sábado, 12 de dezembro de 2020

Sobre o governo da Biopolítica e os vícios do homem moderno


           Para entender a Biopolítica foucaultiana, faz-se necessário viajar bem antes da história do autor e perceber as relações entre o poder e o “ser” naquelas épocas. Ao chegar no tempo de Foucault e o atual, diferenciar o Estado Moderno com seu governo de seus antecessores percebendo as relações entre o indivíduo, a vida, a morte, a vontade do corpo e da população. Graças a Literatura e ao Cinema no presente, ficou bem mais fácil entender este pensador complexo: 1984 de George Orwell, zumbis, Matrix – o filme, dizem muito do Biopoder e do homem moderno, que só vaga.
         Quando se trata “dum” “ser” dentro do corpo, a primeira coisa que o leitor tem que saber é que há um dilema acerca da “inexistência” do “ser”. É fácil entender: imagine uma máquina de viagem no tempo e um indivíduo, hoje brasileiro. Se alguém pudesse voltar ao nascimento desta pessoa e raptá-la deixando-a na Índia e voltar aos dias de agora, o “ser” dentro do corpo teria outros gostos, tanto quanto às comidas quanto no vestir. A conclusão dessa premissa é que o “eu” que se pensa real no aqui agora é frágil.
          Pois bem, toda a história recente pré Foucault é marcada por um Estado que tem a figura do Rei ou da igreja como o governo controlador dos indivíduos.  O poder é do Rei ou da igreja. O “ser” que era colocado dentro do corpo que nascia, o “EU”, dependia diretamente de como a majestade ou os bispos queriam que ele fosse. Qualquer um que se desviasse dos caminhos propostos pelo poder, era retirado do convívio social com a perda da vida. Nesse momento a execução é um espetáculo e serve para mostrar aos súditos o que acontece com os que ousam pensar diferente da nobreza. Era um escravizar dos vivos pela ameaça da morte.
          Um caso exemplar, acontecido no Brasil, de como a morte era um espetáculo a ser visto por todos e com o intuito de controlar comportamentos, é a morte de Joaquim José da Silva Xavier – o Tiradentes. Não bastasse executar o inconfidente, a Rainha ordenou que cada parte de seu corpo fosse exposto em alguns lugares da cidade.
           A Morte na idade média era algo que devia estar sempre presente na vida das pessoas. Os velórios eram demorados e feitos para toda a comunidade. Os animais que serviam de alimento eram abatidos na frente de todos. Tanto o monarca quanto os sacerdotes estariam a serviço de algo maior que nem eles mesmos entendiam - o Estado. É aqui que se entende o termo “bio” proposto por Foucault: o Estado como um ser que existe por si só e tem nas suas células a manutenção de sua existência.
          O autor retrata o Estado como uma espécie de organismo vivo acima de tudo: dos deuses, do Deus, dos Reis, dos padres, dos homens comuns. Através de um biopoder, esse “ser” se mantém existente sempre.
“O Estado não é nem uma casa, nem uma igreja, nem um império. O Estado é uma realidade específica e descontínua. O Estado existe para si mesmo e em relação a si mesmo”. (FOUCAULT. O nascimento da biopolítica. Pág 7.)
          Uma mudança total de paradigma com relação ao poder acontece na modernidade e Foucault é o Filósofo que enxerga essa nova mudança de “ser do Estado” e a explica aos homens de seu tempo.
         Ao contrário do homem medieval, que mesmo sendo punido com a morte, continuava desafiando o poder e se deixando morrer e velando os seus mortos com comidas e bebidas, o Estado Moderno diz “não” ao ato de matar. A figura do Rei e da igreja é posta de lado (como um patrão que dispensa um empregado incompetente). Agora ao indivíduo é dada a vida. A morte é escondida totalmente: velórios passam a serem curtos e em ambiente não familiar; os animais que serão comidos são processados num formato que se distancia da imagem original do bicho.  
          Essa transição, do Estado Medieval para o Moderno, segundo Foucault, começa com o Direito, passa pelo mercantilismo e tem seu advento com a ideia posta em prática de Estado liberal ou Estado mínimo. Na verdade, Governo mínimo.  Para chegar às diferenças entre esses Estados, o filósofo parte da análise do particular para o universal – da vontade do indivíduo a da população.
         É claro que numa luta sempre há dois lados em disputa, e nessa contra o Estado, já no período monárquico, teve a questão do Direito. O Direito vinha desafiar o governo dos soberanos com aquilo que era lei originária de Deus aos homens. Foi o primeiro sinal da decadência de uma célula de comando do Estado – a monarquia. Reviravolta mesmo do século XVIII para os posteriores e, surgimento da Biopolítica - até assimilação do Direito - é com a questão do mercantilismo e do Governo mínimo através do discurso liberal.
         Por incrível que pareça é com a apologia a vida que o Estado Moderno consegue a sua melhor forma de escravizar. E tudo isso começa lá atrás com a ideia de liberdade, livre comércio e o “governo mínimo”. Tudo em escala global. Agora nem os presos podem passar pela decepção da execução com morte. Os animais que servirão de alimentos devem ser abatidos em lugares escondidos. A vida é esticada ao máximo em hospitais e os jovens vivem o culto a um corpo impossível de se manter. Fato bem posto por Foucault é o afastamento do Soberano e o protagonismo do próprio indivíduo na manutenção do Estado.
         Para o pensador francês, para a manutenção desse novo poder, além do distanciamento da morte, ao individuo é dada uma ideia de liberdade, principalmente no campo econômico. Um paradoxo, porque na verdade, o que vai acontecer é a existência de uma moral que valoriza o ser que produz muito e que quer viver mais para produzir mais. Ou seja, o indivíduo preso à vida e ao poder de produzir. Sem falar que o período é marcado pela palavra “regulação”. Ironia.
“O liberalismo, no sentido em que eu entendo [...] implica em seu cerne uma relação de produção/destruição [com a] liberdade [...] É necessário, de um lado, produzir a liberdade, mas esse gesto mesmo implica que, de outro lado, se estabeleçam limitações, controles, coerções, obrigações apoiadas em ameaças, etc.”. (FOUCAULT. O nascimento da biopolítica. Pág 87.)
          Vale ressaltar que enquanto o rei era o responsável por regular e até executar os seus súditos que fugiam à regra, nos tempos atuais, cada homem ou mulher, ou criança é uma célula responsável por fiscalizar e reprimir os que fogem da moral vigente.
          Peter Pál Pelbart, filósofo húngaro, usando o próprio Foucault, lança mão de uma metáfora interessante para explicar o homem moderno: começa com os judeus que ainda trabalhavam nos campos de concentração, mas que já estavam em estado avançado de desnutrição, contudo, ainda trabalhando. A impressão é que os corpos estavam ali, mas um “eu”, a “alma” não. Uma espécie de zumbi que produzia.
         É esse o homem atual, meio morto, meio vivo, que não quer morrer e vive repetindo as mesmas coisas/rotinas, desde cedo na escola e depois no trabalho todos os dias - às vezes “estressado”, sem gostar, mas sem expressar, porque precisa sobreviver; é esse  o homem atual que cuida da alimentação comendo comidas sem sabor algum; que vaga nos shoppings ou mercados a procura de algo para comprar e sentir um pouco dum prazer esquisito e passageiro.
          Há algumas obras literárias, cinematográficas ou da TV, recentes, que podem auxiliar no entendimento do homem contemporâneo e o biopoder proposto por Foucault. Livro, por exemplo, pode ser 1984 de George Orwell e filme pode ser Matrix de 1999 dos irmãos Whachowski ou as diversas séries e filmes de zumbis.
          Todos os enredos têm em comum personagens que vivem numa realidade que aparenta liberdade, mas que esconde toda uma estrutura que os faz produzirem mais, trabalharem mais. Acontece em 1984, acontece em Matrix. Interessante também frisar, são os homens, mulheres  ou crianças que vigiam uns aos outros – prontos a denunciarem qualquer tipo de desvio. Nos dois universos não se ver personificada a figura do líder. O cume é o sucesso dos zumbis em anos posteriores as aulas do filósofo francês.   
         Quem quiser entender o homem atual – que nasce no século XVIII e tem seu apogeu no século XXI, tem que conhecer a biopolítica proposta pelo filósofo francês Michel Foucault. Nos ensaios do autor, o leitor descobre um homem que esconde a morte, é célula de uma “pseudo liberdade” e é vazio a vagar em busca do nada a não ser da própria morte. E, para aqueles que acharem os textos do autor grandes e complexos, o filósofo é influência direta em sucessos literários, cinematográficos e de TV que muito provável todo mundo já assistiu ou ouviu falar.      
         














REFERÊNCIAS



FOUCAULT, Michel. Nascimento da Biopolítica: curso dado no Collège de France (1978-1979). Tradução de Eduardo Brandão. São Paulo: Martins Fontes, 2008.

Morgan, Gareth, 1943 - Imagens da organização: edição executiva/Gareth Morgan; tradução Geni G. Goldschmidt. - 2. ed. - 4a reimpressão - São Paulo : Atlas, 2002.

Silva, José Maria da. Apresentação de trabalhos acadêmicos: normas e técnicas/José  Maria da Silva , Emerson Sena da Silveira. 5. Ed. – Petrópolis, RJ : Vozes, 2009

Preta, Sala. Biopolítica. Disponível em < http://www.revistas.usp.br/salapreta/article/view/57320> Acesso em 30 de Nov 2017

Pinheiro, Ivan Antônio Negociação e arbitragem / Ivan Antônio Pinheiro. – Florianópolis : Departamento de Ciências da Administração / UFSC; [Brasília] : CAPES : UAB, 2012.
         82p. : il.


segunda-feira, 30 de novembro de 2020

Por uma escola de cidadãos.

RESENHACRITICA
Isaac Sabino CARDOSO1

PINSKY, Jaime e PAHIM, Regina. Por uma escola de cidadãos. Disponível em <http://www.jaimepinsky.com.br/site/main.php?page=artigo&artigo_id=127> Acesso em 26 de dezembro de 2017

                  Jaime Pinsky é Historiador, professor titular da UNICAMP, Doutor e livre docente da USP.  Foi também professor na Unesp (Assis) e na USP. Colaborou na criação das revistas Debate & Crítica, Contexto, Anais de História e Religião e Sociedade. Já Regina Pahim possui graduação em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo(1963), mestrado em Sociologia pela Universidade de São Paulo(1977) e doutorado em Antropologia Política pela Universidade de São Paulo(1992).
                  “Por uma escola de cidadãos” é um artigo que trata da cidadania a ser exercida no dia a dia e que coloca o caso específico do preconceito a ser combatido a começar pela escola. O texto resulta da experiência histórica do Professor Jaime Pinsky em parceria com a Professora Regina Pahim. O objetivo encontrado nos próprios autores “é tão somente iniciar a discussão desse tema”.
                      O artigo começa mostrando que conhece os diversos outros problemas enfrentados pela educação brasileira, contudo é na cidadania que Pinsky chama a atenção para o que deveria ser o foco, mas que nos últimos anos tem sido relegado a plano ”secundário”. Percebe-se a seguinte divisão no trabalho dos autores: a introdução apresenta o problema e conceitua cidadania apontando a escola como instituição responsável em ensinar esse valor ao brasileiro. As outras partes são nomeadas em “nossa tarefa”, “existe preconceito?”, “nós e o outro”, “Cuidado com as generalizações”, “preconceitos positivos”, “preconceito e racismo”, “o papel do professor”, “a hora da ação”.
                     Em “nossa tarefa”, o leitor é alertado sobre a cultura de distanciamento que existe entre o “cidadão” e o Estado brasileiro: é como se ambos fossem inimigos, o que não acontece em outras nações. O título conclama, justamente, uma mudança de postura no intuito de tornar o brasileiro participante ativo de sua democracia a começar por combater o problema do preconceito e da discriminação. A sequência do texto é uma resposta à pergunta “existe preconceito?”. Neste momento é trazido à tona a ideia do povo brasileiro como tolerante, pensamento desfeito numa rápida observação dos estereótipos como o do francês, do mexicano ou nacionais como o do nordestino ou do carioca ditados pelo próprio brasileiro.
                      Em “nós e o outro” o preconceito é confirmado a partir das falas de um indivíduo que tem sua religião como religião e a de outro como seita. Ainda são citados casos pequenos como no mundo do futebol para ilustrar que de nada adianta protestar contra limpezas raciais se nos menores gestos há preconceito. E são com essas premissas que os autores chamam a atenção do leitor para o “Cuidado com as generalizações”. Aquelas que atingem algumas categorias sociais, pejorando-as de forma negativa e dificultando o crescimento delas. A coisa piora em casos que envolvam crianças. Até o que se chama de “Preconceitos Positivos” (quando se acredita que todo negro seja bom de samba ou que todo japonês domine tecnologia) devem ser evitados, pois, segundo Jaime e Regina “são perigosos, prejudicam as suas vítimas do ponto de vista psicológico, uma vez que bloqueiam a criatividade [..]”.
                      Próximo dos parágrafos finais é traçada a linha tênue que existe entre “preconceito, discriminação e racismo” e é lançado um alerta que indaga sobre a igualdade convivendo com tais práticas e, de novo, o sistema educacional é conclamado a dar a sua contribuição para tornar o educando um cidadão que respeita o seu semelhante. Os autores reconhecem o pouco envolvimento dos professores com a temática. Justamente, “o papel do professor” é a penúltima pauta no artigo e aqui, o primeiro passo diz respeito à formação: o docente deve ser “habilitado” a transmitir a seu alunado a gravidade, as consequências de “tais questões”. Neste momento os escribas pedem que o professor reconheça seus próprios preconceitos no intuito “de tornar a escola um local onde realmente as crianças, independentemente de raça, cor, religião, origem, se sintam bem e tenham possibilidade de se desenvolver plenamente”.  
                      Por fim, “a hora da ação” é a conclusão onde é reconhecido o tamanho da tarefa, é ratificado o convite ao professor e às instâncias educativas no combate ao preconceito e a discriminação e é apresentada a solução de criação de ambientes que deem voz   aos que sofrem de tais males.
                    “Por uma escola de cidadãos” seria um texto inovador não fosse um discurso repetido numa época em que virou moda defender algo que dificilmente alguém vai ser contra. O tema da cidadania, do preconceito e das discriminações vem sendo tratado com intensidade nos últimos anos. Contudo, no caso do Brasil, e não se encontra no texto também, não há nenhum dado estatístico que comprove uma realidade de preconceito e discriminações disseminadas. Esse é o primeiro problema do artigo.
                      O segundo está no segundo parágrafo, quando são enumerados vários problemas da educação brasileira. O desânimo vem quando se subentende do argumento que esses problemas devem ser deixados para depois e o debate acerca da cidadania deveria ser o foco. A questão é que cidadania já é ensinada de forma natural e rotineira por professores que continuam com baixos salários, em salas de aulas sujas, carteiras quebradas ou insuficientes, com escolas que passam décadas sem reformas e com  milhares de alunos dividindo um único banheiro. Nessa hora, fica a sensação no leitor educador de está sendo convocado para algo que ele já faz. A cidadania almejada por Pinsky e Pahim só se efetivará quando os problemas estruturais e financeiros, enumerados por eles próprios, forem resolvidos. A cidadania será uma consequência – um resultado. Fica uma sensação de que os pesquisadores não conhecem a realidade - “na carne” - do ensino básico público no Brasil que tem convivendo na mesma sala superlotada e quente, as várias diferenças existentes na humanidade como o homem, a mulher, o negro e o branco pobres, o homossexual, o baixo, o alto, o gordo, o magro, o “crente”, o ateu e o católico.
                      Fosse verdade a disseminação do preconceito e da discriminação da forma como alardeia o texto, a escola e até mesmo o país já teriam eclodido num conflito incontrolável, insuportável e mortal. De um lugar assim todos já teriam se afastado, o que não se confirma porque, pelo menos no caso da educação, o número de matrículas só aumenta e os concursos para professores são sempre preenchidos.
                       Mas há coisas interessantes no texto: o estilo, por exemplo, é uma dessas coisas boas: o texto é marcado por ser conciso e simples. A linguagem é de fácil leitura, clara. O uso da primeira pessoa mostra que os autores se incluem nas más práticas e que também precisam se policiar para dar exemplo (só no penúltimo capítulo é que há o uso da terceira pessoa quando toda a tarefa da resolução do problema é delegada só ao professor secundário).
                       É de se observar que o artigo é só mais um chamamento repetitivo para o politicamente correto tão em voga neste tempo. É válido, mas é “raspar o fundo do tacho ou jogar para plateia”. Mas é válido. O artigo é um chamamento à escola e principalmente ao professor a adoção contínua da cidadania com foco no combate ao preconceito e a discriminação. Contudo, nada que qualquer leitor assíduo já não tenha lido, ou até mesmo um leigo telespectador já não tenha assistido, haja vista essa temática está toda hora na TV. 
                  

domingo, 8 de novembro de 2020

A Pedagogia da libertação como instrumento do homem pós-moderno


     Desde os primórdios a humanidade é dividida em dois grupos – os que oprimem e os que são oprimidos. O primeiro grupo sempre precisou das forças do segundo e o segundo sempre quis ser como o primeiro – e é bem aí que o grupo que oprime aproveita e oferece tal sonho aos oprimidos: só um sonho – uma esperança – uma armadilha. Paulo Freire, na Pedagogia da Libertação denuncia, através de uma nova forma de educar, o quanto se perde de cultura própria, de raízes próprias quando há a aceitação de uma realidade proposta por um grupo dito como superior. O problema é que nos dias atuais a perseguição de tal modo de vida “elitizado” provocou o individualismo, o materialismo e mais do que nunca se torna necessária a Pedagogia proposta por Freire.
     É sempre aquela história: um grande número de pessoas trabalha e um pequeno número é quem mais usufrui das riquezas produzidas. O que poucos sabem é da estrutura montada por esse pequeno grupo para fazer com que a grande maioria produza as riquezas existentes e nunca perceba que esteja fazendo algo para o conforto do outro. Essa estrutura começa pela educação. Na maioria das vezes a escola prega um sonho – uma esperança. Na verdade trata-se de uma armadilha onde pouquíssimas conseguirão realizar tal sonho e de novo os que não conseguem vão viver só da esperança e continuarão produzindo o conforto de uma minoria.
     A primeira lição dada na escola é aquela que separa o homem de sua cultura, de sua realidade. Lá são ensinadas coisas que não fazem parte do contexto real do aluno – um outro mundo. Um mundo a ser alcançado. No que é ensinado é dado pouco espaço para o questionamento, assim, o espírito crítico dos meninos é abafado por algo desconhecido. É Paulo Freire quem vai inovar com a Pedagogia da Libertação e mais do que nunca o homem pós-moderno tem a necessidade de tais ensinamentos dentro da sala de aula:  a única forma de evitar a disseminação do homem atual como ser materialista, alienado, egoísta, desconhecedor de sua própria realidade.
     A Pedagogia da Libertação de Paulo Freire é o trabalho mais completo acerca da formação do ser humano. Nela, é trabalhado um homem que olha para os outros com consciência; um homem que olha a natureza como parte de si; um homem amante da sua cultura e crítico às realidades que lhe são impostas. A proposta é educar os alunos a partir de seus espaços, suas vivências, experiências. Nesse contexto, educar não pode ser reproduzir a realidade de um pequeno grupo que se autoproclama detentor da verdade, mas que sem a pedagogia proposta por Freire só tem afundado homens e mulheres no individualismo, no materialismo.
     É perceptível que o modelo de educação adotado nos dias atuais resulta em mais erros do que acertos. É um modelo que incentiva o lado mais maldoso do ser humano: egoísmo, materialismo. É o modelo que repassa a realidade de uma minoria como verdade a uma grande maioria. A solução ou humanização da educação pode ser a Pedagogia da Libertação proposta por Paulo Freire. O que se tem ali é a oposição ao modelo que forma o homem pós-moderno.

Por Isaac Sabino e Adriana

Pré-projeto de Pesquisa com os itens necessários para o desenvolvimento do mesmo:

                                          UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO
NÚCLEO DE TECNOLOGIAS PARA A EDUCAÇÃO - UEMANET
CURSO DE LICENCIATURA EM FILOSOFIA



ISAAC SABINO CARDOSO









O sucesso da educação a partir da confecção e execução do Projeto Político Pedagógico da escola





                                  









TIMON DO MARANHÃO
2017
ISAAC SABINO CARDOSO











O sucesso da educação a partir da confecção e execução do Projeto Político Pedagógico da escola


Projeto de pesquisa apresentado no Curso de  Licenciatura em Filosofia, como requisito para a elaboração do trabalho da disciplina Metodologia Científica.

Orientador: Prof. Especialista:  Alexsandra Morais Pereira                      












Timon do Maranhão
  2017

SUMÁRIO


1.             CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA 04
1.1         Tema 04
1.2         Problema 04
1.3         Hipótese ou questões norteadoras 04
1.4         OBJETIVOS 04
1.4.1   Objetivos Gerais 04
1.4.2   Objetivos Especificos 04
2.             JUSTIFICATIVA 05
3.        REFERENCIAL TEÓRICO 06
4.             METODOLOGIA 08
4.1         TIPO DE PESQUISA 09
4.2         UNIVERSO E AMOSTRA 09
4.3         COLETA DE DADOS 09

5.             CRONOGRAMA 10
          REFERÊNCIAS 11                                                                                                                                                               




1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA


1.1    Tema



O sucesso da educação a partir da confecção e execução do Projeto Político Pedagógico da escola

1.2 Problema


Em que medida a ausência do planejamento de longo prazo é prejudicial à escola?

1.3 Hipótese(s) ou Questões norteadoras


A dificuldade brasileira em se organizar burocraticamente está ligada diretamente ao descaso com o planejamento – o que reflete na ineficiência em praticamente todos os órgãos público brasileiro – inclui-se aí a educação. O Projeto Político Pedagógico (PPP), o planejamento da escola pública, quando não confeccionado e executado impacta negativamente na escola e consecutivamente na educação.

Por que os gestores de escolas públicas insistem na desvalorização da confecção e execução do PPP?

O que leva uma gestão a confeccionar um PPP e engavetá-lo?

1.4 Objetivos


1.4.1 Objetivo geral


Analisar o quanto a rejeição cultural brasileira ao Planejamento impacta negativamente nos números de uma escola.

1.4.2 Objetivos específicos


Conceituar Planejamento;

Conceituar Projeto Político Pedagógico;

Conhecer como o Planejamento é decisivo em outras culturas privadas e públicas desenvolvidas;

Examinar a história do Planejamento no contexto brasileiro;

Analisar como a cultura do improviso, ou só para atender um rito burocrático, é decisiva na ineficiência da escola pública afetando a educação local e consecutivamente a brasileira;


1.5 Justificativa



 






















2 REFERENCIAL TEÓRICO



Administrar implica planejar, organizar, dirigir e controlar o uso dos recursos totais de uma organização a fim de alcançar seus objetivos (CHIAVENATO, 1999).
Chiavenato é a melhor tradução do que antecede e completa o sucesso da Organização.
Na vasta literatura que importa e conceitua o planejamento, destaque para Maximiano (2004), que entende por planejamento a atividade de se definir um futuro desejado e de se estabelecer os meios pelos quais este futuro será alcançado. Trata-se essencialmente de um processo de tomada de decisões, caracterizado por haver a existência de alternativas.
                  Essa afirmação é reforçada por Certo (2003, p. 103) afirmando que: “Planejamento é o desenvolvimento sistemático de programas de ação destinados a alcançar objetivos de negócio estabelecidos de comum acordo por meio de análise da avaliação e da seleção das oportunidades          previstas”. Para Lacombe e Heiborn (2003, p. 162) “O planejamento é um processo administrativo que visa determinar a direção a ser seguida para alcançar um resultado desejado. [...]”
O planejamento em Chiavenato (1999), Maximiano (2004), Certo (2003) e Lacombe e Heiborn (2003) pode ser resumido nos seguintes termos: antecipação; definição de meios; visão de futuro; programas de ação; direção. É interessante observar que as palavras dos autores formam uma conexão entre passado, presente e futuro. São palavras chaves e de cunho positivo que, claramente, vinculam a organização de algo como controle de uma situação temporal e consecutivamente o sucesso.
Portanto, não à toa, várias personalidades chamam a atenção para a gestão organizada das instituições. Percebe-se que o sucesso só será atingido se objetivos forem traçados e seguidos com uma avaliação contínua. Isso é planejamento e o da escola chama-se Projeto Político Pedagógico (PPP).
                 Um Projeto Político Pedagógico é um Planejamento de longo prazo feito para um lugar menor – uma escola. O documento possui toda a estrutura de um Planejamento Estratégico (PE) grande, inclusive o prazo – a confecção deve durar quatro anos com revisão em dois. Além da missão, visão, dentro do documento tem as orientações para os planos executores – os de menor prazo.
                   Para Paulo Roberto Padilha, (2014), O PPP se torna um documento vivo e eficiente na medida em que serve de parâmetro para discutir referências, experiências e ações de curto, médio e longo prazos", diz Paulo Roberto Padilha, diretor do Instituto Paulo Freire, em São Paulo.
                 O Projeto Político Pedagógico (PPP) é um documento revestido da maior importância porque permite a participação do coletivo na sua elaboração e garante aos pais a escolha da escola com base em seus princípios, sua identidade e outras características.
       Da sua elaboração participam todos os segmentos da comunidade escolar: Gestão, Conselho, Professores, Pessoal Administrativo e pessoal de Apoio.
     O Projeto objetiva nortear todo o trabalho político, administrativo, financeiro e pedagógico durante o período de (04) quatro anos, com revisão prevista para (02) dois anos. Além da Identificação consta no documento Declaração de Valores, Missão, Visão; Fatores Críticos de Sucesso; Análise Externa (oportunidades e ameaça); Análise Interna (pontos fracos e fortes); Questões Estratégicas; Estratégias; e Ações Estratégicas.

                   












 

 

 

 

 

 

 

3 METODOLOGIA


                  
                   De acordo com a classificação em Vergara (2003) esta pesquisa pode ser útil quanto aos fins e quanto aos meios. Quanto aos fins, o trabalho é exploratório, descritivo e explicativo uma vez que visa perceber o comportamento dos Gestores e de uma parcela da comunidade quanto da organização, execução e avaliação de um Planejamento Escolar de longo Prazo.
                   É exploratória porque visa prover o pesquisador maior conhecimento sobre o tema, que pode ser usado em estágios iniciais da investigação e também porque foram usados métodos, critérios e técnicas pré-estabelecidas para formulação da hipótese. (Cervo e Silva, 2006).
                 Segundo Barros e Lehfeld (2007) na pesquisa descritiva realiza-se o estudo, a análise, o registro e a interpretação dos fatos do mundo físico sem a interferência do pesquisador. Quando do registro, da análise e interpretação dos fatos e identificação das causas é explicativa, pois com essa prática visa-se ampliar generalizações, definir leis mais amplas, estruturar e definir modelos teóricos, relacionar hipóteses ou ideias numa dedução lógica (Lakatos e Marconi, 2011)
                  Quantos aos meios, a metodologia utilizada na elaboração dessa pesquisa é a de campo, também é documental e bibliográfica porque é necessária uma vasta leitura de textos antigos e atuais referentes ao assunto. A linguagem é objetiva e simples, trazendo a todo o momento referências ao Planejamento Estratégico e ao Projeto Político Pedagógico. Ainda, há a troca de ideias entre os colegas acadêmicos através de e-mails e interações no Ambiente Virtual de Aprendizagem. O trabalho é de cunho analítico dedutivo e visa provar as ineficiências da educação pública brasileira quando se distancia do ato de Planejar.
                  A amostragem é não-probabilística por conveniência porque a população estudada é, claramente, uma representatividade do todo. Isso se aplica, tanto no universo dos gestores quanto no dos seus subordinados e, também pela facilidade de se encontrar os documentos comprobatórios no local. O fato de ser exploratória está de acordo com Mattar (2001) no que toca a testar ou obter ideias sobre determinado assunto de interesse.
                  Os procedimentos são aquilo que se chama Pesquisa-Ação, pois visa-se esclarecer algo para o bem da coletividade. Segundo Thiollent (2002, p. 75 apud VAZQUEZ e TONUZ, 2006, p. 2), “com a orientação metodológica da pesquisa-ação, os pesquisadores em educação estariam em condição de produzir informações e conhecimentos de uso mais efetivo, inclusive ao nível pedagógico”, o que promoveria condições para ações e transformações de situações dentro da própria escola.
                  As possíveis limitações do método se referem ao tipo de amostra utilizada na pesquisa. O ideal seria uma pesquisa com todo o universo da escola, o que não é possível por questões de tempo e disponibilidade do público pesquisado. Ainda como limitação, é a recusa de alguns entrevistados em divulgar seus nomes nas entrevistas.


3.1 Tipo de pesquisa



A pesquisa é aplicada. A abordagem é qualitativa. A descrição também é objetivo. Os procedimentos adotados é aquilo que se chama Pesquisa-Ação com a pesquisa em bibliografia existente.


3.2 Universo e amostra


Comunidade escolar das duas escolas a serem trabalhadas.


3.3 Coleta de dados


Para a coleta dos dados faz-se necessário a observação do ambiente escolar seguido do uso de entrevistas e de pesquisa em vasta documentação sobre o tema.
















4 CRONOGRAMA


ATIVIDADES
jun
jul
ago
set
out
nov
Levantamento bibliográfico
X





Revisão de literatura

X




Elaboração dos instrumentos para a coleta de dados
X





Levantamento dos dados

X




Análise e interpretação dos dados


X



Construção e digitação do texto monográfico


X



Normalização da Monografia






Entrega da Monografia

X




Defesa da Monografia


X





 


























REFERÊNCIAS


ALMEIDA,  Antonio Anderson; MENEZES, Josefa de Fátima. A importância do planejamento estratégico como fator preponderante ao crescimento organizacional. Disponível em <http://fjav.com.br/revista/Downloads/edicao08/Artigo_60_76.pdf>

        CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à Teoria Geral da Administração: na administração das organizações. Edição Compacta. 3° Ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.     

CHIAVENATO, Idalberto. Administração estratégica. São Paulo: Saraiva, 2006.

OLIVEIRA, Djalma de Pinho Rebouças de. Planejamento Estratégico: conceitos, metodologia e práticas- 23ª Ed. São Paulo: Atlas, 2007.

MISOCZKY, Maria Ceci Araujo. Planejamento e programação na administração pública / Maria Ceci Araujo Misoczky, Paulo Guedes. – Florianópolis : Departamento de Ciências da Administração / UFSC; [Brasília] : CAPES : UAB, 2011. 184p. : il. Disponível em <http://www.impostometro.com.br/posts/carga-tributaria-brasileira> acesso em 02 de maio 2015.


SILVA, José Maria da. Apresentação de trabalhos acadêmicos: normas e técnicas/José Maria da Silva , Emerson Sena da Silveira. 5. Ed. – Petrópolis, RJ : Vozes, 2009




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