Max Weber dividiu os poderes legítimos em
três: tradicional, carismático e burocrático. São poderes em que o dominante
acredita ter algo especial para governar os dominados. Numa viagem na história
do Brasil é fácil perceber governos com as características propostas pelo
sociólogo. Do império instalado no país até o surgimento da república, pode se
dizer que prevalece o poder tradicional; da república aos dias atuais, o poder
burocrático; da forma que Weber caracteriza o poder carismático, conclui-se que
este não tenha existido por aqui, pelo menos quando o assunto é governar a
nação.
O poder tradicional é marcado por um forte
respeito aos usos e costumes perpetuados em um dado grupo social. Esse tipo de
governo é muito comum em monarquias, pois os súditos acreditam numa espécie de
santidade dos reis. O império brasileiro é o melhor exemplo desse tipo de poder
existente por aqui. A prova disso é que quando D. Pedro I retorna a Portugal e
o Brasil fica sem o seu regente, é esperado a maioridade de D. Pedro II para
assumir o trono. Enquanto isso eclodiram vários conflitos país a fora. Só o
jovem príncipe assumir, e o país voltou a normalidade por um bom período de
tempo.
Já o burocrático tem como marca principal
a desumanização do poder. Aqui é legitimado o que está prescrito no papel - a
lei. Há resquícios do Estado Burocrático ainda no período Monárquico
brasileiro, pois foi promulgada uma Constituição em 1824 que devia ser seguida.
Só vontade e os costumes já não valiam tanto. Contudo é com a instituição da república e
principalmente após a Constituição de 1988 que se terá um Estado firmado nos
pilares proposto por Max Weber para que se tenha o Poder Burocrático. Separação
da esfera pública da privada; regularidade nos assuntos oficiais; concursos
públicos; hierarquia estipulada na lei e outras características burocráticas
passarão a ser rotina no país.
Alguém pode pensar que num país dominado por
uma elite desde seu descobrimento, a ascensão de um pobre, operário só
aconteceria se tal indivíduo fosse carismático. Nesse caso estar-se-ia diante
do poder carismático. O caso já aconteceu no Brasil, mas não é verdade que se
tenha tido tal poder por aqui. Segundo Weber, um líder carismático é dotado de
uma extraordinária capacidade quase sobrenatural de fazer com que terceiros o
obedeçam, inclusive os convencendo a modificar as estruturas do Estado. É
sabido que, mesmo passado mais de duas décadas de democracia, no Brasil
qualquer um que queira se eleger tem que se vender ao empresariado local e
conseguir coligações com oligarquias no poder desde os primórdios da nação.
Resultado: muda-se para continuar como se está. O poder carismático ainda não
existiu em terras tupiniquins.
Dessa forma, o alemão Max Weber foi inédito
na divisão dos poderes legitimados em três, e mesmo depois de muitos anos da ideia
lançada, nada de novo apareceu. Governos ou são tradicionais, ou são
carismático, ou são burocráticos. No caso do Brasil, só dois poderes foram legitimados:
durante um bom tempo o império se firmou pela forma tradicional; a República
foi precursora do modelo burocrático, embora já houvesse vestígios de burocracia
na monarquia, mas o advento do poder regido pela lei é mesmo após a
Constituição de 1988. Não há e nem houve vestígios do poder carismático no
Brasil.
REFERÊNCIAS
Junquilho, Gelson Silva Teorias da administração pública /
Gelson Silva Junquilho. – Florianópolis :Departamento de Ciências da
Administração / UFSC; [Brasília] : CAPES : UAB, 2010.182p. : il.
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