sábado, 19 de março de 2016

Uma análise das características do bom negociador americano e brasileiro segundo pesquisa de Carvalhal

    A arte da negociação é histórica. É sabido que desde os primórdios o bom negociador leva vantagem com relação aos demais. Eugenio Carvalhal é um dos poucos que conseguiu promover uma pesquisa e ditar as características do negociador norte-americano e do brasileiro. Mais recente mesmo, só um estudo dA International Association for Contract and Commercial Management e o Huthwaite International que confirma que o aprendizado ao longo da vida é fator decisivo. Fato ratificado por vários especialistas.
     Embora não haja registros, é muito provável que as negociações nasçam quando o homem passa a dominar a agricultura. A lógica é que os excedentes produzidos por uma família, diante da necessidade de outro produto, poderiam ser trocados pelos excedentes produzidos por outra família. O passo seguinte, com certeza, foi a especialização, tanto dentro da comunidade quanto de uma região para outra – gerando mais demanda de negociação.
     Carvalhal, no seu livro “negociação e administração de conflitos”, definiu bem, após pesquisas, as características do negociador norte-americano e do brasileiro. Destaque para os brasileiros os dois primeiros itens – que importante mesmo é o “conhecimento do tema/assunto que está negociando”, seguido do “Raciocina clara e rapidamente sob pressão e incerteza”, sendo que a pontuação do primeiro é bem mais alta do que a dos outros nove tópicos.
     Talvez por conta da tradição oral, ou do analfabetismo, que reina no Brasil – é que a valorização do “conhecimento do tema e rapidez no raciocínio” está em primeiro lugar naquilo que caracteriza um bom negociador por aqui. Diferente da pesquisa com os americanos. Por lá, a nota maior, dá a “capacidade de planejamento e preparação” o primeiro lugar. “capacidade de planejamento e preparação” envolve rabiscar papel e uma boa leitura de mundo.
    Embora algumas negociações feitas no Brasil tenham efeito benéfico ao negociador, é perceptível, que a pontuação, elevadíssima dada ao primeiro tópico - de 554 e distante do terceiro até o décimo, de 301 e 61 respectivamente, aponta “pra” algo errado. Pode se concluir a insustentabilidade e, portanto, os malefícios a uma das partes na negociação.
     A diferença de um tópico para o outro – do primeiro ao quinto – no contexto americano é bem pequena:  da “capacidade de planejar” de 4,8 a “habilidade de escutar” de 4,4 são só dois pontos; no caso brasileiro – do “conhecimento do tema” de 554 ao “autocontrole das emoções” de 156 - são de 398 pontos. Diferença grande.
     A pesquisa de Carvalhal trabalha com pontuações dadas a dez características consideradas importantes para os americanos e brasileiros no que toca a ser um bom negociador: 1º Conhecimento do tema; 2º Raciocina clara e rapidamente; 3º Planeja e prepara; 4º Escuta; 5º autocontrole das emoções; 6º Persuasivo; 7º Ganha confiança da outra parte; 8º Comunica-se de forma expressiva; 9º Íntegra; 10º Decide. É claro que as ordens ficam diferentes a depender da nação.
     Depois desta pesquisa nada mais tem aparecido de forma tão específica. Talvez o mais interessante tenha sido uma dA International Association for Contract and Commercial Management e o Huthwaite International que confirma que o aprendizado é decisivo para um bom negociador. No trabalho, 124 negociadores e instituições foram postos à prova e os mais bem sucedidos foram os com maior capacitação ao longo da vida.
     O resultado desmistifica a ideia de que para ser um bom negociador a pessoa tenha que ter o “dom”, ou seja, a pessoa já nasça com a facilidade de conciliar acordos. Seja carismática. O que não é bem verdade. Conta, mas, não é o “todo”.
     Em sua fala, o especialista Diego Maia ratifica os dados da dA International Association for Contract and Commercial Management e o Huthwaite International quando diz que “qualquer pessoa pode se tornar uma super-negociadora. Para tanto basta estar sempre bem informada e antenada. ‘Devorar’ jornais, revistas e portais de internet”. A fala traduz perfeitamente a construção do homem negociador ao longo de uma vida.
     Portanto, é perceptível que a negociação é pilar na construção histórica da humanidade. Quanto ao que se tem sobre características de um povo, o melhor é a pesquisa de Eugenio Carvalhal sobre as diferenças entre americanos e brasileiros. E, por incrível que pareça - embora aqui se acredite que planejar devia estar em primeiro - os brasileiros acertam quando priorizam “conhecimento do tema” porque se encaixa perfeitamente com o que aponta a Instituição Britânica e alguns especialistas quando citam fator decisivo na negociação a experiência ao longo da vida.

    
REFERÊNCIAS


10 passos essenciais para se tornar o negociador de referência. Disponível em <http://www.administradores.com.br/noticias/carreira/10-passos-essenciais-para-se-tornar-o-negociador-referencia/37112/> Acesso em 18 março 2016

Coelho, Ricardo Corrêa Ciência política / Ricardo Corrêa Coelho. – 2. ed. reimp.Florianópolis : Departamento de Ciências da Administração / UFSC, 2012.159p. : il.

Morgan, Gareth, 1943 - Imagens da organização: edição executiva/Gareth Morgan; tradução Geni G. Goldschmidt. - 2. ed. - 4a reimpressão - São Paulo : Atlas, 2002.

Silva, José Maria da. Apresentação de trabalhos acadêmicos: normas e técnicas/José  Maria da Silva , Emerson Sena da Silveira. 5. Ed. – Petrópolis, RJ : Vozes, 2009

Pinheiro, Ivan Antônio Negociação e arbitragem / Ivan Antônio Pinheiro. – Florianópolis : Departamento de Ciências da Administração / UFSC; [Brasília] : CAPES : UAB, 2012.
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Sanson, João RogérioTeoria das finanças públicas / João Rogério Sanson. – Florianópolis : Departamento de Ciências da Administração / UFSC; [Brasília] : CAPES : UAB, 2011.
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TREVISAN, Andrei Pittol; BELLEN, Hans Michael vanRevista de Administração Pública. Rio de Janeiro 42 (3): 529-50, maio/jun. 2008.

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