quarta-feira, 24 de maio de 2023

A ação do filósofo na escola enquanto dimensão política Por Isaac Sabino

Por Isaac Sabino
                    

                Desde sempre a humanidade transmitiu os conhecimentos acumulados às gerações mais jovens, o ápice dessa transmissão foi a criação da escola nos moldes que se conhece hoje e que bem recentemente não tem mais atendido os anseios da sociedade. Tomado por base que todos os professores são amigos do saber e, portanto, filósofos, essas figuras têm uma missão de refletir e repensar a escola que sirva a estes tempos. E papel mais importante ainda tem o filósofo formado na academia. O problema tem sido a prevalência no foco e visão única entre os docentes - a de que a escola tem que formar um cidadão crítico - e o esquecimento de outras diretrizes tão importantes quanto.
                   Numa rápida viagem na literatura oficial, é perceptível que o homem sempre buscou formas de transmitir os saberes acumulados aos mais jovens. Isso acontecia nas rodas numa fogueira qualquer ou de forma individual – de pai para filho. No bojo de tais transmissões tinham a moral vigente e o artesanato útil às tarefas do dia a dia. Isso acontecia em todas as dimensões culturais, mas é claro que algumas sociedades avançaram mais em suas instituições de educação. O que de certa forma representou problema porque acabou por elitizar um conhecimento organizacional e tecnológico de um grupo que menosprezou as outras formas de conhecer de outros. O auge de tudo isso é o surgimento da escola que não existia em comunidades ditas mais simples.
                     Essa elitização adentrou os muros da escola em dois momentos: num quando a escola era lugar só dos que tinham posse, e noutro quando os indivíduos marginalizados no primeiro momento começaram a participar das atividades escolares. Interessa aqui falar desse segundo momento porque é quando a escola é universalizada e ao mesmo tempo em que ela começa a perder o prestígio que existia no momento anterior.
                     A verdade é que esse prestígio começa a ser perdido no momento em que os professores descriminam a cultura do aluno e seus familiares. A premissa que diz que a escola tem que desenvolver o senso crítico leva à conclusão de que a família não sabe fazer isso, e pior, que o discente não sabe pensar. A escola e os professores incorrem no erro de se acharem detentores do pensar “correto”.  Significa dizer que mesmo quando essa instituição tenha sido universalizada, o aluno continua sendo marginalizado porque é apontado como alguém que nada sabe. E aqueles que formam uma elite no ambiente escolar já recebem a formação crítica em casa e por conta disso, esses meninos ricos passaram a menosprezar a escola, e principalmente a pública, e buscar o conhecimento mais útil à vida em outros ambientes: a internet, cursinhos e fala- se até em educação domiciliar. A escola onde todos os professores passam todo o horário com o blá blá de formar senso crítico, e esquecem as outras diretrizes, não consegue ser atrativa nem para os alunos pobres que lutaram tanto ao longo da história para está ali.
                         Quando só um pequeno grupo tinha direito sobre a escola, esse pequeno grupo vivia confortável e parecia feliz. Tudo isso era associado ao espaço escolar. Depois de muita luta, o espaço foi aberto a mais pessoas, mas o conhecimento foi para outro lugar e o que restou no colégio foram só professores que tentam ideologizar crianças para serem usadas como “bucha de canhão” numa missão docente de uma política particular e corporativista. Alguns meninos caem nessa lorota, mas quem tem mais dinheiro vai assistir vídeo aulas na internet e se preparar para uma vida mais produtiva em ganhos financeiros (o sonho dos pobres quando lutaram para adentrar a escola).
                          Esse modelo de escola não corresponde mais os anseios de uma sociedade que quer ser feliz. E recai sobre os professores pararem de ressentimentos e de quererem focar só mais no desenvolver senso crítico, não que isso deva ser deixado de ser trabalhado, mas os professores e principalmente os filósofos têm a missão de conclamar o desejo por uma escola que realmente realize sonhos. Uma escola prática e produtiva. Onde realmente aconteça do aluno saindo dela e enfrentando os primeiros dias no mundo trabalho, ele diga que sabe fazer isso ou aquilo porque aprendeu na escola. Hoje isso não acontece.
                             A visão única de que a escola tem que desenvolver o senso crítico tem que parar de tratar as pessoas como criancinhas. As pessoas sabem se defender e se virar. O homem comum que fica desempregado consegue fazer diversas outras coisas para viver, mas coisas que ele aprendeu na vida, fora da escola. Agora pense no medo de um professor universitário doutor com senso crítico desenvolvido e desempregado. Ele não sabe fazer diversas outras coisas. Com todo o seu senso crítico ele é aleijado e só sabe dar aulas. Por isso, só o senso crítico desenvolvido não ajuda nas tarefas cotidianas. Aproveita-se para dizer que há outras diretrizes para cada carreira docente, mas nos últimos tempos todo o foco é só para o desenvolvimento do senso crítico. Isso é que em parte tem provocado certo desinteresse pelo universo escolar, até porque desenvolver senso crítico é mais teoria.
                            De novo, Não que o senso crítico não deva ser trabalhado, esse texto é crítico por si só, contudo, os jovens da modernidade querem criar coisas, se sentirem úteis e o filósofo contemporâneo tem a missão política de avisar aos seus colegas docentes a necessidade de se parar de discriminar os serviços técnicos, braçais, ou aqueles que gostam de empreender porque isso é, justamente, marginalizar e tirar de algumas pessoas o que os deixa feliz. É querer elitizar um tipo de conhecimento em detrimento de outros. É o que mais tem prejudicado o atrativo que deveria ser a escola. O filósofo não pode ser parcial e viver divulgando ideologias que só geram um conflito interminável. Por conta disso, esse pensador é o principal responsável em sair de um campo de cegueira e apontar outras caminhos que torne a escola mais útil.
                      
                      
                



REFERÊNCIAS


FRASSON, Antonio Carlos,:JUNIOR, Constantino Ribeiro de Oliveira. METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA. São Luís, Maranhão : 2010

Lakatos, Eva Maria. Fundamentos de metodologia científica 1 Marina de Andrade Marconi, Eva
Maria Lakatos. - 5. ed. - São Paulo : Atlas 2003.

Libâneo, José Carlos. Adeus professor, adeus professora. Novas exigências educacionais e profissão docente. Cortez Editora. 1998.

Silva, José Maria da. Apresentação de trabalhos acadêmicos: normas e técnicas/José  Maria da Silva , Emerson Sena da Silveira. 5. Ed. – Petrópolis, RJ : Vozes, 2009





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