sexta-feira, 22 de maio de 2015

Uma breve descrição do Planejamento no Setor Público e sua importância para sociedade civil e iniciativa privada

      Prática pouco existente no Brasil pré-Constituição de 88 – o ato de Planejar com a participação de todos ainda engatinha no setor público – da mais simples aula ao mais alto escalão do governo – planejar ainda é visto como perda de tempo.  Mesmo assim, após a promulgação da Carta Magna de 1988 - com insistência de alguns artigos - os administradores públicos passaram a utilizar instrumentos específicos de programação financeira que têm atraído à sociedade civil e setores privados dispostos a se organizarem baseados no governo.
     A educação é área por onde todos passam. Por isso, qualquer metáfora feita a partir desta instituição micro serve para algo macro. E a pergunta é: que professor, a cada bimestre, apresenta o Plano de Aula aos alunos? Praticamente nenhum.  A maioria acha o gesto “mera burocracia” e, como “pouquíssimas” direções cobram, praticamente ninguém se organiza burocraticamente. Para piorar, não há registro de docentes que tiram uma única aula para confeccionar as metas com os discentes. É o Brasil Nação aprendendo a partir da escola a arte do improviso.
     Mesmo assim, há vestígios de tentativas de organizar o Estado de forma planejada já no período imperial. Quando D. Pedro II assumiu o trono, o país já realizava concurso público para admissão de servidores; relatórios anuais publicados pelos ministérios; e edição de normas para aquisição e uso de materiais de transporte ferroviário, entre outras. O período republicano foi marcado pela publicação do Decreto n. 862, de 15 de outubro de 1890, que instituiu o Sistema de Viação em Geral. Nesse período também foi criado o TCU.
     Mas, é na década de 30 que os avanços racionais na reforma administrativa atingem a maior parte do setor público. O período é marcado pela noção de eficiência; a institucionalização e aperfeiçoamento dos funcionários públicos; divulgação de teorias vindas dos Estados Unidos, Inglaterra e França; contribuição das ciências administrativas. A partir daí todo o período de 50 a 80 será obsoleto em avanços significativos. Vale ressaltar que todo o planejamento feito até então era autoritário – vindo de cima – e, grande parte ficava mesmo só no papel.
     Centralização federal, autoritarismo, burocracia sem utilidade, são características do Brasil colônia até os anos 80. Sinais de mudanças contrárias foram dados um “pouquinho” antes de 80: o Decreto-Lei nº 200 de 67, por exemplo, delegou vários poderes para a administração indireta. Dessa vez de verdade, porque já se havia encenado algo ainda no governo Vargas. Autoritarismo e burocracia inútil diminuíram bastante mesmo só em 1988 com a imposição do artigo 165 que trata do Plano Plurianual, das Diretrizes Orçamentárias e dos Orçamentos Anuais.
    Para se “ter” uma ideia - antes do Plano Plurianual - era comum, políticas públicas esquecerem as regiões Norte e Nordeste do país. Pior – governos começavam projetos que eram descontinuados por posteriores. O objetivo do PPA é justamente “estabelecer, de forma regionalizada, as diretrizes, objetivos e metas da administração pública federal para as despesas de capital e outras delas decorrentes e para as relativas aos programas de duração continuada”. Os projetos agora durarão quatro anos, sendo que um dos anos fica sob responsabilidade do novo governo.
     Já a Lei de Diretrizes Orçamentárias filtra, do PPA, “as metas e prioridades [...] incluindo as despesas de capital para o exercício financeiro subsequente, orientará a elaboração da lei orçamentária anual, disporá sobre as alterações na Legislação Tributária e estabelecerá a política de aplicação das agências financeiras oficiais de fomento”. Tudo isso culmina em algo de curto prazo e aplicabilidade prática – que é a Lei Orçamentária Anual que versa sobre o orçamento fiscal; de investimento e de seguridade social;
     Saber sobre a tributação da União, onde investimentos serão aplicados e quais regras serão respeitadas para assegurar recursos para a saúde, educação e aposentadoria, pode ser decisivo no sucesso tanto do homem comum quanto do de grandes empresas privadas. O Estado se tornou complexo e essa complexidade é minimizada com muito planejamento – é aí onde entra o PPA, a LDO LOA.
     É bem verdade que as coisas têm mudado muito. O país tem se planejado mais. Tem usado os instrumentos de programação disponíveis na Constituição e a sociedade tem acompanhado (até por conta de interesses financeiros) o desenrolar de cada um. Muita gente tem ganhado muito dinheiro. Mas também, é fato que, o que é posto no papel ainda fica longe do real – basta ver o mais importante programa dos últimos: passados mais de doze anos de administração petista – o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) nunca atingiu nem metade de sua programação.
     Muito provável essa pouca vontade de atingir por completo o que foi posto em pauta se dá por dois motivos: ainda resiste a mentalidade de que “planejar é perda de tempo” e rever o que foi proposto (a famosa avaliação dos projetos) é “mais perda de tempo ainda”. Mudar rumos quando algo está atrasado só pode ser feito com constante avaliação. Quer dizer - mesmo depois de passado séculos de comprovada necessidade do planejamento - o Brasil ainda insiste em práticas relacionadas com o improviso – como não levar a cabo o planejamento e não avaliar com frequência o que já foi feito.
     Se negócios e qualidade de vida surgem com um projeto gigantesco que não é atingido nem na metade, imagine se houvesse esforços para que tudo fosse feito por completo.
     Um Plano tem no seu bojo metas, objetivos, recursos. Isso é a espinha dorsal. É assim para um país inteiro; é assim para uma pequena sala de aula. E para efeito de comparação – todos os males começam mesmo na escola. Mesmo os poucos professores que se planejam esquecem de chamar a atenção do aluno e apontar onde se está e onde se quer chegar quando findar um mês, ou um bimestre. É assim que tem acontecido com os instrumentos de programação financeira – pode-se até saber onde se está, mas não se sabe quando se chegará – vale “pra” educação, vale “pra” saúde,  “pra” infraestrutura. Tudo.
     É perceptível que o brasileiro tem até vontade de organizar sua vida de forma burocrática. A vontade se estende para o país em todos os seus momentos históricos, em todas as suas instituições. Como também é perceptível o descompromisso dos governos com a efetivação total de seus planos. De qualquer forma, principalmente depois de 1988, a palavra “plano” tem sido uma constante na vida de todos os cidadãos e a sociedade como um todo tem se organizado entorno das programações financeiras do Estado. Até da escola, nos últimos tempos, tem sido cobrados planos de metas.
   


      

    
    
    
    

REFERÊNCIAS

A evolução da carga tributária no Brasil Disponível em < http: //www .catho.com.br /cursos/index.php ?p=artigo&id_artigo=1441&acao=exibir> Acesso em 02 maio 2015

Misoczky, Maria Ceci Araujo Planejamento e programação na administração pública / Maria Ceci Araujo Misoczky, Paulo Guedes. – Florianópolis : Departamento de Ciências da Administração /
        UFSC; [Brasília] : CAPES : UAB, 2011. 184p. : il.

Disponível em <http://www.impostometro.com.br/posts/carga-tributaria-brasileira> acesso em 02 de maio 2015

Morgan, Gareth, 1943 - Imagens da organização: edição executiva/Gareth Morgan; tradução Geni G. Goldschmidt. - 2. ed. - 4a reimpressão - São Paulo : Atlas, 2002.

Silva, José Maria da. Apresentação de trabalhos acadêmicos: normas e técnicas/José  Maria da Silva , Emerson Sena da Silveira. 5. Ed. – Petrópolis, RJ : Vozes, 2009

Jacobsen, Alessandra de Linhares Teorias da administração II / Alessandra de Linhares Jacobsen, Luís Moretto Neto. – 2. ed. reimp. – Florianópolis : Departamento de Ciências da Administração / UFSC, 2012. 168 p. : il.

Sanson, João RogérioTeoria das finanças públicas / João Rogério Sanson. – Florianópolis : Departamento de Ciências da Administração / UFSC; [Brasília] : CAPES : UAB, 2011.
132p. : il.

TREVISAN, Andrei Pittol; BELLEN, Hans Michael vanRevista de Administração Pública. Rio de Janeiro 42 (3): 529-50, maio/jun. 2008.


Teoria da reserva do possível Disponível em <http://jus.com.br/artigos/24062/teoria-da-reserva-do-pppossível>possivel> cesso em 02 maio 2015

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