No findar da Idade Média surge o Renascimento
deflagrando uma passagem para a Idade Moderna. Nesse período, destaque para
William Shakespeare e principalmente uma de suas melhores peças que é Hamlete.
Este artigo traz uma análise filosófica da cena 1 do ato 3 da referida peça numa
conexão com a época renascentista e a atualidade.
Em Hamlete, por exemplo, o protagonista,
depois de ter seu pai morto, passa a viver com frequencia a angústia da
vingança. Os nomes aqui já apontam o nascimento de termos que dificilmente
seriam usados no período medieval que é o caso de “ninfa”. E, mais, graças às
descobertas de novos povos por conta das navegações, o homem nunca mais será um
“ser” único como verdadeiro e ditado por uma única igreja. Agora há diversos
outros povos com culturas e deuses diferentes o que impossibilita mais ainda
dizer que um grupo de pessoas está de
posse de uma verdade. O “ser ou não ser, essa é que é a questão” resume bem
esse novo homem. A partir do Renascimento, o homem é dono do seu próprio
destino podendo decidir entre ser o que quiser e, portanto, sendo individualista.
Esse individualismo fica bem expresso no
desejo de vingança de Hamlet que não pensa nem na sua amada Ofélia, pois no
último verso, “A bela Ofélia! Ninfa, em tuas preces Recorda os meus pecados”, o
personagem parece pedir que ela reze por ele porque ele não consegue se livrar
dos seus desejos odiosos.
O enredo também é cheio de aspectos filosóficos que são debatidos
desde sempre e persistem atualmente, basta ver os versos “Morrer – dormir;
Dormir, talvez sonhar – eis o problema: pois os sonhos que vierem nesse sono De
morte, uma vez livres deste invólucro Mortal, fazem cismar.” É perceptível
nesse verso uma reflexão acerca da morte e do que virá depois, pode-se dizer
também da consciência dentro do corpo e que, com a destruição da matéria, toda
a angústia se findaria. Ser um renascentista é justamente isso, findar tudo com
a morte do corpo. Isso é novo porque desde Platão até a idade média com os
patrísticos e escolásticos, as coisas continuariam após a morte, agora, o autor
põe isso em dúvida.
Ainda fica subentendido do enredo que
Hamlet sendo dono de seu destino pode findá-lo com o suicídio. Essa marca
desesperançosa - consigo e com a humanidade - irá ter seu ápice na contemporaneidade
que unida a depressão e outras doenças, marcam esta época.
É por tudo isso que a cena 1 do ato
3 da peça Hamlet de Wiliam Shakespeare torna a obra do autor algo imortal. É a
expressão de uma nova realidade surgindo e sendo expressa na literatura de
forma a apresentar um novo homem: um homem mais centrado em si mesmo, porém angustiado
por precisar ser dono de seu próprio destino. É isso que se encontra na peça de
Shakespeare, agora, um héroi, não tão herói assim, porque precisa se vingar e
não consegue se livrar desse sentimento não tão nobre e que, para espantar tal
fantasma, pensa no suicídio.
REFERÊNCIAS
Hamlet. Ato III, cena I, por William Shakespeare.
Disponível em <https://jornalggn.com.br/noticia/hamlet-ato-iii-cena-1-por-william-shakespeare/>
acesso em 19 de agosto de 2019
MARCONI,
M. A.; LAKATOS, E. M. Fundamentos de metodologia científica. – 5. Ed.
-São Paulo: Atlas, 2003
Renascimento. Disponível <https://www.estudopratico.com.br/caracteristicas-do-renascimento/>
acesso em 19 de agosto de 2019
SANTOS, Fernando César. Política
Educional Brasileira. Disponível em: <https://ava2.uemanet.uema.br/mod/assign/view.php?id=27931>. Acesso em: 20 julho. 2019.
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