sábado, 8 de fevereiro de 2025

A questão da verdade na Filosofia - Síntese Por Isaac Sabino

Por Isaac Sabino

               Na busca da “verdade” há a necessidade de se afastar do mundo físico e se situar no espiritual no intuito de se alcançar o todo. A “verdade” é o segredo do ponto de vista metafísico e gnosiológico e, até por conta disso, não há a necessidade de se insistir na “sua”existência”.
                  Na Modernidade essa concepção está disposta no idealismo, pragmatismo, relativismo, niilismo e voluntarismo. Dessas tendências, destaque para Descartes que acredita que as coisas se iniciam na mente e Kant que continua colocando a “verdade” no sujeito. Essa postura será chamada de idealismo por Bruno Sproviero que a critica por ser um sistema fechado que não aceita a verdade nas coisas.
                  Já a “verdade” do pragmatismo trata das questões práticas, mas não Sabe lidar com teóricas como as que envolvem a Matemática e que leva ao voluntarismo onde a verdade fica vinculada ao império da vontade.
                   Duns Scotus, filósofo medieval, afirmava que essa “vontade” era divina, mas que a humana também pode prevalecer. Esse “voluntarismo” também será encontrado em Schopenhauer e Nietzche. Schopenhauer, por exemplo, afirma que a vontade é irracional e que o homem  não  consegue se libertar do prazer e da dor, nisso, o filósofo inaugura o pessimismo que é seguido por Nietzche e seu niilismo.
                  Na contemporaneidade, a verdade não é tão buscada porque o homem  se volta para a epistemologia, mas, quando se tira a problemática da “verdade” do campo ontológico é preciso afastar todo um  debate que incluiria Aristóteles e Tomás de Aquino.
                  Tomás de Aquino que leu Aristóteles  com maestria, só pode processar a verdade dentro de um contexto ontológico onde o criador é de ordem divina e, por conta disso,  dificilmente há a possibilidade da criatura reter as verdades daquele que cria, por completo. Seria como desejar que um animal entendesse a criação de uma casa que saiu do intelecto humano.
                  Embora Santo Agostinho tenha chegado a afirmar que o “verdadeiro é o que é”, a opinião coincidindo com a de alguns filósofos antigos, foram os sofistas que exageraram ao relativizar tudo e banalizar a “verdade” em cada ser e é só com Aquino que essa busca ontológica é respeitável de novo quando ele disserta que a coisa para ser verdadeira precisa está em acordo com a mente. O problema dos sofistas é a desconsideração de outras mentes.
                  É verdade que se a “verdade” estivesse nas coisas, toda frase/sentença/oração seria verdadeira, porque, estando fora do “ser” não precisariam estar em acordo com os intelectos. Para Tomás não é bem assim, pois, faz-se necessário haver significado intelectual entre os interlocutores. Desse modo, a “verdade” está num combinado entre as mentes e em parte nas coisas.
                  Para o filósofo medieval a mente humana cria coisas que passam a existir em outros intelectos, já as coisas naturais que não pertencem a criação humana, são da vontade de uma outra mente que é a divina, ou seja, as coisas da natureza dependem da mente divina e mesmo com conceitos diversos da  “verdade” Agostinho, Hilário e até Avicena convergem para dizer que a coisa criada depende do intelecto do ser criador.








REFERÊNCIAS


CAMELLO, Maurício José de Oliveira. A questão da verdade na Filosofia. Theoria – Revista Eletrônica de filosofia

MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. M. Fundamentos de metodologia científica. – 5. Ed. -São Paulo: Atlas, 2003










1. O que é a ignorância? Por que ela é difícil de ser percebida por nós?



(A) é o saber de tudo. É fácio de perceber porque basta prestar atenção no mundo a nossa volta;


(B) é o não saber. É acreditar nas nossas crenças e opiniões sem questionar o mundo ao nosso redor;




2º Por que a dúvida, a decepção e o espanto podem despertar o desejo da verdade

(A) Porque nos fazem querer saber o que não sabíamos

(B) Porque não nos fazem querer saber o que não sabíamos


3º Quais são as dificuldades que enfrentamos quando buscamos a verdade?

(A) A primeira dificuldade provém da crença de que os veículos e formas de informação; A segunda dificuldade provém da propaganda; A terceira dificuldade provém da descrença na possibilidade de haver verdade na política;

(B) A primeira dificuldade provém da descrença provocada pelos veículos e formas de informação; A segunda dificuldade provém da propaganda; A terceira dificuldade provém da descrença na possibilidade de haver verdade na política;


4º Quais são os dois tipos de busca da verdade?


(A) O primeiro é o que nasce da decepção; O segundo é o que nasce da deliberação ou decisão de não aceitar as certezas e crenças estabelecidas;

(B) O primeiro é o que nasce do acerto; O segundo é o que nasce da deliberação ou decisão de não aceitar as certezas e crenças estabelecidas;



5º O que é a “dúvida metódica” de Descartes?


(A) Trata-se da decisão de Descartes de aceitar todos conhecimentos existentes em sua época e os seus próprios, declarando que aceitaria um conhecimento, uma ideia, um fato ou uma opinião que, não precisaria passar pelo crivo da dúvida, se revelassem indubitáveis para o pensamento puro.


(B) Trata-se da decisão de Descartes de submeter a um exame crítico todos os conhecimentos existentes em sua época e os seus próprios, declarando que só aceitaria um conhecimento, uma ideia, um fato ou uma opinião que, passados pelo crivo da dúvida, se revelassem indubitáveis para o pensamento puro.



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1ª O que é dogmatismo?

(A) Dogmatismo é uma atitude natural e espontânea que temos desde crianças. É nossa crença de que o
mundo existe e é exatamente da forma como o percebemos.

(B) Dogmatismo é uma atitude artificial e implantada que temos desde crianças. É nossa descrença de que o mundo existe e é exatamente da forma como o percebemos.



2º Qual a concepção contemporânea. Alétheia

(A) é de que a ‘verdade’ em grego. Literalmente, quer dizer ‘não esquecido’ e, por extensão, ‘não escondido’.Ela opõe-se ao que está dissimulado, ao que parece. mas não é. A alétheia é a verdade de um ser que se manifesta à nossa visão.

(B) é de que a ‘verdade’ em latim. Refere-se à verdade de um relato, de um discurso. Está, então, na linguagem, em sua precisão e correção. Seu oposto é a falsificação, a mentira.


3ª INFERE-SE DE FORMA EXPLICITA DO TEXTO "A questão da verdade na Filosofia".



(a) Na contemporaneidade, a verdade não é tão buscada porque o homem  se volta para a epistemologia, mas, quando se tira a problemática da “verdade” do campo ontológico é preciso afastar todo um  debate que incluiria Aristóteles e Tomás de Aquino.

(b) Na contemporaneidade, a verdade é buscada porque o homem  se volta para a epistemologia, mas, quando se tira a problemática da “verdade” do campo ontológico é preciso afastar todo um  debate que incluiria Aristóteles e Tomás de Aquino.


4º O que significa pragmatismo?


(A) A palavra pragmatismo deriva do latim pragmatikós, que quer dizer ‘o que é próprio da ideia, o que é não precisa ser eficaz’. Dizer que uma teoria é pragmática é dizer que seu critério de verdade não é teórico, mas prático:

(B) A palavra pragmatismo deriva do grego pragmatikós, que quer dizer ‘o que é próprio da ação, o que é eficaz’. Dizer que uma teoria é pragmática é dizer que seu critério de verdade não é teórico, mas prático:



5ª De acordo com o texto acima, quais as concepções de VERDADE NA MODERNIDADE?

(A) idealismo, pragmatismo, relativismo, niilismo e voluntarismo.

(B) idealismo, empirismo, relativismo, niilismo e voluntarismo.










Coração Valente, Romantismo e liberdade. Uma crítica.





     “Uma boa pedida” pra explicar o desejo da queda da monarquia e ascensão da burguesia - movimento que marcará o Romantismo - é o filme Coração Valente de Mel Gibson. Claro, no enredo são os camponeses que desejam a queda, enquanto para o Romantismo, a burguesia foi decisiva. Este artigo é uma análise dessa ficção num paralelo com a escola literária citada.
      Os governos são um mal necessário e com a Monarquia não poderia ser diferente. No filme de 1995 algumas cenas chocam o telespectador. E, Mesmo que alguém diga “é só um filme”, mas a dedução de que um homem com tantos poderes faça algo que foge ao normal é inevitável. Exemplo disso é a primeira noite de quem casa ser dada a um estranho.
      O momento é a luta pela independência da Escócia no Século XIII, o trabalho se desenrola seguindo o protagonista William Wallace (vivido pelo próprio Gibson) desde pequeno, quando assistiu ao retorno do pai morto, motivando-se em assumir a liderança da nação. Centrado num personagem, autoafirmado e inspirador, esta importante obra é um retrato terno daquele que se firmou líder em nome de um ideal - a liberdade.
    E liberdade é a palavra que vai movimentar a burguesia e várias colônias rumo à independência do Rei. Os textos cantarão um novo herói que não mais o rei, o cavaleiro ou qualquer outro tipo medieval. As características principais deste período são : valorização das emoções, liberdade de criação, amor platônico, temas religiosos, individualismo, nacionalismo e história. Este período foi fortemente influenciado pelos ideais do iluminismo e pela liberdade conquistada na Revolução Francesa.
     É nesse contexto, de conflitos com a monarquia - no filme entre camponeses e o Rei - que nascerá o estilo de época conhecido como Romantismo. “Coração Valente” é bom porque dá para traçar esse paralelo com o “iniciozinho” daquele que seria um dos movimentos mais interessantes da humanidade.


1.151 pág. 72 (Reanato Aquino Bc2014min) Observe as palavras grifadas da seguinte frase: “Encaminhamos a V.Sa. cópias do Edital nº 19/82.” Elas são, respectivamnete:

(A) verbo, adjetivo;      

(B) verbo, conjunção;

(C) verbo, substantivo;   






   

(D) pronome, adjetivo;

(E) pronome, adjetivo;

 

2.163 3pág. 74 IRenato Aquino Ac2014mai) Assinale o item que a classe da palavra destacada está correta.

A) quem fala em flor não diz tudo – pronome indefinido;

B) quem me fala em flor diz demais – conjunção;


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https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSf8okIhJkQ1n3IUt8TGS5qRBPHZ_7GTVJraGSGTp-BGHg-BYw/viewform?usp=sf_link


C) o poeta se torna mudo – substantivo


D) mais que bala de fuzil – advérbio

1º Plan Mitos e Pré Socraticos - Beowulf, Helena de Tróia, mitos e Filosofia




QUESTÃO 01

 

A origem da filosofia está na cidade de Mileto, com o pensador Tales, matemático e físico que ficou conhecido como o iniciador do pensamento filosófico. Ele se preocupava com as questões relacionadas à fonte originária do mundo e propôs que a água seria o elemento originador de todas as coisas. Ao pensar nisso, ele inaugurou uma nova forma de explicar as coisas sem envolver narrações fantásticas de deuses. A origem da palavra Filosofia é atribuída a Pitágoras. Qual a origem etimológica e o significado da palavra filosofia?

 

A)    Vem do grego PHILIA, amor sexual e SOPHIA, sabedoria e significa Paixão pela sabedoria.

B)    Vem do grego PHILIA, amor fraterno e SOPHIA, sabedoria e significa Amor pela sabedoria.


QUESTÃO 02

 

A Filosofia surge quando a explicação da realidade universal dada pelos mitos já não satisfaz a alguns pensadores gregos. A verdade do mundo e dos homens passa a não ser algo secreto e misterioso, torna-se algo que podia ser conhecido por todos através do pensamento, da sabedoria, do uso metódico da razão. O momento histórico da Grécia Antiga em que surge a Filosofia está vinculado à organização da polis – cidade-estado. A cidade foi criação dos homens e não dos deuses e podia se organizada, dirigida e pelos homens, pela razão. Os filósofos queriam uma explicação para o mundo, uma ordem para o caos.

 

Uma das características do pensamento filosófico grego é:


A)    A Verdade do mundo e dos humanos possui dimensão espiritual e é inalcançável.

B)    A Verdade do mundo e dos humanos não é algo secreto e misterioso.


QUESTÃO 03

 

e onde nasce, pois, o interesse pela sabedoria? Por que o homem quer saber mais e mais? A essa questão, Aristóteles responde: “Todos os homens, por natureza, tendem ao saber”.

(ARISTÓTELES, 2001, p. 3, 980ª 1-2.)


O conceito de filosofia está intrinsecamente ligado ao conceito e à própria essência da sabedoria. O homem é o ser que pergunta e a filosofia é:

Alternativas

A) A resolução dos problemas relativos aos fenômenos humanos e à geração de todo o universo. 

B) A tentativa, muitas vezes frustrada e quase sempre de novo retomada, de dar uma resposta racional a algumas de suas questões. 


QUESTÃO 04

 

A palavra Filosofia é de origem grega, e significa “amor à sabedoria”. Filosofar quer dizer refletir sobre questões fundamentais da vida humana porque quem o faz sente que precisa de uma resposta a essas questões para viver melhor. Filosofa – mesmo sem saber o nome dessa atividade – quem se pergunta, por exemplo, como deveria ser uma sociedade justa, ou como distinguir entre o que verdadeiramente sabemos e o que apenas opinamos. Também filosofa quem busca a maneira correta de enfrentar um dilema moral, ou quem quer saber se a existência humana tem um significado.

 

Na apresentação do surgimento da filosofia, deve-se chamar a atenção dos alunos para o fato de que este surgimento:


A)    Instaurou uma ruptura completa com a cultura de onde proveio, podendo ser descrito como milagroso.

B)    Foi um processo social e cultural que dependeu de circunstâncias históricas bem determinadas, dentre as quais se destaca o surgimento da polis grega.


QUESTÃO 05

 

A Filosofia, como conhecemos, teve origem na Grécia Antiga como resultado de uma intensa mudança de pensamento. Desde o seu surgimento, em Mileto no século VI a.C., e do aparecimento da palavra “filosofia”, que Cícero e Diógenes atribuem a Pitágoras, muitos filósofos tentaram responder à pergunta sobre o que é a Filosofia. Além desse trabalho de investigação constante acerca da natureza da Filosofia, há também uma diversidade de temas e de preocupações que os filósofos tentam responder.

 

Uma das características da Filosofia grega é a:


A)    Recusa de explicações preestabelecidas.

B)    Imposição radical das verdades filosóficas.



QUESTÃO 06

 

Muitas vezes conhecido como "milagre grego", o surgimento da filosofia não dependeu de um milagre. Foram uma série de fatores que conduziram à relativização do pensamento, à descrença (desmitificação) e à busca de melhores explicações sobre a realidade.  Sem dúvida, a política foi um dos aspectos mais importantes para o nascimento da Filosofia, que tem como uma de suas características mais importantes a presença do discurso racional como sustentação, por meio de princípios lógicos, de suas verdades e argumentos.

 

Qual das alternativas abaixo não é uma condição histórica para o surgimento da Filosofia na Grécia?


 A)    O surgimento da via urbana.

 B)    A influência do cristianismo.


 QUESTÃO 07

 

Foi na Grécia antiga, no século VI a.C., na região da Jônia, na cidade de Mileto, que a Filosofia ganhou forma e se estabeleceu como maneira de compreender o mundo. É por causa do nascimento da Filosofia na Grécia que costumeiramente se diz que a “Grécia é o berço da civilização ocidental”. A Filosofia é o primeiro modo de conhecer o mundo e os homens de forma estritamente racional.

 

Quem foi o primeiro filósofo?


A)    Tales de Mileto.

B)    Jesus Cristo.


QUESTÃO 08

 

“A decisão de não aceitar como óbvias e evidentes as coisas, as ideias, os fatos, as situações, os valores, os comportamentos de nossa existência cotidianas; jamais aceitá-los sem antes havê-las investigado e compreendido”.

A Filosofia, portanto, é muito relacionada com outros conteúdos didáticos, como História e Literatura. Entender filosofia ajuda a ter melhor compreensão e desempenho nas outras disciplinas.

 

Qual das utilidades da filosofia está descrita na sentença acima?


 A)    Decorar acriticamente as outras disciplinas.

B)    Capacidade crítica e reflexiva em outras áreas. 


 QUESTÃO 09

 

A atividade filosófica ocupa-se com as condições que permitem a formulação de problemas, e nisso consiste a aprendizagem em filosofia. Mesmo que os problemas estejam na base da produção conceitual, esta não é uma decorrência direta do método, como se o método permitisse uma passagem direta do não-saber ao saber.

 

É INCORRETO afirmar que um dos principais fatos que definem a atividade filosófica na época de seu nascimento entre os gregos é:


A)    A fé e o pensamento religioso.

B)    A capacidade de generalização.


QUESTÃO 10

 

A filosofia como o espaço da pergunta, da busca do sentido da realidade, como instrumento de articulação teoria-prática, seremos levados a problematizar os caminhos fáceis e sedutores, as respostas prontas, e afirmar o gesto filosófico como elemento fundamental na constituição do ser 

 

Qual das perguntas abaixo pode ser considerada filosófica?


 A)    Que horas são?

B)    O que é o tempo? 


Gabarito no Link Abaixo






quarta-feira, 5 de fevereiro de 2025

Os conceitos das correntes racionalistas e empiristas: uma crítica leiga à luz da atualidade






1.         Racionalistas VS Empiristas: um debate atual

                   Quem nunca se pegou debatendo sobre a origem ou continuidade do ato de conhecer. Noutro dia eu entrei num fórum desses que debatia, justamente, este tema, a partir de um texto de Mário Sérgio Cortela – “Nós não nascemos prontos”. O que eu deixei passar e alguns colegas ali também, é que tal assunto é dialético, histórico, com reflexões fortes e com debates intensos na modernidade entre René Descartes e John Locke.
                  Na ocasião do debate eu havia dito:
“Mário Sérgio Cortela credita a culpa do comportamento atual dos jovens em nós professores quando ditamos frases de cunho negativo a eles. “Nós não nascemos prontos”, Eu concordo, em partes, porque creio em algo que já nasce com a gente e amadurece com o tempo: sentir a diferença entre o bem e o mal quando aplicados a nós ou outrem, por exemplo.”. 
                   Embora eu saiba que haja certa religiosidade em quem acredita que o homem já nasce conhecendo coisas (É o conhecimento inato defendido pelo Matemático e filósofo francês René Descartes) eu fui opinião vencida, porque eu tinha me esquecido de John Locke, o principal autor contrário a Descartes.
                   René Descartes é metafísico porque acredita que alguma ideia do homem já nasce com ele (homem) – é o caso da noção de espaço. A origem desses pensamentos, para o autor advém de Deus. Há resquícios de Deus no homem e por isso o homem, através da alma, já nasce sabendo coisas.
                   O problema de Descartes, dito por Locke é que se houvesse ideias inatas, então todos os seres humanos, de todas as origens e idades, inclusive as crianças pequenas, deveriam ter as mesmas ideias, o que não é o que podemos comprovar pela observação.
                   Realmente, é uma opinião forte e difícil de ser refutada. E é com ela que o homem moderno vai criar, junto à metafísica (Deus e alma), uma nova consciência que ver o homem como “uma folha de papel em branco, estando sem nenhuma marca antes da experiência”.                Contando com Cortela e a Tutora do curso, a exceção da minha pessoa, todos os outros participantes concordaram que o homem e seus conhecimentos podem ser construídos sem a interferência de um Deus, de uma alma ou de qualquer coisa que argumente a favor de um conhecimento que já nasça com o homem.


2.         Deus: o racional e o inatismo em Descartes

                   Depois de sair da tutoria de seus mestres e após viajar por outras terras, Descartes se ver duvidando de tudo aquilo que ele aprendera: da história filosófica, da língua, dos costumes. Subentende-se do autor que tudo isso foi colocado nele como uma verdade e que, só na sua maturidade, ele percebe como ilusório. A premissa de crer em tudo como falso leva a conclusão de que o que fala o próprio autor pode ser considerado ilusório por outros pensadores. Descartes é humilde em reconhecer tal situação. Mas, para não incorrer no erro, o filósofo propõe um método baseado na razão. O método é dividido em quatro partes:

O primeiro era o de jamais acolher alguma coisa como verdadeira que eu não
conhecesse evidentemente como tal; isto é, de evitar cuidadosamente a precipitação e a prevenção,[...]
O segundo, o de dividir cada uma das dificuldades que eu examinasse em tantas parcelas quantas possíveis e quantas necessárias fossem para melhor resolvê-las.
O terceiro, o de conduzir por ordem meus pensamentos, começando pelos objetos mais simples e mais fáceis de conhecer, para subir, pouco a pouco, como por degraus, até o conhecimento dos mais compostos,[...]
E o último, o de fazer em toda parte enumerações tão completas e revisões tão gerais, que eu tivesse a certeza de nada omitir (Descartes. P. 13 adaptado)  

                   O método cartesiano é revolucionário porque exige que a partir de então qualquer teoria siga um caminho, sempre com a proposta de se aproximar da verdade eliminando partes frágeis do argumento. É o começo de algo mais próximo da ciência. O pensador vai além em suas pesquisas e ao descobrir que os signos humanos usados para comunicação possuem problemas, ele conclui que a língua universal é aquela encontrada na matemática. Por conta deste método, do desejo da verdade e de sua proximidade com os números, o matemático francês se enquadra no grupo dos racionalistas.
                   Racionalista porque quando o filósofo francês descobre que a maior parte do seu conhecimento é falsa e no momento em que ele parte para buscar o seu “eu” verdadeiro, ao descobrir-se racional, o pensador conclui com o inatismo, pois a noção ou moral verdadeira já existiam nele e só quando ele começou a questionar, através de um senso ou vontade da verdade é que acontece a descoberta.  É por conta disso que o filósofo matemático propõe uma metafísica que dita que as ideias advêm de Deus e estão transcritas na alma. Para o autor, o “penso” é a alma. A verdade sendo a razão já estava dentro dele e foi contaminada pela falsidade, mas alguns costumes resistiam.


3.                                               Uma proposta contrária ao Racionalismo e Inatismo. John Locke apresenta o empirismo
                   Mesmo lutando para se livrar de um “eu” que Descartes acreditava não ser ele, o pensador não conseguiu inovar em dizer de onde vem o conhecimento, e por conta disso, só acabou reforçando uma ideologia monárquica que já pregava serem eles (reis) uma descendência direta de Deus.  Essa postura fragilizou a obra do autor e não tardou, o médico inglês e filósofo John Locke apontou uma série de argumentos que negavam o racionalismo e o inatismo de René Descartes.
                   Para negar o racionalismo, John Locke lança o empirismo. A proposta deste movimento é que todo e qualquer tipo de conhecimento humano (o autor usa o termo ideia) começa do zero a partir de cada nascimento. É através dos sentidos e das experiências que o homem vai somando uma coisa com a outra até chegar aos entendimentos necessários à vida diária.  Logo nas suas primeiras falas, o filósofo inglês usa um argumento muito forte ao dizer que se existisse uma entidade buscando se descobrir, ou seja, a razão, querendo mostrar as verdades já existentes dentro do homem, todos estariam de posse da verdade – da criança ao idiota. Ele conclui dizendo que isso não acontece na realidade
Não se encontrou naturalmente impressas na mente porque não são conhecidas pelas crianças, idiotas etc. Em primeiro lugar, é evidente que não só todas as crianças, como os idiotas, não possui delas a menor apreensão o pensamento.    (Locke. P.38)             
              Já o empirismo, além de discordar do racionalismo, é crítico ferrenho do inatismo, e para defesa desse sistema, o médico inglês defende que a mente apreende ideias particulares e as nomeia para posterior uso, aperfeiçoamento ou descarte. Percebe-se, que para Locke não há nada anterior ao homem e só num processo de aceita ou não aceita é que o homem vai formulando suas verdades. Esse processo mental da disputa que prevalece o argumento mais forte, segundo o filósofo inglês vai influenciar em diversos contratos sociais que inclui-se aí os princípios de fé, justiças, diversas regras morais, até as virtudes estão vinculadas ao proveito.
              Empirista porque quando o filósofo inglês acredita que todo o conhecimento humano é fruto de um contrato inconsciente entre todas as partes a depender do local e do momento histórico. Por isso, para ele, o inatismo não existe.

4.                                               O problema do conhecimento em Descartes e Locke à luz leiga dos dias atuais
                   Este texto é escrito num momento anterior aos debates que se promoverão, historicamente, após as publicações de René Descartes e John Locke. É sabido que muitos pensadores já refutaram ou confirmaram as teses desses dois filósofos modernos. Contudo, até o momento desta escrita, não se teve acesso a essas arguições. Deixar as leituras de textos posteriores para depois foi proposital no intuito de apontar alguns pontos de vistas pessoais verificados durante as leituras acerca do Racionalismo e Inatismo Cartesiano e do Empirismo de Locke.
                   Se fosse para se criar uma pintura de Descartes e Locke, a transcrição seria a seguinte: Descartes apontando para cima, para a metafísica – como quem diz que os pensamentos puros e racionais são obras de uma divindade, enquanto Locke aponta para baixo dizendo que o homem pensante é só uma criação do próprio homem.
                   Tanto Descartes quanto Locke procuram demonstrar como surge e se desenvolve o conhecimento no homem. Ambos coincidem em dizer que certas “morais” são só convenções humanas. Para Descartes, algo que deve ser derrubado igual uma casa e construído de novo; para Locke, algo que deve ser transcrito com um novo contrato social que abandone totalmente a ideia de que alguém já nasce especial. O problema dos dois são as contaminações daquilo que eles próprios combatem. Assim como o matemático francês deixa o seu “eu” particular de matemático interferir na sua proposta de apresentar a origem do conhecer, a medicina do inglês é subentendida nos seus textos – o resultado é um homem dissecado e seco, finito e sem alma. Por conta disso, é fácil perceber uma defesa política e humana nos dois autores. Pode ser importante para a mudança de rumos da humanidade daquela época em diante, foi o que aconteceu mais tarde, mas não deixa de ser uma contaminação de um momento histórico e de lugar.
                   Incômodo em Descartes é o momento em que ele descobre que todo o seu conhecimento é falso e no momento em que a sua razão parte para buscar o seu “eu” verdadeiro, a própria razão e, portanto a verdade, o pensador conclui com o inatismo. Nisso, ele sai do plano da razão e entra na metafísica inconscientemente reforçando a ideia de poder sobrenatural pregado à época.  Dos dois um: ou faltou coragem do autor de ir contra a igreja e o poder da época ou, por falta de tempo vital, o matemático francês preferiu um caminho mais fácil com argumentos pré-existentes.
                   Já em Locke, é inevitável não questionar como há certos costumes coincidentes entre povos mesmo que eles nunca tenham tido contato um com o outro? É o caso da noção de Deus, deus, deuses. Todos os povos cultivam fé com alguma divindade. E há outras várias atitudes no homem que não são ensinadas, mas estão lá. O plano terreno do filósofo inglês coloca uma barreira querendo encerrar um assunto, o que não acontece.
                  O debate acerca do racionalismo/inatismo versus o empirismo é um debate acerca das origens do conhecimento e sempre culmina num conflito entre divindades versus homens, do começo. René Descartes e John Locke tentam separar algo que é a complexidade misturada do homem. Mesmo, em dias atuais, pelo menos depois que se dê um lado para que as pessoas um, várias indivíduos, pelo menos de forma teórica e oral, optam pelo inatismo metafísico de Descartes. Quando se trata de um discurso escrito e prático, as pessoas tendem a ficar mais do lado de John Locke.

Questão 1 - René Descartes e John Locke apresentam visões diferentes sobre a origem do conhecimento. Qual é a principal diferença entre as suas perspectivas?

A) Descartes defende o inatismo, enquanto Locke defende o empirismo.
B) Descartes defende o empirismo, enquanto Locke defende o inatismo.

Questão 2 - De acordo com o texto, qual é a crítica de John Locke ao inatismo de René Descartes?

A) Locke argumenta que as ideias inatas são necessárias para a sobrevivência humana.
B) Locke argumenta que, se existissem ideias inatas, todas as pessoas teriam as mesmas ideias, o que não é o caso.

1ª) QUEM É O FILÓSOFO RACIONALISTA DO TEXTO?

(A) RenRené Descartes
(B) John Locke

2ª) QUEM É O FILÓSOFO EMPIRISTA DO TEXTO?

A) René Descartes
(B) John Locke

3ª Qual é o pensamento de René Descartes

(A) Lança o empirismo. A proposta deste movimento é que todo e qualquer tipo de conhecimento humano (o autor usa o termo ideia) começa do zero a partir de cada nascimento. 

(B) Émetafísico porque acredita que alguma ideia do homem já nasce com ele (homem) – é o caso da noção de espaço. A origem desses pensamentos, para o autor advém de Deus. 

4ª Qual é o pensamento de John Locke

(A) Lança o empirismo. A proposta deste movimento é que todo e qualquer tipo de conhecimento humano (o autor usa o termo ideia) começa do zero a partir de cada nascimento. 

(B) Émetafísico porque acredita que alguma ideia do homem já nasce com ele (homem) – é o caso da noção de espaço. A origem desses pensamentos, para o autor advém de Deus. 


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REFERÊNCIAS

CORTELLA, Mário Sérgio. Seminário família, escola e cidadania: quais os caminhos? Escola da Assembleia Legislativa de Santa Catarina, agosto de 2007. Palestra “Nós não nascemos prontos”. In: RAMOS, Rogério de Araújo. Ser protagonista: Língua portuguesa. 2. ed. São Paulo: SM, 2013. Adaptado.

Dutra, Luiz Henrique de Araújo. Teoria do conhecimento / Luiz Henrique de Araújo Dutra. — Florianópolis, 2008.

FRASSON, Antonio Carlos,:JUNIOR, Constantino Ribeiro de Oliveira. METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA. São Luís, Maranhão : 2010

Descartes, René, 1596-1650. Discurso do Método/René Descartes; tradução Ciro Mioranza, - São Paulo : Escala Educacional, 2006

Locke, John, 1632-1704. Ensaio acerca do entendimento humano; tradução Anoar Aiex, - São Paulo : Editora Nova Cultura, 1999

SILVA, José Maria da. Apresentação de trabalhos acadêmicos: normas e técnicas/José Maria da Silva , Emerson Sena da Silveira. 5. Ed. – Petrópolis, RJ : Vozes, 2009




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