quinta-feira, 25 de maio de 2023

O Grande Truque - Filmes: uma crítica à luz da filosofia de Heráclito e Parmênides


     Como é que se constrói o conhecimento? Aí se tem um dilema que há milênios aflige a humanidade. Vários filósofos tentaram responder tal pergunta. A arte ao longo do tempo tenta colocar de forma simples as respostas dadas por estes pensadores aos homens comuns. Dentre os filósofos que ousaram responder dá para se citar Heráclito, Parmênides e Platão; dentre as obras de ficção atuais que podem ser usadas para explicar de maneira fácil o desenrolar do conhecer e os pensamentos de Heráclito, Parmênides e Platão pode se citar "O Grande Truque", filme de Christofer Nolan de 2006. A obra é tão interessante que dá para se extrair, além do conflito entre os dois mágicos (no real se trata do conflito entre Thomas Edison e Nicolas Tesla - famosos cientistas do século XX) o conflito que existiu entre Heráclito e Parmênides.
     O conflito. Essa é a resposta dada por Heráclito ao surgimento e amadurecimento ou extinção do conhecimento. Para o pensador é necessário o combate travado eternamente entre o bem e o mal; entre mentiras e verdades para que sempre renasça algo novo e de novo seja traçado outro embate. E assim para sempre. Nada melhor para explicar isso do que o conflito entre os mágicos rivais do filme O Grande Truque, Robert Angier (Huch Jackman) e Alfred Borden (Christian Bale). No enredo o embate começa quando Borden atrapalha o truque de Angier e termina matando a assistente de palco (namorada de Angier) afogada em uma das magias. A partir daí começa o embate entre os dois. O surgimento de novos truques, o amadurecimento e a extinção.
      É tudo ilusão. Os homens são apaixonados por serem iludidos. É mais ou menos assim que pensará Parmênides. Sem perceber, o filósofo contribuirá para o debate (conflito) com Heráclito, mas não deixará de ter razão em muitos pontos do seus pensamento. Realmente os homens são hipnotizados pela ilusão, isso é verdade. O filme é a prova. Tanto as pessoas da época dão valor ao show promovido pelos dois personagens quanto quem ver a história fica de olhos vidrados esperando o próximo truque. É muito bom e hipnotizante.
     Plantão concorda com os dois filósofos. Para ele há sim o mundo que muda e outro que é imutável. O que muda é ilusório e é o da matéria - esse aqui. O imutável é outro plano. Os homens só conhecem algo de verdadeiro aos poucos - o verdadeiro do outro plano é pingado aos homens neste plano (ilusório). É bom pegar cenas dO Grande Truque para explicar. Imagine, que Thomas Edison invente a eletricidade (que já existe no plano real) e aqui os homens se espantam. Em seguida Tesla inventa outra máquina. Os homens se espantam de novo. Há um embate de conhecimentos entre os dois cientistas abastecido por um outro plano - o real.
     O conhecimento é a porta de saída deste mundo das ilusões e a de entrada ao mundo da verdade. Se a ilusão muitas vezes tem uma lógica e engana as nossas mentes, essa lógica é quebrada quando o conhecimento produz algo e o homem fica espantado. Imagine a eletricidade (ver filme) criada por Edison; ou a máquina de Xerox humana criada por Tesla. De início um choque.
       A mensagem mais interessante do filme reside em dois momentos e serve para todos que desejam transformar a verdade em verdade aos outros ou simplesmente transformar uma aparente mentira em verdade. A mensagem é “viver o número”. Ela foi dita duas vezes. Na cena do chinês que vive carregando um aquário entre as pernas e no momento em que Robert Angier pressiona sua assistente a descobrir o segredo do truque de Borden. O truque é o homem transportado, onde Borden entra numa porta e sai em outra. Esse truque tem que ser desvendado pelo telespectador ao longo do filme. Seria fácil não fosse as excelentes manobras do enredo que levam quem assiste a dúvida. Contudo, o truque é simples. Trata-se de um irmão gêmeo do mágico que sai na outra porta. A dificuldade em desvendá-lo se dá por conta do mágico viver o truque vinte e quatro horas. Já pensou se o conhecimento fosse vivido a todo o momento.
     Viver o truque. Viver o conhecimento. Uma boa forma de fazer a ilusão parecer verdade como fez o mágico Borden ou simplesmente mostrar coisas verdadeiras e assombrosas a humanidade como fez Angier usando ciência pura. O homem pode escolher promover o debate, o conflito, e mudar de fase; ou por medo, optar pela ilusão e viver o imutável. Heráclito, Parmênides, Thomas Edison e Nicolas Tesla, sofreram, mas não recuaram diante dos conflitos que lhes esperavam, sabiam dos benefícios que a humanidade colheria.

                             CENA DO MÁGICO VIVENDO O TRUQUE. Já pensou viver o conhecimento o tempo todo?

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