domingo, 5 de março de 2023

Ética e aprendizagem em Platão

Por Isaac Sabino 

1.    Qual a concepção de aprendizagem defendida por Platão nos diálogos Ménon e Fédon e em que esta concepção se funda?      
A concepção da aprendizagem defendida por Platão nos diálogos Ménon e Fédon parte da teoria da reminiscência. Reminiscência significa a imagem lembrada do passado que se conserva na memória. É a partir dessa premissa que Platão relaciona à aprendizagem a preexistência da alma. Nesse contexto, tal concepção se funda no ato de aprender como recordar porque o que se sabe já existe mesmo antes do nascimento.

2. Como Platão justifica nos diálogos Ménon e Fédon a teoria da aprendizagem aí exposta?
Em Ménor, Platão justifica a teoria da aprendizagem através do exemplo do escravo que ao ser questionado sobre determinadas figuras geométricas ele acaba acertando tudo - mesmo sem uma educação prévia daquilo. Esse exemplo é reforçado em Fédon quando Platão diz que “quando os homens são interrogados por alguém que sabe interrogar convenientemente eles declaram por si só tudo como de fato é”. Nisso a teoria da reminiscência é justificada porque para Platão a alma, anterior ao corpo, já traz consigo alguns conhecimentos da realidade.

3. Mesmo que no mundo contemporâneo não se possa mais aceitar de modo simplório as concepções platônicas de distinção entre mundo sensível e inteligível, corpo e mente, sensação e intelecto, o que a teoria da aprendizagem apresentada nos diálogos Ménon e Fédon teriam a dizer?       
Não é bem verdade que no mundo contemporâneo não se aceite as concepções platônicas. Para piorar, é tão simplória que muitos nem sabem que estão praticando tais concepções – basta ver o número de religiosos no mundo. Nesta época podem ter surgidos outros vários estudos sobre a aprendizagem, mas os dois diálogos ainda são bem vivos como respostas a dúvidas acerca da aquisição do conhecimento, por exemplo: como a humanidade tem uma mesma consciência, um mesmo comportamento, estando em lugares diferentes, com distâncias oceânicas? Como ela se comporta da mesma forma sem sequer, muitas vezes, uma tenha tido contato com a outra? Por que todas as culturas buscam divindades? Pessoas inteligentes são natas ou não? Sem respostas só nos resta a metafísica.


4. Qual a definição de educação apresentada por Platão na obra República, e como ele explicita essa concepção através do Mito da Caverna?
A definição de educação apresentada por Platão na obra a República “pressupõe diferentes operações da alma que vão desde o abandono das imagens, das fantasias até o entendimento e aprendizagem do bem.  A alegoria da caverna é ainda mais explícita em relação ao papel da educação. Depois de descrever os homens acorrentados no fundo da caverna iludidos com as sombras consideradas a verdade, Platão interpreta a alegoria e constata que a educação não é o que alguns apregoem o que ela é, mas a arte de permitir ver o bem”.

5. Qual a relação entre sensibilidade e intelecto no processo de aprendizagem definidos por Platão no Teeteto?           
Na verdade há mais distinções do que relações entre sensibilidade e intelecto definidos por Platão em Teeteto. No corpo há os sentidos e na alma o conhecimento segundo o próprio filósofo. A única coisa que se pode apontar de relação entre ambos é a passagem: a constante reencarnação do conhecer que é e está na alma (intelecto) e do não conhecer verdadeiro que é e está no corpo (sensibilidade). 

6. No texto, o professor Paviani indica apresenta a concepção de educação exposta por Platão na obra República, cuja finalidade seria definir os termos de uma cidade justa, valor moral supremo para uma boa cidade, segundo o filósofo. Após a leitura do texto, explicite como ele pode ajudar a pensar na relação entre ética e a aprendizagem.
O próprio Paviani em sua conclusão explicita a relação entre ética e aprendizagem. Para o autor esta relação está entrecruzada com outras questões como a da linguagem, do logos e da dialética que são parte integrante da teoria pedagógica platônica. Platão, por exemplo, ao analisar dialeticamente o conhecimento o faz criticando as modalidades de linguagem. Isso significa que alguém que detém o controle da cidade, por exemplo, detém o controle das palavras e pode mitificar ou pejorar as que lhe convém. Isso não deixa a verdade às claras. Por isso a língua é de suma importância e há uma decisão ética quando se opta pela verdade da língua/palavras no processo de aprendizagem









REFERÊNCIAS

FRASSON, Antonio Carlos,:JUNIOR, Constantino Ribeiro de Oliveira. METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA. São Luís, Maranhão : 2010
Lakatos, Eva Maria. Fundamentos de metodologia científica 1 Marina de Andrade Marconi, Eva
Maria Lakatos. - 5. ed. - São Paulo : Atlas 2003.

PAVIANI. Jayme. Ética e aprendizagem em Platão. HYPNOS, São Paulo, número 27, 2º semestre 2011, p. 246-259

PLATÃO. Ménon. Tradução de Ernesto R. Gomes. Lisboa: Edições Colibri, 1992.

PLATÃO. Fédon. Introdução e comentários de Maria Arminda Alves de Sousa. Porto: Porto Editora, 1995.

Silva, José Maria da. Apresentação de trabalhos acadêmicos: normas e técnicas/José  Maria da Silva , Emerson Sena da Silveira. 5. Ed. – Petrópolis, RJ : Vozes, 2009







Nenhum comentário:

Postar um comentário

O QUE EU SEI!

QUER SABER? Aqui você encontrará resenhas de livros, resumos, comentários sobre política e COISAS que você não achou em outro lugar.