Embora muitas vezes Moral e Ética sejam usadas como
sinônimas, há distinções. Pode-se dizer que a Ética é precursora a Moral. Outra
diferença reside na etimologia: Moral vem do latim mos
mor- “costumes”; Ética vem do grego ethicos – “modo de
ser”. Ética é individual, Moral é coletiva. A Ética busca ser universal, a
moral está restrita a uma cultura. Ética é a teoria, moral é a prática. Um dos
filósofos mais importantes no sentido de registrar uma ética própria de quem
governa e que vai criar uma moral dos que ascendem ao poder é Nicolal
Maquiavel.
Com a moral cristã ainda muito forte e os
indivíduos tomando suas decisões éticas a partir do cristianismo, Maquiavel é
corajoso em fundar uma ética a partir da laicidade tirando a metafísica dos
governantes e colocando neles a responsabilidade por seus atos. Muito provável,
por conta disso, o autor será discriminado por sua época e por toda uma geração
futura. Termos pejorativos como “fulano de tal é maquiavélico” para resignificar
que alguém trama coisas estranhas, ou ainda, a famosa frase “os fins justificam
os meios” são comuns em serem atribuídos ao autor, mas, aos poucos Nicolau
Maquiavel vira um costume e, portanto, uma moral.
Em sua principal obra O “Príncipe”, Nicolau
Maquiavel, trata da hereditariedade, da conquista e manutenção de um governo. O
autor chama “Príncipe” os governantes (reis) da época e antes da publicação da
obra. Além da hereditariedade, da conquista e manutenção de um governo a obra
traz em si conselhos, feitos por Maquiavel, e comprovados com narrativas de
reis passados e seus feitos de sucesso ou fracasso.
Dentro
da obra o leitor encontrará uma estrutura moldada em 26 capítulos distribuídos
sob tópicos que podem ser divididos da seguinte forma: Os iniciais tratam da
forma pela qual o Príncipe (governante) adquire o seu principado (governo) e
como deve porta-se para conservá-lo, Maquiavel cita como alguns reis perderam
seus reinados: caso de Dario, da Pérsia. Do capítulo VI ao XIV, o escritor
aborda a importância do Exército e das armas para conquistas ou guarda do
principado (governo). Nos capítulos finais, Maquiavel, trabalha a psicologia
comportamental do Príncipe (Governador, Presidente, Rei) diante de seus
subordinados, aqui, o escritor intensifica seus conselhos, os dando na sua
maioria em primeira pessoa e direto aos líderes. Tudo no campo terreno, sem
metafísica e apontando costumes que se normatizarão tempos mais tarde.
É nesse sentido que se percebe uma
injustiça cometida ao pensador Nicolau Maquiavel. O autor é um precursor de uma
ética da valorização do indivíduo guiado por suas tomadas de decisão,
distanciando-se assim dos aspectos divinos tão em voga na sua época. Tal ética
criará a laicidade que será uma moral vigente até a contemporaneidade.
Maquiavel exporá também os costumes do poder e que reforçando a ideia de uma
tomada de decisão de cunho material com suas consequências.
REFERÊNCIAS
CARDOSO. Isaac Sabino. Moral e Ética: Distinções. Dispnível
Disponível em <https://isaacsabino.blogspot.com/2012/11/moral-e-etica-distincoes.html> acesso em 18 de junho de
2020
CARDOSO. Isaac Sabino. O
Princípe: Maquiavel. <https://isaacsabino.blogspot.com/2009/09/o-principe-maquiavel.html> acesso em 18 de junho de
2020
Lakatos,
Eva Maria. Fundamentos de metodologia
científica 1 Marina de Andrade Marconi, Eva
Maria Lakatos. - 5.
ed. - São Paulo : Atlas 2003.
AMARAL, M. Ensaios
Filosóficos. Maquiavel e as relações entre ética e política. Volume VI.
Outubro de 2012
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