
Monarquia a República, mesmo assim não tem acertado num tipo de poder que não
provoque tantos desequilíbrios.
O
poder é uma força, física ou psicológica, que algo ou alguém exerce sobre o
outro. A natureza é regulada pelas relações dessas forças e essa relação é
facilmente percebida na fauna e na flora. Com o homem não poderia ser diferente
– desde que se tem notícia, há uma relação clara de poder entre os homens, e do
homem com a natureza. Contudo, todo poder encontrado na natureza é um conflito
que pende para um equilíbrio.
As mais antigas concepções de Poder datam
de Aristóteles, mas só as modernas, iniciada com Weber e melhor classificada
por Bobbio é que fazem menção ao Poder Econômico; ao Poder Ideológico; ao Poder
Político. Os detentores destes tipos de poderes têm ditado as regras que a
maioria deve seguir.
Exemplo de Poder Econômico é o caso das
poucas famílias que detêm o poder midiático no Brasil. Eles elegem pessoas e
ditam os rumos de algumas leis – às vezes, leis descontextualizadas da vontade
da população; No Poder Ideológico pode ser citado os partidos políticos; no
terceiro caso, o do Poder Político, dá para se citar o próprio Estado que tem
do seu lado as forças policiais, o exército.
Hobbes e Rousseau concordam quanto a
necessidade de um poder para regular os homens e dar-lhes uma certa “paz”. Esse
poder seria o Estado. Os dois pensadores discordam quanto ao estado de
natureza. Para Tomas Hobbes, o homem em estado de natureza vive em constante
estado de guerra; o pensamento do filósofo é rebatido por Rousseau que irá
argumentar que mesmo estando sob proteção do Estado, as pessoas tendem a fechar
suas portas, uma demonstração clara de estado de guerra.
Teoricamente o Brasil já esteve em estado
de natureza, ou seja, em estado de anarquia (guerra), basta citar a época dos índios.
Não havia Estado. A questão é que segundo a história, a vida dos indígenas piora
drasticamente quando os portugueses chegam e implantam as suas regras. Nesse
caso, pontos para Rousseau – as ocas agora precisariam de portas e chaves. Mais
tarde veio a Monarquia e logo em seguida a República.
Pode-se dizer que entre Monarquia e República,
o segundo é menos pior: o chefe de estado é eleito pelo povo ou por seus
representantes; a duração do governo é limitada; o voto é livre e secreto;
Mesmo assim, sob a República, os embates e desequilíbrios têm sido constantes
em todo o mundo. Parece até que a natureza continua a agir criando conflitos
até que se chegue ao tão sonhado equilíbrio. A Monarquia no Brasil teve lá seu auge,
mas não conseguiu se depreender de suas características. A pior delas – a hereditariedade:
D. Pedro II foi obrigado a assumir o posto de rei com apenas 14 anos
incompletos.
Na verdade, o problema desde o começo está
no homem. O homem sempre buscou o menor esforço, prega o trabalho afim de que
outros o façam para ele – quando não por uma ilusão de uma felicidade no
trabalho, pela escravidão direta como ocorreu em vários momentos da história.
Monarquia, República ou qualquer outra forma de poder só aflora o animal que
veio da natureza – o homem que come outros homens, se não a carne, a energia
através de uma servidão. De qualquer forma, há a necessidade de aperfeiçoar um
ou outro sistema de forma que se privilegie um poder horizontal e o lazer acima
do trabalho.
REFERÊNCIAS
Coelho,
Ricardo Corrêa Ciência política / Ricardo Corrêa Coelho. – 2. ed. reimp.Florianópolis
: Departamento de Ciências da Administração / UFSC, 2012.159p. : il.
Silva,
José Maria da. Apresentação de
trabalhos acadêmicos: normas e técnicas/José Maria da Silva , Emerson Sena da Silveira. 5. Ed. – Petrópolis, RJ : Vozes, 2009
TREVISAN, Andrei Pittol; BELLEN, Hans Michael van. Revista
de Administração Pública. Rio de Janeiro 42 (3): 529-50, maio/jun. 2008.
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