Motivo
Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.
Irmão das coisas fugidas,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
-não sei, não sei. Não sei se faço
ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
- mais nada.
MEIRELLES, C. Obra poética. Rio de Janeiro:
1º) O poema ”Motivo” se inicia com o verso ”Eu canto porque o instante existe”. Qual é o canto aqui se refere o poema e o motivo do seu canto.
(A) o canto poético, ou seja, a própria poesia e tudo isso por conta do instante, do presente, da própria vida;
(B) o canto poético, ou seja, a própria poesia e tudo isso porque a autora existe, mas tem a vida triste;
Ai, palavras, ai, palavras,
que
estranha potência a vossa!
Todo o
sentido da vida
principia a
vossa porta:
o mel do
amor cristaliza
seu perfume
em vossa rosa;
sois o
sonho e sois a audácia,
calúnia, fúria, derrota...
A liberdade das almas,
ai! com
letras se elabora...
E dos
venenos humanos
sois a mais
fina retorta:
frágil,
frágil, como o vidro
e mais que
o aço poderosa!
Reis,
impérios, povos, tempos,
pelo vosso impulso rodam...
MEIRELLES, C. Obra poética. Rio de Janeiro:
2º) 5. 121 (ENEM 2014) O fragmento
destacado foi transcrito do Romanceiro da Inconfidência, de Cecília
Meireles. Centralizada no episódio histórico da Inconfidência Mineira, a
obra, no entanto, elabora uma reflexão mais ampla sobre a seguinte
relação entre o homem e a linguagem:
a) A força e a resistência humanas
superam os danos provocados pelo poder corrosivo das palavras.
b) As relações humanas, em suas
múltiplas esferas, têm seu equilíBrio vinculado ao significado das palavras.
Soneto de separa•‹o
De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.
De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.
Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.
(In: Nova antologia poética de Vinicius de Moraes, seleção e organização de Antonio Cícero e
Eucanaã Ferraz. São Paulo: Cia. das Letras, Editora Schwarcz Ltda., 2008. p. 100 © VM.)
3º) 5. 121 (ENEM 2014) Como o nome sugere, o “Soneto de separação” tem como tema a separação. De que tipo de separação trata o poema?
a) A força e a resistência humanas superam os danos provocados pelo poder corrosivo das palavras.
b) De uma separação amorosa, conforme indica o verso “E das bocas unidas fez-se a espuma”.
4º) 5. 121 (ENEM 2014) As figuras de linguagem cumprem um importante papel na construção
do poema. Identifique a figura de linguagem que se verifica nestes pares de palavras da poesia "Motivo"
a) Antítese
b) Sinônimo
LINK DO GABARITO PARA MARCAR.
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