Há um
trabalho interessante feito por Ronaldo Mota Sardenberg e publicado na
internet. No artigo, o escritor aponta um Brasil desejado no longo prazo – para
2020, contudo, bem antes, o autor mostra aquilo que ele chama de cenários
exploratórios. Para os cenários, as hipóteses são levantadas com base no espaço
econômico, social, político-institucional, ambiental, cultural e tecnológico. O
resultado são três cenários que se seguidos, tem-se previamente um Brasil em
números diversos. O Brasil desejado é mostrado a partir de entrevistas feitas com
vários setores da sociedade.
Acerca
dos cenários, percebe-se um mais liberal, voltado ao acúmulo de capital
individual e outro mais social - voltado ao bem estar coletivo. O primeiro
produz mais renda per capita, maior crescimento, mais liberdade comercial; o
segundo é o oposto nesses quesitos, mas em termos sociais é bem melhor. Há
ainda o terceiro cenário que é um mais fechado: opção menos viável dos três e
mesmo assim, muito usado em alguns países.
Mota batiza o primeiro cenário de Abatiapé (espécie de arroz selvagem da
Amazônia). Não é à toa. Aqui, é incentivado o livre comércio. O objetivo é o
crescimento econômico. Para se ter uma ideia, se o cenário existir, o PIB fica
1,5 vezes o da Alemanha e a renda per capita de US$ 17.000. O problema é a
pobreza e o desemprego – 7% e 6,5% respectivamente; o outro cenário. O mais
social: é o Baboré. Nesse, o crescimento
é menor. O PIB diminui muito; a Renda per capita fica de US$ 11.800; a pobreza
e desemprego caem: 4% e 5% respectivamente. O último cenário é o Caaeté (região legítima da Amazônia).
Esse cenário é marcado pelo protecionismo ao extremo. Segundo o autor, PIB,
renda per capita, pobreza e desemprego serão todos desagradáveis à sociedade.
Nenhum dos três cenários é o desejado. São
só os que podem ser e são, em muitos casos, explorados em todas as nações.
Munido de tal percepção, Ronaldo Mota
parte para várias entrevistas junto aos diversos setores sociais e chega àquilo
que ele chamará de cenário Diadorim. O
cenário desejado. A opinião é unânime: “um Brasil mais equitativo, com elevado
nível de qualidade de vida e justiça social” é o ponto comum que marca o desejo
de todos. Aspectos econômicos, pilares nos três cenários exploratórios, é posto em plano derradeiro pelos
entrevistados. O desejo primordial é o resgate da “dívida social”: - o
progresso das populações negras; as perspectivas de ocupação ordenada do
território nacional, com ênfase nas regiões menos desenvolvidas do País, são os
exemplos que se pode citar existentes nos desejos.
A conclusão do articulista é em defesa do
cenário desejado, desde que o país assuma seu papel diante da globalização, não
sendo um tanto protecionista. Entende-se nesse caso que a economia não deve ser
descartada. O que se deseja por todos só poderá ser alcançado se houver
planejamento do futuro. Vale ressaltar, subentende-se do autor, que os
cenários, até como fontes de pesquisa não podem ser colocados de lado, embora
eles não tenham em seu bojo uma coincidência com a vontade da grande maioria.
REFERÊNCIAS
Borges, Fernando Tadeu de Miranda Economia
brasileira / Fernando Tadeu de Miranda Borges, Pedro Caldas Chadarevia. –
Florianópolis : Departamento de Ciências da Administração / UFSC; [Brasília] :
CAPES : UAB, 2010.140p. : il.
Introdução à economia / Carlos Magno Mendes ...[et al.].
- 2. ed. – Florianópolis : Departamento de Ciências da Administração / UFSC;
[Brasília] : CAPES : UAB, 2012. 170p. : il.
Silva, José Maria da. Apresentação de trabalhos acadêmicos: normas
e técnicas/José Maria da Silva ,
Emerson Sena da Silveira. 5. Ed. – Petrópolis, RJ : Vozes, 2009
TREVISAN, Andrei Pittol; BELLEN, Hans Michael van. Revista
de Administração Pública. Rio
de Janeiro 42 (3): 529-50, maio/jun. 2008.