segunda-feira, 31 de maio de 2021

O PRÍNCIPE – MAQUIAVEL



     O “Príncipe”, obra de Nicolau Maquiavel, trata da hereditariedade, da conquista e manutenção de um governo. O autor chama “Príncipe” os governantes (reis) da época e antes da publicação da obra. Além da hereditariedade, da conquista e manutenção de um governo a obra traz em si conselhos, feitos por Maquiavel, e comprovados com narrativas de reis passados e seus feitos de sucesso ou fracasso.
     Dentro da obra o leitor encontrará uma estrutura moldada em 26 capítulos distribuídos sob tópicos que podem ser divididos da seguinte forma: Os iniciais tratam da forma pela qual o Príncipe (governante) adquire o seu principado (governo) e como deve porta-se para conservá-lo, Maquiavel cita como alguns reis perderam seus reinados: caso de Dario, da Pérsia. Do capítulo VI ao XIV, o escritor aborda a importância do Exército e das armas para conquistas ou guarda do principado (governo). Nos capítulos finais, Maquiavel, trabalha a psicologia comportamental do Príncipe (Governador, Presidente, Rei) diante de seus subordinados, aqui, o escritor intensifica seus conselhos, os dando na sua maioria em primeira pessoa e direto aos líderes.
     Quando escreve o livro, Maquiavel o faz tentando agradar Os Médices, os governantes da sua época, embora não o consiga de mediato e sofre o desemprego, Maquiavel é contratado mais tarde.
     É interessante relatar aqui alguns fatos e conselhos que tomam destaque na obra e que por si resumem os capítulos do livro, é o caso da frase do capítulo III, onde Maquiavel exemplifica o surgimento de um principado: “Os principados são ou hereditários, quando a estirpe do seu senhor desde longo tempo os rege, ou novos. Estes, ou são totalmente novos, como foi o de Milão para Francisco Sforza, ou são como membros acrescidos ao estado hereditário do príncipe que os adquire, como é o reino de Nápoles para o rei da Espanha.”. A partir daqui o autor busca explicar aos reis a hereditariedade de um Estado, seus pontos falhos, fracassos ou sucesso, claro que como dito anterior, Maquiavel, justifica usando narrativas passadas. Nesta parte, Maquiavel mostra que o principado novo sofre mais dificuldades para se manter, enfrentando rejeições, revoltas e guerras civis dentro da nova conquista: “É que os homens gostam de mudar de senhor, julgando melhorar, e esta crença os induz a pegar em armas contra quem os governa”.
     Ainda nos capítulos iniciais do livro, alguns trechos podem chocar o leitor, sendo este do povo ou assessor, mas é uma prática aconselhável, segundo Maquiavel, para o sucesso de um Principado (governo): “Note-se que os homens devem ser bem tratados ou então aniquilados”. Segundo Maquiavel, um Rei há que tomar uma única posição em determinados momentos e as impor com todo o rigor.
     Muitos principados surgem e são os mais variados meios para se consegui-los, como dito anterior, por hereditariedade, por conquista, eclesiásticos, por crimes e por agrado Civil. Neste último, o autor coloca que sempre haverá maior tranqüilidade para o Príncipe, pois aqui ele chegara com o apoio do povo: “Quem, portanto, se tornar príncipe, com o favor do povo deve conservá-lo seu amigo; e isto não lhe será difícil, já que o povo só deseja estar livre da opressão”. Além do citado, encontrado no capítulo IX, é comum a menção de Maquiavel no tocante aos príncipes e os tratamentos que devem ser destinados aos seus súditos civis.
     Além do povo, dos principados novos e hereditários, o escritor destina boa parte do livro os Principados e suas Defesas, ou seja, aos soldados e as armas, para falar sobre esta parte, o escritor reserva os capítulos XII, XIII, XIV expondo as narrativas de reis que agiram com soldados próprios, milícias ou com soldados emprestados; chama a atenção que lutar ao lado de milícias é caminhar rumo ao fracasso: “Desejo demonstrar melhor os males que o emprego dessas tropas acarreta. Os capitães mercenários ou são homens de valor ou não. Se o são, ninguém pode confiar neles, pois sempre aspirarão à grandeza própria, seja oprimindo, para isto, o príncipe que lhes paga o soldo, seja oprimindo os outros, fora das intenções dele”. Como sempre Maquiavel, exemplifica seus argumentos usando casos acontecidos na história e cita Os cartagineses que viram submetidos a soldados mercenários. O caso de Filipe de Macedônia que acabou por tirar a liberdade dos tebanos, de quem havia recebido o cargo de capitão das suas tropas após a morte de Epaminondas.
     Claro que o escritor ainda relata os prejuízos das tropas emprestadas, das mistas e por fim argumenta que o melhor é o Príncipe (governador) lutar sempre com suas próprias tropas.
     Os últimos capítulos são referentes às atitudes que o “Príncipe” deve tomar para com os seus súditos: se este deve encher-se de bondade para com o seu povo ou deve ser temido; cruel ou clemente; cumprindo as promessas e de que forma. Resuma-se que o restante do livro a partir do capítulo XV é sobre o comportamento do príncipe para o êxito na empreitada. “Na verdade, quem num mundo cheio de perversos pretende seguir em tudo os princípios da bondade, caminha para a própria perdição”. É importante ressaltar que nestes capítulos Maquiavel aconselha até sobre os gastos que o príncipe deve ter com seu povo. Ao término do livro, o Conselho é direto aos Príncipes da Itália, de sua época, claro. Neste término, Maquiavel encerra o livro exaltando as lideranças a lutarem pela liberdade da Itália, o escritor exalta a liberdade com argumentos e narrativas que vão desde o religioso ao humano.
     Portanto, “O Príncipe” é uma obra que merece atenção a quem queira governar mesmo nos séculos atuais. A linguagem é clara e se desenrola com narrativas históricas interessantes. Os conselhos de Maquiavel merecem destaque dentro da obra, pois são apresentados com argumentos convincentes e duradouros ao tempo. A psicologia e a filosofia aplicadas no livro o torna imortal, compara-se aqui esta imortalidade semelhante ao “AMOR” de Shakespeare que eternizou “Romeu e Julieta”, ao “CIÚME” de Machado de Assis que eternizou “Bentinho em Dom Casmurro”. Para eternizar “O Príncipe”, Maquiavel abandona estes sentimentos – Amor, Ciúmes e lança mão de um sentimento humano tão imortal quantos os outros: A vontade de liderar, de governar, de ter poder. Tudo isto torna “O Príncipe” uma obra seleta, onde só uns poucos têm a capacidade de lê-la e compreendê-la na prática.


POR ISAAC SABINO

quinta-feira, 27 de maio de 2021

A Rotatividade de Professores atrapalhando o sucesso dos alunos


Por Gabriele

 

            A busca por melhores condições no ambiente de trabalho e salário leva os melhores professores brasileiros a mudarem constantemente de instituição de ensino. Essas mudanças, na linguagem mais formal,  chama-se Rotatividade docente e é muito prejudicial a um acompanhamento mais próximo do alunado, o que acaba "precarizando" o serviço educacional e impactando negativamente no aprendizado dos alunos e, até mesmo, nas notas da escola nas avaliações do governo. Nisso, fica uma pergunta: como diminuir essas deficiências que são geradas com essas trocas?

                Atualmente os professores vivem procurando a melhor escola para trabalharem. Aquela que tem a melhor estrutura e paga melhor, além disso, está comum a mudança desses profissionais para outras áreas. A nova conquista se dá pela busca de um melhor salário e pelo desejo de sair do "estresse" provocado por uma sala de aula lotada, quente, sem a mínima tecnologia e com núcleo diretores que não têm a formação para o cargo e acabam assediando moralmente seus subordinados. Ainda há os alunos que não sabem o que a série requer e ainda por cima são violentos. Os que saem é porque sabem mais. Vão ganhar salários cinco, dez vezes maiores; os que ficam é porque não sabem o suficiente.

              Numa última medição do Instituto de Pesquisas Anísio Teixeira (INEP), 57% das instituições sofrem com esse problema que vem aumentando. 

               Com a troca, os estudantes acabam sendo os maiores prejudicados, pois a rotatividade, além de impedir um vínculo maior entre professor, gestão e turma, atrapalha na identificação das dificuldades de cada aluno. O impacto sofrido pelos estudantes com uma nova metodologia de ensino também é algo prejudicial. Com alguém que sabe menos e com uma nova metodologia, a instabilidade na escola é certa e causa do péssimo desempenho dos alunos nas avaliações internas ou externas que na maioria dos colégios, não passa da nota 4 no Índice da Educação Básica (IDEB) ou 400 pontos no Exame do Ensino Médio (ENEM), segundo dados do INEP.

             Portanto, é perceptível que um professor que consegue passar num concurso que paga mais seja melhor do que um que não consegue. Essa troca de um bom por um ruim provoca uma perda do rendimento. A educação brasileira não é de boa qualidade, apesar de uns poucos avanços. É por isso que interessa combater e reduzir o problema da rotatividade fazendo com que um profissional bom acompanhe e crie laços com os seus alunos até na hora do principal: um resultado positivo de toda sua turma nos Vestibulares e Enem’s da vida. A saída é micro e macro, partindo da autonomia da escola na confecção de um bom projeto de rotina, numa boa relação entre diretor e professor e no oferecimento na participação de programas pagos, de turnos ou horas extras ao mestre. Ademais, Ministério da Educação e Secretarias têm criar políticas para combater esse desânimo docente.

 

4. (Modelo Enem 2014e adaptada/Descritor 01 - Localizar informações explícitas em um texto) Infere-se do texto

A) que a busca por melhores salários não leva os professores a mudarem de instituição;

B) que os alunos não sofrem prejuízo com as mudanças constantes de professores;

C) que os professore não procuram as escolas com base na estrutura e melhores salários;

D) que a rotatividade enriquece os alunos que têm chance de ver uma nova metodologia;

E) que um professor que consegue o melhor concurso e o melhor salário sabe mais do que o que não consegue;




 

segunda-feira, 17 de maio de 2021

Um painel de experiência Sobre Avaliações em larga escala: uma pesquisa acerca das políticas relacionadas ao processo de avaliação numa escola maranhense e piauiense



Isaac Sabino CARDOSO1

 

              Sobre avaliações na educação brasileira, destaque para a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) 9394/96 juntamente com a 13.005/2014 que trata do Plano Nacional de Educação (PNE) e principalmente os artigos que falam das medições da qualidade do ensino básico. Este texto trata da análise histórica com entrevista feita nos núcleos diretores de duas escolas Estaduais: uma do Maranhão e outra no Piauí e suas percepções acerca das avaliações em larga escala.
                  Para além da observação e anotações bibliográficas, o que se queria saber era: um comparativo de números entre os dois órgãos; se o núcleo diretor acompanha os números da escola? O que a Direção pensa a respeito das avaliações externas?
                 Com relação às pesquisas bibliográficas, no que toca as avaliações, constatou-se que há amparo legal para essas medições. A LDB, por exemplo, é clara em seu art. 9º  V:
                      V – coletar, analisar e disseminar informações sobre a educação;
                     As duas escolas tiveram a sua primeira Prova Brasil aplicada no ano de 2017, mas foram encontrados dados de 2010 a 2016 a partir do Exame Nacional do Ensino Médio - ENEM. As duas realidades são muito parecidas com notas que variam entre 370 e 460 pontos. O índice pode chegar a 1000.
                Historicamente, os dois colégios, até 2017, possuíam certa autonomia pedagógica na organização de suas provas internas e encontros pedagógicos. Foram encontrados registros de semana de avaliações próprias tanto na escola do Maranhão quanto na do Piauí, e, também, campanhas de incentivos à participação dos alunos no Exame Nacional. Mas, mesmo com todas essas dinâmicas representando autonomia e descentralização, os resultados na primeira prova do Sistema De Avaliação da educação Básica (SAEB) não foram satisfatórios: 3,6 para a escola maranhense e 2,6 para a piauiense. Provavelmente, por conta disso, é que em 2018 e 2019, acontece uma reviravolta que irá centralizar todas as dinâmicas avaliativas junto às Secretarias estaduais de educação (SEDUC): no Maranhão o foco é o que se chama SEAMA (Sistema de avaliação do Maranhão) e no Piauí é o SAEPI (Sistema de avaliação da educação piauiense). Esses dois testes são seguidos de diversas outras normativas. Na escola maranhense, por exemplo, alegando não permitir mais a perda de horas aulas, o Estado proíbe os momentos avaliativos semanais, mas deixa os professores livres para planejarem e aplicarem suas provas em seus horários desde que seja disponibilizada uma aula por semana para serem trabalhado os descritores do SAEB. Já no Piauí, é criado o dia “D” de provas que acontecem de forma bimestral nos moldes do ENEM, preferencialmente, realizados na quinta e sexta-feira e conciliado com a necessidade de três horas Pedagógicas cumpridas no ambiente escolar que é o Horário de Trabalho Pedagógico Coletivo (HTPC) que acontece na quarta-feira. Todas essas dinâmicas precisando ser registradas e acompanhadas em tempo real pelos dois Estados através de sistemas onlines (SIAEP no Maranhão e iSEDUC no Piauí).
                  Centralizando mais ainda a rotina da escola piauiense junto à SEDUC, o Estado requisitou parte da carga horária aquilo que se chama mediação tecnológica – uma espécie de educação à distância ministrada por professores diretamente da capital. O mesmo programa permite formações ao corpo docente.
                Com essas políticas tendo seu ápice em 2018, os resultados maranhenses caíram - com nota 3,33 no SEAMA, o SAEB, do ano anterior, era de 3,6 número que se firmou em 2019. Já no SAEPI houve uma melhora de 2,9, o resultado do IDEB anterior foi de 2,6 e 3,8 em 2019. Como o Estado piauiense centralizou mais, o seu resultado cresceu. O problema aqui é que essa política vai contra a literatura que pede uma escola mais autônoma e descentralizada. Heloísa Lück (2013) apud Cunha (1995) diz que descentralização existe mesmo é no sistema americano de ensino, onde as famílias se sentem totalmente responsáveis pelas escolas, “... cada vila ou cidade constitui um sistema escolar inteiramente autônomo. O Estado apenas dá algumas diretrizes de caráter extremamente geral e compensações financeiras, [...] enquanto o governo federal apenas promove programas e mobiliza debates”. Outra situação que gera incômodo docente é o excesso de HTCP, pois, além da obrigatoriedade da participação na quarta-feira, vez por outra os professores são convocados para reuniões aos sábados e participação em eventos da escola no contra turno, o que pode acarretar excesso de carga horária.
                  Com relação aos entrevistados, todos conhecem todas as avaliações externas aplicadas para verificar o aprendizado dos alunos, com diferenciais mínimos. Segundo o diretor maranhense, no Estado são realizadas campanhas com treinamentos à Gestão e aos professores no intuito de trabalharem o formato de questões aplicadas na Prova Brasil e com um teste aplicado como culminância; Já no Piauí, há um simulado para medir o aprendizado do aluno.
              Ao serem perguntados sobre o que pensam a respeito dessas avaliações, o Diretor maranhense não tem dúvidas da importância dessas medições. Para ele, "o ENEM, além de mostrar os índices e acertos por área de conhecimento, serve como porta de entrada para os alunos ingressarem na Universidade. Já a Prova Brasil, ainda segundo o diretor, é o que fornece um suporte para que a gestão junto com os professores e coordenadores possam montar estratégias e consigam melhorar seus números". Já o diretor piauiense vê tais avaliações mais como ferramentas de exclusão. Para o entrevistado, essa exclusão acontece entre alunos com maior e menor poder aquisitivo e entre alunos de zona urbana e rural. Na fala da direção são diversos problemas que atrapalham a escola e cita greves, transporte escolar e longa distância de deslocamentos dos alunos.
                  No que toca saber se essas avaliações impactam ou não na realidade da escola, o diretor maranhense vê de forma positiva os impactos da aplicação do exame para verificar o aprendizado dos alunos, contudo, o diretor apresenta desânimo “por uma questão cultural [...] os alunos não querem saber nem do ENEM, nem da Prova Brasil”. Segundo ele, “quando chega à época do ENEM, a gente anda adulando os alunos para que façam as inscrições. O que deveria ser automático, a direção tem que se envolver até com “força tarefa” para que haja as inscrições e a escola não fique no negativo”. Com relação à Prova Brasil, a direção  disse que agora que tiveram uma aplicação e que, embora tenha havido três preparatórias para o dia da prova – no dia do teste o que se viu foi falta de interesse. Por conta disso, os impactos positivos são pequenos. Já a direção piauiense vê impactos negativos na aplicação desses exames no intuito de dar uma nota para a escola: “as escolas ficam engessadas a ensinar em prol da Prova Brasil e Enem. Existem Estados que até aumentam a carga horária das turmas que irão participar dessas avaliações”.
                   Percebe-se a partir deste trabalho, um avanço na mentalidade daqueles que trilham por gerir a coisa pública. Demonstrar interesse por dados quantitativos de um órgão já é meio caminho andado rumo ao sucesso da instituição. Contudo, esse interesse tem que vir acompanhado de muita leitura sobre o assunto. Nisso, o bom, é que se constatou nas duas realidades, que os diretores conhecem as pontuações de suas escolas e estão de parabéns por tal atitude. E, mesmo que se tenha presenciado um desânimo, quanto às participações e notas dos alunos, pelo menos, há um ponto que chama a atenção e merece uma pesquisa à parte - é quanto a identidade da escola: Como escolas de Estados diferentes, separadas por um rio, são tão parecidas? com diretores falando a mesma língua. Isso faz lembrar algo acerca da “identidade da escola” tão propagado por Heloísa Lück (2013). Naquela publicação, a autora defende que uma escola que funciona é aquela que tem uma identidade própria e difere, em todos os aspectos, das demais mesmo estando numa mesma cidade. Seria o problema da identidade o entrave nas notas da escola? A busca da identidade do colégio deveria ser o pilar da escola? Será que é essa identidade que pode melhorar os indicadores? Ou a centralização piauiense que padroniza todo o fazer Pedagógico do Estado é sustentável e duradoura e nega essa busca pela identidade? Uma outra questão diz respeito a centralização de um ente da federação e consecutivamente melhora dos números, o que implica uma pergunta: há necessidade de gestores na escola ou somente executores seria suficiente? Outras perguntas também surgem à medida que a pesquisa avança. Tudo isso é assunto para uma outra pesquisa.








         REFERÊNCIAS


Brasil. [Plano Nacional de Educação (PNE)]. Plano Nacional de Educação 2014-2024 [recurso eletrônico] : Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014, que aprova o Plano Nacional de Educação (PNE) e dá outras providências. – Brasília : Câmara dos Deputados, Edições Câmara, 2014.

FRASSON, Antonio Carlos,:JUNIOR, Constantino Ribeiro de Oliveira. METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA. São Luís, Maranhão : 2010

Lakatos, Eva Maria. Fundamentos de metodologia científica Marina de Andrade Marconi, Eva
Maria Lakatos. - 5. ed. - São Paulo : Atlas 2003.

Lei de Diretrizes e Bases. Disponível em <http://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1996/lei-9394-20-dezembro-1996-362578-publicacaooriginal-1-pl.html> acesso em 07 de junho de 2018

Lück, Heloísa. Concepções e processos democráticos de gestão educacional/ Heloísa Lück. 9. Ed – Petrópolis, RJ : Vozes, 2013. Série: Cadernos de Gestão

Portal do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas – INEP. Disponível em <http://portal.inep.gov.br/web/enem/enem> acesso em 25 de maio de 2018

Oliveira, Dalila Andrade. Política e Gestão da Educação / organizado por Dalila Andrade Oliveira e Maria de Fa´tima Félix Rosar – Belo Horizonte: Autêntica, 2002





domingo, 16 de maio de 2021

O uso do capacete e o costume no Direito brasileiro

O Brasil tem uma lei que nasce em Brasília e serve para todo o país. O problema é o tamanho do estado brasileiro e as diferenças culturais e climáticas entre regiões. Essa situação é refletida em leis que têm que ser obedecidas, mas são inconvenientes em determinados lugares. Um desses problemas que pode ser comentado aqui é o caso dos motociclistas do interior (principalmente no norte e nordeste) que insistem em não usar o capacete: os argumentos por parte dos usuários de motocicletas são convincentes, contudo a lei existe.
     Do lado de quem usa motos há resistência nas apreensões ou pagamentos de multas quando o usuário é pego sem capacete no trânsito. A alegação é sempre a mesma: o calor da região (o equipamento esquenta muito); o baixo índice de acidentes no interior e principalmente nas vias em que estão os fiscais; a situação financeira de quem compra uma moto (muitos são vendedores de peixes); o tamanho da cidade – as motos sempre são usadas para pequenas distâncias; e por último, o mais interessante – o costume. Para os motociclistas, a maioria das pessoas desses pequenos lugares não têm o costume de usar o capacete.
     Dos argumentos citados o que poderia ser usado para evitar a perda do transporte e a multa poderia ser o costume, pois há esse mecanismo nas fontes que alimentam o direito brasileiro. Mesmo assim não adiantaria. No direito, o costume, para mediar um conflito, só é usado na ausência de lei. No caso brasileiro existe uma lei.
Art. 244. Conduzir motocicleta, motoneta e ciclomotor:
- sem usar capacete de segurança com viseira ou óculos de proteção e vestuário de acordo com as normas e especificações aprovadas pelo CONTRAN;
II - transportando passageiro sem o capacete de segurança, na forma estabelecida no inciso anterior, ou fora do assento suplementar colocado atrás do condutor ou em carro lateral;
...
Infração - gravíssima;
Penalidade - multa e suspensão do direito de dirigir;
Medida administrativa - Recolhimento do documento de habilitação;
VI - rebocando outro veículo;
(CTB – Lei nº 9.503 de 23 de setembro de 1997)

     É uma situação complexa, mas qualquer pessoa que recorra ao juiz vai se deparar com uma situação que confirma a apreensão do veículo, a multa e a perda dos pontos dos que têm carteira (no norte e nordeste brasileiro a grande maioria dirige sem carteira). Existindo a Lei o costume é inválido. A verdade é que a lei para um território tão grande e com tantos pobres deveria vir regeada de alguma flexibilidade ou então deveria existir uma outra lei que diferenciasse os equipamentos por região, mas aí já outra história.

Por Isaac Sabino






REFERÊNCIAS



Oliveira, João Rezende Almeida Instituições de direito público e privado / João Rezende Almeida Oliveira, Tágory Figueiredo Martins Costa. – 2. ed. reimp. – Florianópolis : Departamento de Ciências da Administração / UFSC; [Brasília] : CAPES : UAB, 2012.


Silva, José Maria da. Apresentação de trabalhos acadêmicos: normas e técnicas/José  Maria da Silva , Emerson Sena da Silveira. 5. Ed. – Petrópolis, RJ : Vozes, 2009

TREVISAN, Andrei Pittol; BELLEN, Hans Michael vanRevista de Administração Pública. Rio de Janeiro 42 (3): 529-50, maio/jun. 2008.





terça-feira, 11 de maio de 2021

Análise crítica da letra e do videoclipe “Another Brick in the Wall” da banda Pink Floyd à luz da dialética das tendências pedgógicas.


                     

                    O homem é sim um animal que copia, só em poucas ocasiões é que ele é gênio e cria algo totalmente novo. Outra característica humana é a dialética, principalmente no que diz respeito ao ato de educar. Tem uma música, “Another Brick in the Wall” com vídeo clipe, da banda Pink Floyd que é a prova desta conversa histórica, embora a intenção dos músicos fosse outra. Do álbum lançado pelos compositores aos dias de hoje, o mundo educacional mudou e ainda pode mudar mais, tornando os alunos donos de suas escolhas e que acredita na importância da escola como instituição capaz de ajudar nortear suas vidas.
                   Na conversa histórica já foi dito que o homem é um ser material e natural, racional, sociopolítico, ético-moral, de práxis, estético, religioso e transcendente. Mas, numa observação mais profunda, pode-se acrescentar, também, que o homem é um ser que copia. Já na infância, as crianças copiam os pais reproduzindo a estrutura familiar observada: as meninas, durante um bom período, brincaram de boneca, de casinha; os meninos se armaram com espadas de brinquedo. Já adulto quem nunca viu um negócio da concorrência prosperando e resolveu copiá-lo? Esse ato de copiar ou reproduzir foi adotado pela escola em seus primórdios e teve seu ápice até o início do século XIX, com a escola copiando e reproduzindo, num processo de memorização, todos os conhecimentos e estruturas morais de fora do colégio dentro da sala de aula. Contudo, vez por outra, aparece um gênio, uma pessoa que não quer copiar e cria algo novo ou aponta falhas na estrutura vigente. Isso é a dialética.
                Essa dialética, que filosoficamente, é a oposição, o conflito originado pela contradição de princípios teóricos, vai ser forte na realidade escolar com as tendências pedagógicas contrapondo-se umas as outras. Por conta disso, a escola vive um eterno processo de amadurecimento, numa constante briga entre as tendências liberais e as progressistas. Os progressistas acreditam que a escola deve promover uma educação que analise de forma crítica as realidades sociais possibilitando a compreensão da realidade histórico-social, explicando o papel do sujeito como um ser que constrói sua realidade; já os liberais acreditam que a escola tem a função de preparar os indivíduos para desempenhar papéis sociais, baseadas nas aptidões individuais. É bem aqui que entra a música com videoclipe da banda Pink Floyd – “another Brick in the wall”.
                Mesmo inconsciente, as pessoas estão sempre tomando um lado. É o caso de uma das músicas do álbum “the wall” que critica de forma radical a educação liberal e em especial a tendência tradicional. Para quem não lembra, em um dos clipes a narrativa segue a letra da música que começa com um grupo de crianças fazendo aquilo que Thomas Hobbes diz que os homens fazem quando estão livres do Estado e de regras – que é fazer o mal uns aos outros. Os meninos não estão na escola, instituição do Estado, estão colocando uma bala no trilho do trem para ser disparada quando a máquina passar. Logo em seguida um professor raia com aquelas crianças que estão livres e o telespectador é levado a uma sala de professores que “roboticamente” se dirigem a sala de aula para cumprir uma rotina, segundo a letra, de tortura dos discentes ali presentes. Ainda conforme os autores da música, os professores copiam, repetem e passam para frente repressões recebidas em suas casas por suas esposas, e é na escola, batendo nos alunos, que os mestres se vingam. A partir daí o vocalista diz “Nós não precisamos de educação”. A crítica é que a escola funciona como uma fábrica que pega um produto e o transforma em outra coisa, por isso, segundo a letra, o professor “tem que deixar as crianças em paz”, pois o que está sendo feito com esses meninos é a retirada de suas diferenças, as transformando num tijolo igual a outro. O término do vídeo e da música é dado com a destruição da escola.
                   Embora a intenção dos músicos tenha sido a anarquia total: o homem sendo lobo do homem. O homem sem o controle da escola. O homem sem regras. A sociedade não concordou com esse pensamento e a escola continua existindo em plena modernidade. Ainda não foi inventada uma instituição que supra a sociedade de todas as suas necessidades. De qualquer forma, o modo de ensinar mudou. Pode-se até dizer que a banda contribuiu para essa mudança. Hoje, o aluno não é mais um ser passivo. Aquelas práticas denunciadas no vídeo clipe já não existem com aquela mesma intensidade.
                     O mundo escolar mudou. A maior parte dos alunos já sabe que a escola é de suma importância num conforto futuro para eles. O “bullying” é combatido constantemente por todos que compõem a comunidade escolar. Há bem poucos resquícios da tendência tradicional, ainda existem, mas bem poucos. É fácil perceber da escola atual, pelo menos a brasileira - da tendência liberal um forte viés da Escola Renovada haja vista já haver um propósito no intuito de fazer do aluno um construtor de seus conhecimentos, considerada as fases do menino. Atualmente, até se encontra alguma tendência tecnicista, mas é num número insignificante. Das tendências Progressistas encontra-se libertadora, pois já há uma ampla mobilização para conscientizar os alunos na transformação de suas realidades e os livros já são escolhidos pelos professores, e alguns, de acordo com um conteúdo que se aproxime da realidade discente. Portanto, é difícil perceber duas tendências atualmente, a tradicional e a crítico-social dos conteúdos. Num modelo indutivo, a comparar pelas escolas que se conhece, acredita-se que todas as outras do Brasil são Renovadas, Libertadoras, Libertárias e algumas poucas tecnicistas.
                     Portanto, mesmo sendo dialético no sentido de denunciar um modelo de educação, a música “Another Brick the Wall” do Pink Floyd peca por pensar que a saída não passe pela própria educação. A escola nos moldes que se tem hoje é bem nova, surge no século XIX e por isso ainda passa por um processo de amadurecimento. O que falta para tornar o videoclipe algo mais ultrapassado ainda é só tornar o ambiente escolar vinculado ao lazer dos jovens e estimular um processo de inserção tecnológica neste espaço. Os meninos já sabem que quanto mais tempo permanecem no ensino formal mais qualidade de vida terão no futuro.   



REFERÊNCIAS



Dantas, José Carlos. Antropologia filosófica / José Carlos Dantas. – São Luís: UemaNet, 2011. 229 p.
Dutra, Luiz Henrique de Araújo. Teoria do conhecimento / Luiz Henrique de Araújo Dutra. — Florianópolis, 2008.

FRASSON, Antonio Carlos,:JUNIOR, Constantino Ribeiro de Oliveira. METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA. São Luís, Maranhão : 2010

Lei de Diretrizes e Bases 5692/71. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/l5692.htm> acesso em 17 de junho de 2018

Saviani, Dermeval, 1944- Pedagogia histórico-crítico: primeiras aproximações/Dermeval Saviani-11.ed.rev. – Campinas, SP: autores associados, 2011.

SILVA, José Maria da. Apresentação de trabalhos acadêmicos: normas e técnicas/José Maria da Silva , Emerson Sena da Silveira. 5. Ed. – Petrópolis, RJ : Vozes, 2009

Vieira, Ana Lívia Bomfim. História da Educação Brasileira.




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