sábado, 29 de julho de 2023

O homem industrial

     

       Nas últimas décadas foram criadas cinco teorias da administração na tentativa de melhorar a eficácia e eficiência nas organizações. Cada uma nasceu com o intuito de preencher uma lacuna deixada pela outra. Os últimos cinquenta anos são marcados por influências diretas da Administração Sistemática; Administração Científica; Gestão Administrativa; Escola das Relações Humanas e Burocracia.  Dentre todas, a mais polêmica e influente foi a segunda dessa lista: a Administração Científica.   
     Com a revolução industrial diversos países passaram por transformações drásticas. Nos Estados Unidos, por exemplo, foram verificados avanços significativos nos transportes, nas tecnologias e comunicação. Contudo, havia um problema: homens e nações inteiras não estavam preparados para tamanha revolução. A produção nunca chegava ao ápice. Para tanto, surgiram teorias com a promessa de fazer esse homem produzir ao máximo. A mais radical foi a Administração Científica. Nessa se destacaram Frederick Taylor e Henry Ford.
     Taylor percebeu que por não usar técnicas cientificas, as empresas tinham grande potencial que não eram totalmente usados e por conta disso as perdas eram significativas.  A proposta do engenheiro foi a racionalização do trabalho através da padronização das ferramentas e dos equipamentos; uso de cartões de instrução distribuídos aos trabalhadores; paradas para eliminar a fadiga; gratificação diferenciada.
     Mas ninguém foi tão a fundo na teoria proposta por Frederick Taylor quanto Henry Ford. O empresário montou uma fábrica para a produção em alta escala do carro da época. Na montadora, partes do automóvel iam de operário a operário através de uma esteira rolante – cada homem era responsável por finalizar a sua parte. O todo era a conclusão do carro no final da linha de produção. Para que tudo desse certo, o maquinário era padronizado, assim como os carros e o serviço repetitivo para o trabalhador.
     Algumas críticas ganharam destaque à época e o melhor registro está no filme Tempos Modernos de Charles Chaplin. Numa das cenas o comediante não consegue acompanhar o ritmo com que as partes chegam a ele – atrapalha-se e causa uma confusão na empresa; com a repetição do serviço, mesmo estando parado, fora da fábrica, o operário continua apertando parafusos (aperta até os seis de uma moça); outro momento interessante é a tentativa do dono da empresa de implantar uma máquina que fizesse o operário almoçar mais rápido. Chaplin ironizou até os sindicatos que protestavam contra a opressão das fábricas.
     Charles Chaplin ironizou aquilo que Taylor e Ford ignoraram: fatores psicológicos e sociais do trabalhador; a repetição como agente causador do tédio, da apatia. O artista finaliza com os movimentos organizados protestando contra aquilo que acreditavam ser a mecanização do homem.
     Percebe-se que a Revolução Industrial trouxe vários confortos tecnológicos ao consumidor final e riquezas ao empresariado, mas entre consumidor e empresário havia o operário. Na visão da Administração Científica, este deveria ser só mais uma peça eficaz em meio a todo o maquinário. Por um bom tempo, a Revolução Industrial produziu o homem industrial. É bem verdade que não restam dúvidas que o movimento científico contribuiu e muito para as organizações empresariais mundiais, porém falhou ao ver o homem como um ser ausente de psicologia e não social, nada que outro movimento que viesse depois não reparasse o erro.

   

    

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

    

 

 

REFERÊNCIAS

 

Coelho, Ricardo Corrêa Ciência política / Ricardo Corrêa Coelho. – 2. ed. reimp.Florianópolis : Departamento de Ciências da Administração / UFSC, 2012.159p. : il.

 

Info Escola. Eras Históricas. Disponível em <http://www.infoescola.com/historia/eras-historicas/ > Acesso em 12 julho de 2013.

 

Jacobsen, Alessandra de Linhares Teorias da administração II / Alessandra de Linhares Jacobsen, Luís Moretto Neto. – 2. ed. reimp. – Florianópolis : Departamento de Ciências da Administração / UFSC, 2012. 168 p. : il.

 

Silva, José Maria da. Apresentação de trabalhos acadêmicos: normas e técnicas/José  Maria da Silva , Emerson Sena da Silveira. 5. Ed. – Petrópolis, RJ : Vozes, 2009

 

TREVISAN, Andrei Pittol; BELLEN, Hans Michael van.  Revista de Administração Pública. Rio de Janeiro 42 (3): 529-50, maio/jun. 2008.

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