A humanidade tem três momentos distintos do
poder: o feudo; a indústria e o conhecimento. Todos geraram ou ainda geram riquezas.
Contudo, os prejuízos ambientais dos dois primeiros foram enormes, o que fez surgir
o termo sustentabilidade tão em voga no terceiro. Infelizmente tal palavra fica só no campo da
teoria na maioria dos municípios piauienses. É o que constata este artigo a
partir de análise feita na cidade de Madeiro do Piauí.
No século IV e V os homens ditos poderosos
eram aqueles que concentravam as melhores e maiores terras. A desigualdade do
período era tamanha que dificilmente alguém ascendia de sua classe para outra. Também
sofria o meio ambiente com o desmatamento para o plantio. Já nos idos de 1600,
1700 e 1800 detinha poder quem estava à frente da indústria – da força das
máquinas. Desigualdade e agressão ambiental também são marcas deste período
histórico.
Do século XX aos dias atuais a marca do
sucesso são as TICs (Tecnologia da Informação e Comunicação). O destaque fica
para o homem ou nação que domina o conhecimento. A desigualdade mundial continua
e os prejuízos ambientais também, mas, a diferença com outras épocas tem sido o
debate e incentivo de tecnologias renováveis que privilegiam a
sustentabilidade. Vale ressaltar:- os países
ricos já resolveram os dois problemas citados.
Não há a necessidade de se inventar a
roda. Basta copiar os que estão acertando. Nos lugares do mundo em que a
qualidade de vida melhorou, três estratégias são disponibilizadas de forma a gerar
riquezas e, com o mínimo de agressão à natureza. São: inclusão digital de toda
a comunidade; incentivo a geração de energias limpas e, preferencialmente,
produzidas pelos próprios cidadãos; e, como mecanismo de conscientização - a
educação de qualidade.
Os últimos dados do IPEA, divulgados em
2010, apontam que apenas 4,5% dos municípios no Piauí têm acesso à banda larga.
Os números pioram se observado lugares pequenos, como a cidade de Madeiro do
Piauí, que conta com pouco mais de sete mil habitantes e onde é raro encontrar
um domicílio com linha fixa de telefone (pré-requisito para acesso à rede).
Pouca coisa mudou seis anos depois.
Sem uma internet de qualidade, tudo que
envolve comunicação fica comprometido: a logística é feita com mais gastos de
recursos humanos e naturais; ensinar/aprender fica ineficiente, quando não
nulo. Isso é o que tem acontecido nas pequenas comunidades como Madeiro. Não há
internet e tudo é feito à moda antiga. Falar em sustentabilidade fica
insustentável quando para uma conversa há a necessidade de se deslocar de carro
ou de moto.
A segunda saída para gerar riquezas, e não
mais da forma de séculos atrás, é o incentivo as chamadas energias limpas e
renováveis. A solar é a alternativa mais viável para as cidades nordestinas. O
que se tem atualmente é algo caro e destrutivo. Por fim, a melhor ferramenta
para conscientizar acerca da importância do conhecimento, da sustentabilidade -
é a escola. Por algum motivo, energia e escola piauienses/madeirenses pararam
no século XIX.
Nos municípios piauienses, a palavra
sustentabilidade existe na propaganda, no real, pouco ou quase nada está sendo
feito para tornar a vida dos cidadãos mais barata, mais produtiva e mais
ambiental. Também, fazer isso demanda muita articulação: além de mobilizar o
contribuinte, o gestor local tem que convencer os que lucram com o “status quo”;
e tornar a escola pública tão boa quanto às privadas. Diante das alternativas
todos os gestores que passaram pelo Madeiro optaram apenas por administrar os
repasses constitucionais.
Portanto, o Brasil, o Piauí e bem pior, as
cidades pequenas como Madeiro, em plena época de valorização do conhecimento
como poder, e do desperdício zero, têm optado por vias contrárias: valorização
da energia via hidrelétricas; incentivo ao transporte motorizado no processo
logístico e de comunicação, e uma escola com aulas sem nenhum atrativo do
século vigente.
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