É notório que o debate acerca dos sonhos que a escola pública se propõe realizar
traz divergências, principalmente entre educadores filósofos e os próprios
alunos. Dentre tantos motivos relevantes temos: a escola como concretizadora do
desejo que está na cabeça dos discentes e ela na realidade.
Não raro quando se pergunta aos
meninos o que eles querem ser quando crescer, a maioria tem sonhos grandes e,
mesmo com o tempo, num mundo real depredado, com turmas lotadas, calor
insuportável e merenda de baixa qualidade, ainda no Ensino Médio, é comum eles
dizerem que farão medicina, por exemplo. Os professores até têm um olhar do
quanto a realidade que esses meninos estão inseridos conspira contra eles, mas,
o dilema mesmo é como fazer os alunos terem a chamada atitude filosófica e serem
criticos do mundo ao seu redor.
Tem um personagem na literatura, Policarpo Quaresma, do Livro de Lima
Barreto, que idealizou o Brasil toda vida. Patriota acima da média a ponto de
defender tudo do Brasil como sendo melhor do mundo: “um país que poderia ter
língua própria, que para a agricultura tem as melhores terras, com um povo cordial
avesso total à violência, é só na hora de sua morte, quando ele será executado
pelo governo, que ele reflete: ‘A pátria que quisera ter era um mito; um
fantasma criado por ele’”. O personagem se deparou com o mundo real tarde
demais.
Da
mesma forma há alunos que não conseguem enxergar o mundo real que os cerca. Para
além de ver algo deteriorado, faz-se necessário mostrar a esses meninos as notas
da escola nas avaliações do governo, ou mesmo pedir que eles pesquisem quantos colegas
do ano anterior cosseguiram realizar os sonhos que sempre acreditaram. A
proposta é que conhecendo a realidade de fato, os discentes possam cobrar
condições favoráveis à realização de seus desejos.
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