domingo, 29 de junho de 2014

Uma análise crítica do artigo “o Programa GesPública e um Modelo de Gestão Pública para o Brasil” de Bruno Palvarini


                      Nos últimos anos o mundo tem debatido com frequência quase que diária a gestão pública eficiente. No site brasileiro GesPública há vários artigos que tratam do tema, mas um, em especial, merece ser refutado - o texto de Bruno Palvarini  “o Programa GesPública e um Modelo de Gestão Pública para o Brasil”. Tudo porque, a autor peca em elogiar como “principal” uma iniciativa que já nasce fadada ao fracasso – “a constituição de uma rede de pessoas físicas e de instituições comprometidas com a causa da gestão pública”.
                      Com a globalização, um país não pode mais ser uma ilha. Em tempos modernos, flertar com o isolamento é decretar uma sentença de morte de um povo.  Contudo, quem aceita competir tem que oferecer o menor preço ao mundo e, para tanto, a palavra chave da vez é eficiência.
                    O Brasil ao longo de toda a sua história só tem mostrado eficiência em uma coisa: - desperdiçar o talento de uma geração inteira com uma educação de péssima qualidade. O resultado é uma cadeia que beira ao ridículo: - aqui os melhores engenheiros não acertam uma (é comum obras estarem no papel para conclusão em anos e levarem décadas). Tudo encarece demais o produto brasileiro. Mas, o pior é a defesa de professores administradores em dizerem que a coisa pública só dará certo com “pessoas e instituições comprometidas”.
                        É balela. Parece religião, voluntarismo, soa a patrimonialismo e corporativismo – “uma rede de amigos”. É um pensamento frágil e Por isso é fácil de refutar com a realidade que se tem hoje. Basta ver o número de jovens, que na sua inocência, entram no serviço público, comprometidos em fazerem a diferença – a coisa certa. É a totalidade. Quando percebem que alguém faz pouco e recebe os mesmos vencimentos é o início do “deixa como está” na cabeça destes meninos. O mesmo ocorre com as instituições públicas: em terras tupiniquins, por mais comprometidas que elas sejam, quem têm um “dinheirinho” a mais prefere as privadas.
                        O pecado de Palvarini reside justamente na palavra “comprometidas” – “uma rede de pessoas e instituições comprometidas com a causa da gestão pública”.
                        Essa rede já existe. Essas pessoas e instituições já existem. E não têm dado certo. O artigo clama e insiste num erro que é histórico.
                        A verdade é que uma Gestão Pública só será eficiente quando forem tomadas medidas que requerem, às vezes, até mexer na Constituição do país. O servidor público tem que ser um elo na produção e, para que tudo funcione há que se privilegiar a meritocracia, os melhores resultados, a fiscalização e a avaliação real de quem faz uso dos serviços público. Nos moldes atuais, os usuários da educação, saúde, segurança e transportes reclamam e não adianta. Tem que existir mecanismos tão fortes que até quem entra sem ser um “pessoa comprometida” perceba, com o tempo, que é mais vantajoso pender para o correto.
                     Quanto às instituições públicas, é sabido que todo mundo que tem um “trocadinho” sobrando (até mesmo os que defendem o público eficiente) usa mais a iniciativa privada. É aí onde surge a necessidade de se mexer nessas entidades a partir da Constituição Federal. Deixar como está e evocar “comprometimento”, seja dos servidores públicos ou do público que se serve desses serviços, é hipocrisia. Nunca vai dá certo e, mesmo se der, os custos serão muito altos, o que implica dizer numa carga tributária maior e preços de exportação elevados se comparados com o resto do mundo.
                      É com tudo isso que se percebe que querer formar uma rede de pessoas “comprometidas” com a coisa pública já é prática recorrente e sem resultados positivos. Características da religião ou do voluntarismo não logram êxito no serviço público que quer resultados positivos. Deixar o fator humano e institucional como decisivo vai ser a continuidade de um problema. O ideal é a criação de mecanismos que incentivem a bonificação, a fiscalização interna e externa, e a punição quando se trata de humanos; no institucional, o bom seria deixar alguns setores sob responsabilidade única e exclusiva do Estado. Nada de iniciativa privada na educação, saúde e segurança. Nada de brechas para os sugadores dos recursos públicos que desejam se servir da iniciativa privada.

   
    


  




REFERÊNCIAS

Ferreira, Lúcia Helena Bezerra. Legislaçã e Organização da Educação Básica. / Lúcia Helena Bezerra Ferreria. Teresina? EDUFPI, 2010. 102 p.

Campos, Maria Malta; Haddad, Sérgio. O direito Humano à educação escolar pública. 2010.      P. 73 a 96

Silva, José Maria da. Apresentação de trabalhos acadêmicos: normas e técnicas/José  Maria da Silva , Emerson Sena da Silveira. 5. Ed. – Petrópolis, RJ : Vozes, 2009


GesPública. Disponível em <http://www.gespublica.gov.br/biblioteca/pasta.2010-12-08.2954571235/o_programa_gespublica_e_um_modelo_de_gestao_para_o_brasil.....pdf> Acesso em 28 de junho de 2014

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