domingo, 23 de abril de 2023

A EAD COMO MODELO DE INCLUSÃO EDUCACIONAL - Por Isaac Sabino

A EAD COMO MODELO DE INCLUSÃO EDUCACIONAL
A Educação a Distância diminuindo as desigualdades no Ensino Superior do Brasil


CARDOSO, Isaac Sabino
Graduado em Licenciatura Plena em Letras Português, Universidade Estadual do Piauí, UESP, Bacharelado em Administração Pública, Universidade Estadual do Maranhão, UEMA, Especialista em Gestão Pública, Universidade Estadual do Maranhão, UEMA. Santa Quitéria do Maranhão. Maranhão. isaacsabinocardoso@msn. com  

RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo apresentar um estudo sobre a Educação à distância (Ead) como ferramenta de diminuição da desigualdade nacional no ensino superior. A problemática é identificar que fatores ainda interferem na expansão e na qualidade desta modalidade de ensino no país. Sabe-se que a inclusão deste tipo de ensino no Brasil é necessária, pois visa atender direitos adquiridos. O objetivo geral é analisar como cursos à distância com polos de apoio presencial são a saída viável para o oferecimento de graduações e especializações no país continental que é o Brasil. Assim, tem-se a necessidade de desenvolver arcabouço teórico acerca da importância da EAD para diminuição da desigualdade universitária país a fora. De cunho bibliográfico e dedutivo, o trabalho teve como principais dificuldades o tempo e a necessidade de estender as pesquisas junto a vida dos egressos da EaD no intuito de provar os efeitos positivos dessa modalidade no cotidiano das pessoas.  

Palavras-chave: Educação a Distância. Desigualdade. Expansão. Qualidade.

INTRODUÇÃO

                 O valor que a Educação a Distância tem é mais do que evidente. Neste estudo, mostrar-se-á como o descumprimento de levar ensino superior a todos os lugares do Brasil é fator decisivo no aumento da desigualdade universitária que perdura no país, mas que nos últimos anos, devido às diversas tecnologias, tem diminuído.
                 A dinâmica de mercado contribuiu e foi decisiva para que a Educação à Distância (EaD) ganhasse “status” tão bom quanto a presencial. O mercado agiu obrigando que o trabalhador se qualifique mais e se afaste menos do trabalho. Nisso, só o ensino presencial representaria um atraso econômico no país. 
                 O resultado do cumprimento do programado pelo artigo 80 da Lei de Diretrizes e Bases começa a refletir-se na eficiência de levar formação superior aos mais longínquos recantos brasileiros. Para efeito de comparação este trabalho trará dados que apontam um crescente aumento no número de matriculados nas instituições à distância.
                 Sabe-se que essa temática relacionada à EaD ainda possui resquícios de preconceito e o tema ainda provoca debates constantes, mas já há estudiosos que têm consciência que só com este modelo de ensino é que se pode avançar na promoção da educação superior em países continentais como o Brasil.
                 O problema tratado diz respeito a conhecer os fatores que ainda interferem na inclusão, de fato, da Educação a Distância no cotidiano brasileiro em especial no Ensino Superior. O objetivo geral é analisar como cursos à distância com polos de apoio presencial é a saída viável para o oferecimento de graduações e especializações no Brasil. Assim, os objetivos específicos são: discutir a importância da EaD como alternativa ao ensino presencial; conceituar essa modalidade a luz da literatura existente e conhecer dados que apontam crescimento e/ou opção do brasileiro por essa modalidade de ensino.   
                  O trabalho justifica-se pela necessidade de conhecer a realidade da Educação à Distância no contexto brasileiro.
Considerando a importância da EaD e a relevância dos serviços prestados por essa modalidade de ensino à sociedade brasileira, um estudo na  valoração das instituições que trabalham com esse modelo de levar conhecimento,  é algo de absoluta pertinência.
                  Partindo da premissa da necessidade de se disseminar graduações e especializações por todo o país, a todos os contribuintes, espera-se que este trabalho sirva para conscientizar a sociedade, os administradores a olharem a Educação a Distância como algo que é realmente importante e capaz de contribuir significativamente para a sociedade.

 

METODOLOGIA

        

                   De acordo com a classificação em FRASSON & Vergara (2003) esta pesquisa pode ser útil quanto à natureza; quanto ao ponto de vista da forma de abordagem do problema e de seus objetivos. Quanto à natureza esta pesquisa é básica porque visa catalogar o conhecimento já existente.  Quanto a abordagem, o trabalho é quantitativo, pois traz no seu bojo vários dados e quanto aos objetivos é descritiva e explicativa.
                    Do ponto de vista dos procedimentos Técnicos a pesquisa é bibliográfica porque foram utilizados livros, artigos científicos, dissertações, teses de material disponibilizado na internet e Documental. Também foram feitas análises em várias leis que vigoram no Brasil no que toca a Educação e em específico a Educação a Distância.
                   As possíveis limitações do método se referem ao tempo e a necessidade do tipo de amostra ideal para a pesquisa. O melhor seria uma pesquisa baseada em entrevistas, com egressos da EaD, num universo de pelo menos um Polo, no intuito de atestar a qualidade de vida de quem já concluiu o curso há tempos, o que não é possível por questões de tempo e disponibilidade do público pesquisado. Ainda como limitação, tem-se a ausência de alguns dados que seriam de suma importância para a pesquisa. A citar: a evasão e motivos.
                  Mesmo assim, o trabalho não se encerra aqui. Pelo contrário, serve para chamar a atenção para um debate que poderá produzir pesquisas mais aprofundadas no Universo da Educação a Distância a ser oferecida no Brasil.

 

REFERENCIAL TEÓRICO


O Poder Público incentivará o desenvolvimento e a veiculação de programas de ensino a distância (EAD) em todos os níveis e modalidades de ensino, e de educação continuada. (art. 80 LDB 9394/96).
A Lei de Diretrizes e Bases (LDB) é o primeiro referencial teórico de comando prático no intuito de regular, avaliar e supervisionar a EAD em todos os níveis da educação brasileira. Mas, é o Decreto 5.622 de 19 de dezembro 2005 em seu artigo 1º que define essa modalidade de ensino.
...modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos.

Apesar de existir a mais de 150 anos ou bem mais - se for considerada EAD as cartas do Apóstolo Paulo aos que queriam conhecer o cristianismo, há bem pouca literatura que trata da Educação à Distância. No que se tem que conceitua essa modalidade de ensino destaque para Moran (2009), que entende que esta modalidade de educação é efetivada através do intenso uso de tecnologias de informação e comunicação e pode apresentar momentos presenciais.          
                  Essa afirmação é reforçada por Bernardo (2009) que em seus estudos encontra coincidência nas conceituações de Dohmem (1967), Peters (1973), Moore (1973), Keegan (1991) e Chaves (1999) com ênfase nas palavras auto-estudo, meios de comunicação, eletrônicos, separação física.
Embora, nos últimos anos, a Educação à Distância tenha sido uma ferramenta importante na descentralização e expansão do Ensino Superior no mundo, em seus primórdios, essa via de ensino sofreu bastante preconceito quando comparada com o ensino presencial.
No que toca contextualizar educação a distancia na história é importante citar Golvêa e Oliveira (2006) citando alguns compêndios que trazem as epístolas de São Paulo às comunidades cristãs da Ásia Menor. Um pouco mais adiante na história, os autores descrevem o marco inicial da Educação a Distância que começa com a criação da Gazeta de Boston em 1728. É nesse período que a EAD começa a ser institucionalizada no mundo.
Quem melhor descreve a história da EAD no Brasil é MAIA & MATTAR (2007) e RODRIGUES (2010). Segundo os autores, essa modalidade de ensino tem início no Brasil em 1904 quando o Jornal do Brasil registrou na sua primeira edição da seção de classificados um anúncio que oferecia profissionalização em datilografia. A partir de então haverá avanços em 1923, 1934, 1939, 1941. Com a melhora logística nos serviços postais brasileiro e o advento das rádios, os intervalos de tempo entre uma novidade e outra nos estudos não presenciais diminuem bastante. Destaque para a criação do Instituto Universal Brasileiro; a criação do Movimento de Educação de Base (MEB); o programa “Salto para o Futuro” que mais tarde é assimilado à TV Escola; criação da Universidade Aberta em Brasília e de lá pra cá o sistema aberto se expandiu de tal forma que nos últimos anos tem ganhado muita credibilidade.
Essa expansão, segundo dados do MEC/INEP, tem salto significativo a partir de 2005. Em 2010 o país já teria 14,6% dos matriculados no país na modalidade EaD e “Em 2012, em relação a 2011, houve um aumento de 52,5% das matrículas na modalidade EAD”
(CENSOEAD. BR, 2013, p.20- 21).
 O mundo se tornou grande, distante, complexo e rápido. Parece até um paradoxo.  A competição é constante e dentre as vantagens que se tem para melhorar índices econômicos e sociais está a educação. ALLEN & SEAMAN (2010) afirmam que o crescimento e desenvolvimento de um país, seja na esfera econômica, política ou social, proporcionalmente dependentes do nível educacional proporcionado à sua  população.
 Tudo no mundo ficou grande e distante e está preso a um lugar, numa cidade ou numa sala é sinônimo de improdutividade.  Sem falar na época que é de intensa tecnologia. Por conta disso o homem contemporâneo quer continuar produzindo e aprendendo, mas, agora, de qualquer lugar. É nesse contexto que a Educação a Distância vem ocupando lugar de destaque em todos os lugares do mundo.
Segundo MAIA & MEIRELLES (2002) o modelo EaD é  inovador porque utiliza as Tecnologias da Comunicação (TIC’s) para facilitar o aprendizado sem as limitações de tempo ou de espaço evidenciados na modalidade presencial. Neste modelo o indivíduo tende a organizar-se segundo metodologia, gestão e sistemas de avaliação com características próprias.
Com o advento da internet e consecutivamente dos diversos dispositivos móveis e seus softwares. A busca do conhecimento não se retém mais a quatro paredes – seja da sala de aula, seja de uma biblioteca - está na rede. Agora, o homem realmente corre atrás do conhecimento. No ensino presencial é comum o professor, como fonte do conhecimento, correr atrás do aluno. Com o Youtube, Whatsapp e os próprios ambientes virtuais da aprendizagem, os discentes tem uma gama de fontes de pesquisas a um clique de distância. Mohamedm Hassan e Spencer (2011) advogam sobre a importância que a Educação a Distância representa para determinados grupos sociais, os quais não precisam abandonar o emprego ou família para aprimorar seus conhecimentos e, consequentemente, melhorar a sua capacitação profissional.
COSTA (2012) e PEREIRA (2008) vão além dizendo que ao contribuir com o processo de democratização da educação, proporcionando conhecimento para públicos e locais não contemplados pelo ensino superior tradicional (presencial), a EaD torna-se um pilar para o processo de institucionalização da educação abrangendo locais e pessoas inimagináveis até então.
Portanto, não à toa, várias personalidades chamam a atenção para o Ensino à Distância organizado nos moldes atuais. Percebe-se que o sucesso desta modalidade não está longe de ser alcançado. Muito provável em bem pouco tempo os números de matriculados EaD superarão os da educação presencial que vem enfrentando sérias dificuldades nos últimos tempos. Fator que pode ajudar e confirmar esse sucesso são as dimensões territoriais do Brasil.
                 
CONSIDERAÇÕES FINAIS

                  A Educação à Distância acontece quando há uma organização que oferece o conhecimento sem a necessidade física entre professores e alunos. Pode até haver encontros presenciais, mas a maioria do aprendizado é ministrado usando as tecnologias da informação e comunicação. O Brasil, por ser continental tem avançado muito nessa modalidade de ensino.
                  Ressalta-se que são vários os artigos em Lei, no caso do Brasil, que já defendem um Ensino não Presencial como algo fundamental para que se consiga uma qualidade de vida, cita-se, por exemplo, a LDB e os diversos decretos, mas que por falta de vontade política e um certo preconceito, muitos administradores optam por uma via que é o “nada”  e, assim, acabam disseminando mais desigualdades no ensino superior em suas localidades.
                  Quando se buscou junto aos índices medidores do Governo Federal, confirmou-se aquilo que já se previa: os indicadores são um sinal claro da mudança de percepção da população quanto ao ensino realizado com o uso de mídias tecnológicas – os números de matriculados só aumentam a cada ano. Do outro lado, percebe-se um relaxamento dos Gestores, haja vista que para o oferecimento dos cursos à distância, faz-se necessário uma parceria entre prefeitura e governo estadual ou federal.
                 Embora seja uma forma de educar que exista há anos, forma-se um consenso que a EaD é a melhor alternativa naquilo que poderia ser o começo da busca de um projeto diferente para diminuir a desigualdade universitária existente no Brasil. Com a ausência dessa modalidade, a exemplo do que acontecia antes da criação das Universidades Abertas, o que há é uma subserviência ao modelo de ensino aprendizagem, onde todos contribuem com uma carga tributária imensa e poucos usufruem do conhecimento organizado a nível superior.
                 Portanto, é óbvio, que o que deve ser copiado já existe e aqui se citou o caso da Educação a Distância no mundo e no Brasil.
                  A pesquisa mostrou que o Brasil desenvolve um trabalho atrativo na produção do saber à distância. Contudo ainda há muito o que se fazer nessa área. O primeiro passo é diminuir o preconceito quanto a essa modalidade de ensino. O segundo é ousar mais e aproveitar o “boom” tecnológico e expandir a modalidade não presencial por todos os cantos do Brasil e, até mesmo na educação de base.
                  Dessa maneira, o Preconceito continua sendo o empecilho, o que vai em desencontro a legislação vigente que vem tentando incentivar a EaD e aos números que mostram que essa modalidade tem sido muito procurada principalmente depois do advento da internet. Formar administradores e educar cidadãos acerca da importância e das vantagens da Educação a Distância,  é a tarefa principal do país para os anos que se seguem, porque essa pode ser a chance de disseminar ensino superior de qualidade em todo o país.   Assim, a lei só será efetivada de fato, quando os Governantes e governados fizerem um trabalho coletivo de valorização, execução e avaliação dessa modalidade de ensino.
                     As limitações do estudo se deram pelo fato da pouca literatura que trata do tema, principalmente no que diz respeito aquela que vincule a qualidade de vida dos formandos egressos da modalidade à distância.
                   Para melhorar a situação da Educação à Distância no Brasil, faz-se necessário avaliar os cursos de forma rigorosa e munido dos resultados divulgá-los e em caso negativo, trabalhar para melhorar os indicadores. Em caso positivo, o principal obstáculo da EaD, que é o preconceito, diminuirá muito. A Universidade Aberta é um campo de experiência importante neste processo haja vista que lá já existem práticas que servem como avaliação.

REFERÊNCIAS

ALONSO, K. M. A expansão do ensino superior no Brasil e a EaD: Dinâmicas e lugares. Educ. Soc., Campinas, v. 31, n. 113, p. 1319-1335, out.-dez. 2010.

ALLEN, I. E.; SEAMAN, J. Class differences: On-line education in the United States.Needham, MA: Sloan Consortium, 2010.

Censo EaD 2012/2012. Disponível em <http://www.abed.org.br/site/pt/midiateca/censo_ead/1193/2013/09/> aceso em 17 de Nov 2017


FRASSON, Antonio Carlos,:JUNIOR, Constantino Ribeiro de Oliveira. METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA. São Luís, Maranhão : 2010

GOUVÊA, G.; C. I. OLIVEIRA. Educação a Distância na formação de professores: viabilidades, potencialidades e limites. 4. ed. Rio de Janeiro: Vieira e Lent. 2006.

LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA. disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm> acesso 12 nov 2017

LITWIN, E. Educação a Distância: Temas para o Debate de Uma Nova Agenda Educativa. Porto Alegre: Artmed. 2001.

MAIA, C.; J. MATTAR. ABC da EaD: a Educação a Distância hoje. 1. ed. São Paulo: Pearson. 2007.

MAIA, M. C.; MEIRELLES, F. S. Educação a Distância: O caso Open University. RAEeletrônica, v.1, n.1, jan-jun/2002.

MORAN, Manuel José. O que é educação a distância. Disponível em <www.techoje.com.br/site/techoje/categoria/abrirPDF/32> acesso em 17 de Nov 2017


MOHAMED, F. A.; HASSAN, A. M; SPENCER, B. Conceptualization and measurement ofperceived risk of online education. Academy of Educational Leadership Journal, 2011.MORAES, R. C. C. Educação a Distância e efeitos em cadeia. Cadernos de Pesquisa, v.40,n.140, p. 547-559, maio/ago. 2010.

RODRIGUES, M. Universidade Aberta do Brasil. Disponível em: <http://www.vestibular. brasilescola. com/ensino-distancia/universidade-aberta-brasil.htm>. Acesso em: 16 maio 2017.

SILVA, José Maria da. Apresentação de trabalhos acadêmicos: normas e técnicas/José Maria da Silva , Emerson Sena da Silveira. 5. Ed. – Petrópolis, RJ : Vozes, 2009






Nenhum comentário:

Postar um comentário

O QUE EU SEI!

QUER SABER? Aqui você encontrará resenhas de livros, resumos, comentários sobre política e COISAS que você não achou em outro lugar.