domingo, 5 de março de 2023

A ética política em o Príncipe de Nicolau Maquiavel


            Embora muitas vezes Moral e Ética sejam usadas como sinônimas, há distinções. Pode-se dizer que a Ética é precursora a Moral. Outra diferença reside na etimologia: Moral vem do latim mos mor- “costumes”; Ética vem do grego ethicos – “modo de ser”. Ética é individual, Moral é coletiva. A Ética busca ser universal, a moral está restrita a uma cultura. Ética é a teoria, moral é a prática. Um dos filósofos mais importantes no sentido de registrar uma ética própria de quem governa e que vai criar uma moral dos que ascendem ao poder é Nicolal Maquiavel.
                  Com a moral cristã ainda muito forte e os indivíduos tomando suas decisões éticas a partir do cristianismo, Maquiavel é corajoso em fundar uma ética a partir da laicidade tirando a metafísica dos governantes e colocando neles a responsabilidade por seus atos. Muito provável, por conta disso, o autor será discriminado por sua época e por toda uma geração futura. Termos pejorativos como “fulano de tal é maquiavélico” para resignificar que alguém trama coisas estranhas, ou ainda, a famosa frase “os fins justificam os meios” são comuns em serem atribuídos ao autor, mas, aos poucos Nicolau Maquiavel vira um costume e, portanto, uma moral.
                  Em sua principal obra O “Príncipe”, Nicolau Maquiavel, trata da hereditariedade, da conquista e manutenção de um governo. O autor chama “Príncipe” os governantes (reis) da época e antes da publicação da obra. Além da hereditariedade, da conquista e manutenção de um governo a obra traz em si conselhos, feitos por Maquiavel, e comprovados com narrativas de reis passados e seus feitos de sucesso ou fracasso.
              Dentro da obra o leitor encontrará uma estrutura moldada em 26 capítulos distribuídos sob tópicos que podem ser divididos da seguinte forma: Os iniciais tratam da forma pela qual o Príncipe (governante) adquire o seu principado (governo) e como deve porta-se para conservá-lo, Maquiavel cita como alguns reis perderam seus reinados: caso de Dario, da Pérsia. Do capítulo VI ao XIV, o escritor aborda a importância do Exército e das armas para conquistas ou guarda do principado (governo). Nos capítulos finais, Maquiavel, trabalha a psicologia comportamental do Príncipe (Governador, Presidente, Rei) diante de seus subordinados, aqui, o escritor intensifica seus conselhos, os dando na sua maioria em primeira pessoa e direto aos líderes. Tudo no campo terreno, sem metafísica e apontando costumes que se normatizarão tempos mais tarde.
                  É nesse sentido que se percebe uma injustiça cometida ao pensador Nicolau Maquiavel. O autor é um precursor de uma ética da valorização do indivíduo guiado por suas tomadas de decisão, distanciando-se assim dos aspectos divinos tão em voga na sua época. Tal ética criará a laicidade que será uma moral vigente até a contemporaneidade. Maquiavel exporá também os costumes do poder e que reforçando a ideia de uma tomada de decisão de cunho material com suas consequências.


         REFERÊNCIAS


CARDOSO. Isaac Sabino. Moral e Ética: Distinções. Dispnível Disponível em <https://isaacsabino.blogspot.com/2012/11/moral-e-etica-distincoes.html> acesso em 18 de junho de 2020

CARDOSO. Isaac Sabino. O Princípe: Maquiavel. <https://isaacsabino.blogspot.com/2009/09/o-principe-maquiavel.html> acesso em 18 de junho de 2020

Lakatos, Eva Maria. Fundamentos de metodologia científica 1 Marina de Andrade Marconi, Eva
Maria Lakatos. - 5. ed. - São Paulo : Atlas 2003.

AMARAL, M. Ensaios Filosóficos. Maquiavel e as relações entre ética e política. Volume VI. Outubro de 2012





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