quinta-feira, 19 de junho de 2014

Análise da governança e governabilidade do meu município



Trabalho apresentado à Universidade Estadual do Maranhão como requisito para obtenção de nota parcial na disciplina de Organização, processo e tomada de decisão.











SANTA QUITÉRIA – MA
2014
1.      INTRODUÇÃO

                   A busca da felicidade é antiga entre os homens e o alcance de tal empreitada surge com o advento das organizações, pelo menos durante um bom tempo, pois nos últimos anos, a simples existência dessas entidades já não é condição suficiente para proporcionar alegrias na maioria. É nesse contexto que algumas palavras passam a ser ditas com mais frequência – é o caso de governabilidade e governança. Esse texto é aquilo que se pode chamar de análise da parte no intuito de proporcionar um debate como solução ao todo. A parte é o município de Madeiro do Piauí. O todo é o Brasil.
                   O estudo aprofundado do tamanho da felicidade dessa pequena comunidade tendo como base suas organizações, a governabilidade e governança, é de suma importância para os administradores contemporâneos. Essa pequena cidade brasileira pode servir de campo para uma experiência que poderá ser usada em algo maior. O sucesso do Madeiro do Piauí é o do Brasil. A escolha desse município, para falar de organizações modernas e felicidade, se dá, porque o funcionamento do lugarejo é muito simples e bem parecido com o de uma nação inteira.  Sem falar que qualquer homem, simples que seja, mora numa cidade, o que implica dizer o conhecimento de uma estrutura hierárquica que é a mesma do país: Prefeito/Presidente; Deputados/Senado/vereadores e o povo.
                   Devido à importância desse assunto (felicidade, governabilidade e governança na cidade de Madeiro do Piauí) para a vida acadêmica do administrador, é necessário detalhar o que se entende por esses três temas. É com essa pretensão que esse estudo ora se apresenta. Caracterizando-se como analítico e dedutivo. Para sua execução, foram realizadas consultas de literatura especializada como livros, revistas, teses e dissertações, além de fontes eletrônicas disponíveis na internet.
                 A principal metodologia utilizada na elaboração dessa tese foi a pesquisa e a leitura de textos antigos e atuais referentes ao assunto: buscou-se conceitos em artigos da atualidade para explicar a urgência de proporcionar felicidade num número significante de cidadãos através de uma rotina governável e de eficiência no município. A linguagem é objetiva e simples, trazendo a todo o momento referências à vida madeirense. O artigo está dividido nas seguintes partes: Felicidade, Governabilidade e Governança – conceitos à luz da literatura especializada e o contexto madeirense; Utopia: um Madeiro à luz da governabilidade e da governança. Também se utilizou a troca de ideias entre os componentes do grupo através de e-mails e interações no Ambiente Virtual de Aprendizagem.

2.    FELICIDADE, GOVERNABILIDADE E GOVERNANÇA – CONCEITOS À LUZ DA LITERATURA ESPECIALIZADA E O CONTEXTO MADEIRENSE.

                 A maioria das pessoas pensa que só porque alguém foi eleito já há legitimidade suficiente para uma boa governabilidade e governança. O que não é bem verdade. O voto, as eleições são só um dos passos dados, há vários outros no decorrer do mandato que se realizados coincidem com os conceitos propostos por pensadores para aquilo que seria uma boa gestão. Ao analisar a literatura especializada e os dezessete anos de gestão na pequena cidade de Madeiro do Piauí, percebe-se um distanciamento da teoria dos livros e das práticas dos governantes locais. O resultado é sempre o descontentamento da população.
                 Promover a felicidade de um número significativo de pessoas tem sido um desafio e tanto para os gestores madeirenses. O lugarejo emancipado na década de noventa vive alguns paradoxos: eleitos, os líderes têm governabilidade, se considerado o apoio da câmara municipal, e “nunca”, se verificada a ampla maioria da comunidade local. Nisso, a governança de todos que por ali passaram são feitas de forma que o resultado é sempre descontentamento e o fracasso nas urnas.
                 Segundo Diniz (1995) a governabilidade é identificada quando o líder enxerga problemas críticos e mobiliza recursos e meios políticos para seu enfrentamento – tudo legitimado pela população.
                 Que os líderes madeirenses enxerguem os problemas críticos está na cara. Os palanques provam. O enfrentamento é outra história. 
                 Na educação, por exemplo, os índices são medíocres desde a emancipação do lugar - e continuam nas últimas medições - e as previsões para longo prazo é que, se houver crescimento, é de uma nota vermelha para outra vermelha; a saúde é marcada por doenças diretamente ligadas a má gestão: a falta de cuidado profissional com a água potável é campo vasto para o aparecimento de “vermes”, sem falar que é comum no município o contribuinte adoecer e ninguém da saúde saber – termina a pessoa se deslocando a capital e tendo um custo financeiro muito alto com consultas e exames; na segurança pública, a falta de esperança e o desemprego, é a causa do aumento do tráfico e do de usuários de drogas. Mas, o maior problema, é o que será analisado nas próximas linhas, diz respeito à infelicidade da maior parte dos madeirenses pré e pós eleições municipais.
                 É sabido que felicidade é algo relativo, mas para esse artigo, adotar-se-á como critério a aprovação de um governo, nas urnas ou passados um ano de mandato, de 80% do eleitorado.
                 Tomado por base esse dado e a proposta de Diniz (1995), a conclusão que se chega acerca da cidade de Madeiro é que ela não possui governabilidade porque não há e nunca houve um enfrentamento da insatisfação de número tão expressivo de pessoas.
                 A situação é a seguinte: Madeiro do Piauí tem três grupos políticos que se separados, e um ganhar as eleições, os outros dois que perderam e sua “trupe” penarão por quatro anos.  Não é feita nenhuma política pública que beneficie quem votou contra. O problema é que esse número de pessoas que sofrerá é muito grande - são dois terços do eleitorado. Quem vai administrar só com o seu grupo político – só gere com um terço de quem votou. E piora: não raro, o um terço que ajudou a eleger o novo líder se ver sufocado pelo funcionalismo público local – pouco mais de 3% da população total. Esse grupo ditará os rumos do novo governo.
                 O detalhe da governabilidade da cidade de Madeiro do Piauí reside aí. Um terço governando e dois terços fora – excluídos mesmo. A verdade nua e crua ainda é pior: um governo sempre voltado para 3% dos munícipes (o funcionalismo público local) e 97% que têm que se virar como pode – à margem. Esse é o maior problema crítico que deveria ser enxergado pelos líderes madeirenses, contudo, enfrentá-lo perpassa por colocar de lado as “picuinhas” da campanha eleitoral e ter como meta uma aprovação de governo que passasse dos dois terços do eleitorado. Nesse texto, a proposta foi de uma aprovação de 80% do eleitorado.
                 Com esse quadro, a cidade de Madeiro não possui a governabilidade ditada pela teoria literária especializada. Tudo porque uma ampla maioria de cidadãos madeirenses não legitimou, nas urnas,  nem mesmo o mandato do chefe local.
                 Alguém pode argumentar: e se um dos lados se juntar com o outro para vencerem as eleições? A União é uma legitimação? Agora há governabilidade?
                 É! isso pode realmente acontecer e tem acontecido. A refutação é simples: verificado os números de algumas eleições bipolares - ainda é grande a soma de votos nulos, brancos, abstenções e contra. Números maiores do que os do candidato eleito. O que firma a ideia de que não há e “nunca” houve legitimidade dos prefeitos eleitos na cidade de Madeiro do Piauí. E ainda tem mais. No primeiro ano de governo, não mais, os conflitos afloram entre os dois grupos que venceram. Aquilo que seria uma governabilidade só para alguém se eleger se prova como tal - Uma governabilidade ilusória.
                Uma saída para o novo gestor, embora ilegítimo, e diante de um município ingovernável, seria a governança. Mas, o que diz a literatura especializada sobre esse tema?
                 Segundo Matias (2008), a Governança está pautada nas relações éticas; na garantia de conformidade em toda a sua plenitude; na transparência das ações governamentais e na prestação de contas de forma responsável.
                 É! A governança também não existe na pequena cidade de Madeiro do Piauí. O jogo sujo faz parte da vida dos políticos. Lotear os cargos é comum por ali. A eficiência é comprometida e a ética passa longe do lugarejo.  E a conformidade? Pode se usar como exemplos as promessas que nunca são cumpridas. Conformidade em sua plenitude também é prática incomum nos gestores madeirenses. Por último, é sabido que nenhum dos governos madeirenses aceita o contraditório. Discordar e mostrar situações que beiram ao ridículo é assinar uma sentença de morte ou no mínimo violências físicas ou verbais. 
                 Um exemplo clássico da ausência de eficiência, fruto da falta de ética e do loteamento da coisa pública são as escolhas dos secretários e assessores municipais. Nesses cargos são postos pessoas por mera conveniência política. Não há nenhuma consulta junto à classe e muito menos à comunidade. O resultado é menos governança.
                 Por conta da pouca idade do município, Madeiro do Piauí teve poucos gestores, e num item todos são muito parecidos – Não deixar a transparência aflorar. Qualquer um que tentar mostrar os problemas locais, seja pedindo para olhar os balancetes ou divulgando alguma imagem ou mesmo emitindo alguma opinião, é brutalmente reprimido. No lugarejo é comum o remanejamento de servidores para localidades distantes por conta do pensamento oposto. Familiares de líderes políticos locais também fazem uso da violência física quando outras alternativas não calam o oponente. O resultado é menos governança.
                 É com tudo isso que se percebe que a governabilidade do município de Madeiro perpassa pela candidatura de alguém que seja carismático e trabalhador o suficiente para combater a ilusão de satisfação de um pequeno grupo sempre dentro do governo e que de forma alguma representa uma ampla maioria que sempre fica de fora de tudo. Para tanto, é preciso que algum gestor use a sua falsa legitimidade, aquela do apoio da câmara municipal (todos ali sempre tiveram maioria da casa) e promova a governança – combatendo os problemas mostrados e não quem os mostra. Isso é ético; promovendo a qualidade de vida dos cidadãos a partir da exploração natural local, proporcionando segurança ao empresariado municipal – conforme o que é sempre dito em campanhas; e, por fim, sendo transparente nas escolhas das assessorias que administrarão o município, deixando de lado as jogatinas e promovendo a transpareência.

3.    UTOPIA: UM MADEIRO À LUZ DA GOVERNABILIDADE E DA GOVERNANÇA.
               
                 Num Madeiro que funciona o gestor toma suas decisões assegurado que desde as eleições teve legitimidade de ampla maioria da população. Tudo isso porque - identificado os problemas críticos dos madeirenses – foi feito um juramento republicano de não descansar enquanto não resolvê-los. O trabalho é árduo. Nos primeiros dias de mandato, o novo administrador já tem que mobilizar recursos e meios políticos para o sucesso de sua empreitada.
                 Como o novo líder só quer quatro anos de mandato, a preocupação com uma reeleição é posta de lado em nome da teoria literária sobre boa gestão, a cidade será um laboratório de práticas que representem o governável, o eficiente e o transparente. Se ao término do mandato tudo der errado (o que é improvável) a culpa é da teoria dos  livros.
                 Os primeiros meses de governo são duros. A prefeitura convoca toda a comunidade local para no prazo de um mês votarem no secretariado, diretores de escola e de hospitais que comporão a nova gestão.  A descentralização do poder é a palavra da vez. É feita toda uma campanha de conscientização que coloca a prefeitura como mero agente financiador e fiscalizador dos órgãos com seus gestores eleitos. Metas a serem alcançados são divulgadas.
                 A Governança será marcada pelo respeito ao contraditório e o cumprimento fiel do prometido em campanha. Se há um problema e alguém o leva a público, a ordem da vez é mobilizar todos os esforços no enfrentamento do problema e não a quem o denunciou. De antemão tem-se o combate aos baixos índices da educação; o profissionalismo na prevenção de doenças – nos cuidados com a água potável.  Se alguém adoecer, todo o aparato municipal de saúde deve se mobilizar para diminuir os custos financeiros pessoais do enfermo – o contribuinte não acionará o serviço, o sistema ficará de prontidão. Madeiro é um lugarejo.
                 A segurança pública será marcada por olhar atento na economia local. Todas as compras da prefeitura deverão ser feitas com o empresariado madeirense. Serão mobilizadas todas as forças para que num intervalo de tempo curto seja adotada uma moeda municipal. O intuito é incentivar a circulação do dinheiro da “viúva” dentro da cidade e com isso gerar empregos no comércio.  
                 Passados um ano de mandato será promovida uma grande festa com direito a prestação de contas dos dirigentes dos órgãos. Toda a comunidade será convidada e neste momento será anunciada as próximas eleições ou reeleições do próximos assessores.         
     
CONSIDERAÇÕES FINAIS

A complexidade assumida pela humanidade nos últimos tempos demanda muito mais das organizações. Na pequena cidade de Madeiro, no norte do Piauí, não poderia ser diferente. O povo dali já não se sente feliz só com as eleições, ou mesmo só com a existência de um prefeito eleito e de órgãos “funcionando” com seus servidores “felizes”. Nos últimos anos uma cobrança silenciosa soa pedindo que as entidades do município funcionem de forma eficiente e que proporcionem, de verdade, felicidade na maioria dos munícipes.
É sabido que o desejo madeirense perpassa por duas palavras muito ditas no mundo administrativo: governabilidade e governança.
O problema é que, naquele pequeno lugar, ainda não apareceu um gestor carismático e trabalhador o suficiente para implantar essas duas medidas em seus governos. O resultado é um número expressivo de pessoas que formam grupos políticos dispersos, ou anulam seus votos, ou simplesmente não votam. Só um terço usufrui das benesses do governo e dentro desse número ainda há uma briga constante de onde somente 3% é forte o suficiente para ditar rumos.
Se governabilidade, segundo pensadores importantes, significa o enfrentamento de problemas críticos com a legitimação do povo. No Madeiro essa proposição deixa a desejar. Basta citar os números da educação que não melhoram, e quando melhoram, é de um índice medíocre para outro medíocre. Outro problema crítico são as pessoas que adoecem e se deslocam para a capital tendo um custo financeiro muito alto e, para piorar, ninguém do sistema de saúde toma conhecimento dos casos.
Se governança, segundo pensadores importantes, é a coisa ética, a garantia de conformidade; a transparência nas ações do governo e nas prestações de contas, a cidade de Madeiro também ainda não goza desse termo administrativo. Por ali é comum o ódio dos gestores a qualquer um que ouse mostrar situações não republicanas. O ódio em si já não é ético e querer esconder problemas que é prática comum, abole de vez a transparência.  O discurso de campanha e as práticas na gestão afastam a conformidade.
Portanto, é perceptível a falta de governabilidade e governança, desde a emancipação, na pequena cidade de Madeiro do Piauí. Administrar conforme a teoria requer esquecer as jogatinas políticas que criam uma falsa ilusão de eleição e legitimidade; há a necessidade de alguém que ouse e corra riscos levando à sério a Ética, a velha “palavra dada” e a transparência no trato com a coisa pública.  Tem que ser uma pessoa muito corajosa e que acredite que algo utópico pode ser transformado em realidade.








REFERÊNCIAS


BRASIL. Constituição Federal. 1988.

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB. Lei nº 9394/1996

EDUCAÇÃO. Ministério da. Inep divulga resultados do Ideb 2009. Disponível em: <http://portalideb.inep.gov.br/web/saeb-e-prova-brasil/saeb-e-prova-brasil> Acesso dia 14 junho 2011

Junquilho, Gelson Silva Teorias da administração pública / Gelson Silva Junquilho. – Florianópolis :Departamento de Ciências da Administração / UFSC; [Brasília] : CAPES : UAB, 2010.182p. : il.

Organização, processos e tomada de decisão / Altamiro Damian Préve, Gilberto de Oliveira Moritz, Maurício Fernandes Pereira. – Florianópolis : Departamento de Ciências da Administração / UFSC; [Brasília] : CAPES : UAB, 2010.186p. : il.

TSE. Disponível em <http://www.tre-pi.jus.br/eleicoes/estatisticas/eleitorado-por-municipio.>Acesso em 10 de janeiro de 2014






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