Lauand,
João Sérgio (org.) Temas e figuras do pensamento medieval. Jean Lauand (org.) :
vários autores São Paulo: Factash Editora, 2009. p. 14 x 21 cm.
João Sérgio Lauand, Doutor
em Psicologia da Educação pela Faculdade de Educação da USP, Foi professor,
entre outras, da escola Politécnica da USP e do Instituto Tecnológico da
Aeronáutica, Membro Fundador do CemOrOc – Centro de Estudos Medievais – Oriente
& Ocidente, da Faculdade de Educação da USP. Professor Investigador do
IJI-UP, Instituto Jurídico Interdisciplinar, da Faculdade de Direito do Porto.
Professor da Escola Dominicana de Teologia.
“Temas e figuras do
pensamento medieval” é um conjunto de textos organizados por João Sérgio Lauand
com participação de Jean Lauand, Julián Marías, Roberto C. G. Castro e Josef
Pieper. São sete textos que trabalham o cristianismo diante da filosofia numa
análise que inclui Santo Agostinho, Boécio, Cassiodoro e São Tomás de Aquino.
Os textos tratam dos
dilemas de personalidades da igreja cristã que lutaram para tornar o
conhecimento religioso algo filosófico e mais próximo do racional. Percebe-se a
seguinte divisão no trabalho dos autores: Lauand introduz com “O cristianismo
diante da filosofia e da cultura pagãs”. As outras partes, dos outros autores, são
nomeadas em “Agostinho e o crepúsculo de Roma”, “Agostinho e a Filosofia”, “A
leitura alegórica da Bíblia”, “Boécio e Cassiodoro: a transmissão da cultura
aos bárbaros”, “O Pseudo-Dionísio Areopagita: o “antídoto” medieval ao
racionalismo na teologia”, “O Elemento Negativo na Filosofia de Tomás de Aquino”.
Em “O cristianismo diante
da filosofia e da cultura pagãs”, o leitor é convidado a olhar o histórico e o
momento da cisão entre a religião judaica e a cristã que, diferente daquela,
assimila coisas boas da cultura pagã e deixa participar em si aqueles que não
nasceram no judaísmo. Sobre as ideias consideradas “ruins”, Lauand reforça o
descarte com texto do apóstolo Paulo. O autor também chama a atenção para uma
característica típica do cristianismo: a necessidade do cristão se distanciar
do conhecimento formal ensinado nas escolas e universidades e os cuidados com o
falso cristianismo que é o maniqueísmo. Interessante ainda falar da vertente
mais dura e radical de alguns cristãos, Aquela pregada por Tertuliano que trata
de uma moral que se afaste totalmente de práticas pecaminosas.
Em “Agostinho e o crepúsculo de
Roma”, Jean Lauand relata o declínio do império romano, a queda do mundo
antigo, e o nascimento da Idade Média. Grande parte do texto gira entorno dos
sermões e livros do padre Agostinho de hipona que compara a invasão do império
aos castigos ou testes bíblicos imputados a Jó, Abraão, Daniel e Noé. E, com
essas premissas o autor reproduz texto do Santo Padre intitulado “A devastação
de Roma”, mas, pautado que se a destruição não foi total é porque Deus ainda
encontrou uma quantidade de justos no lugar.
De forma mais específica, é Julián Marías que
apresentará ao leitor as ligações de Santo “Agostinho e a Filosofia”. Segundo o
texto “Santo Agostinho é o primeiro grande filósofo dentro do cristianismo”.
Essa parte do livro trabalha a biografia do padre descrevendo o seu local de
nascimento “no Norte da África, perto de Cartago. Seu pai era pagão, sua mãe
era cristã, e depois foi canonizada: Santa Mônica”. Percebe-se de Agostinho uma
busca existencial que não começa com o cristianismo, mas sim no maniqueísmo que
afirmava a eterna luta do bem contra o mal e culmina com o filósofo cristão
descobrindo a intimidade. Uma intimidade diferente da encontrada em Sócrates,
Platão e Aristóteles.
“A leitura alegórica da
Bíblia” começa, justamente, com Santo Agostinho. Se o homem é uma das criações
de Deus e, portanto, nele há vestígios da origem, as alegorias são a linguagem
“cifrada sobre Deus e as verdades eternas”. Jean Lauand chama a atenção para uma
característica própria dos medievais – a preocupação com os animais e números
postos em trechos da Bíblia, e são vários momentos em que se cita serpentes,
bois, pombas, dez, sete e outros. Toda essa preocupação resultatrá num tratado
escrito por Rábano Mauro, no séc. IX e na interpretação dos nomes bíblicos de
São Jerônimo. Chega ao ponto que essa preocupação vai além e se torna um
cuidado também com questões gramaticais, fonéticas e etimológicas.
Terminada a patrística, em
“Boécio e Cassiodoro: a transmissão da cultura aos bárbaros” assinala o
nascimento da Escolástica, “um método que iria marcar por quase mil anos o pensamento
ocidental”. Usando o instrumental aristotélico, os dois autores são mais
radicais no racionalismo bíblico, mas vão influenciar um dos mais famosos
pensadores da igreja, São Tomás de Aquino. É graças a Boécio que a cultura greco-romana
não desaparece com as invasões bárbaras, pois, através da criação da escola, o
pensador conseguiu transmitir um conhecimento racional cristão aos invasores e
que se firmará com a organização dos mosteiros em Cassiodoro.
Oposto aos dois religiosos
racionalistas, Roberto C. G. Castro apresenta “O Pseudo-Dionísio Areopagita: o ‘antídoto’
medieval ao racionalismo na teologia”.
Vários textos com o codinome
Dionísio Areopagita, encontrados entre o final do século IV e início do século VI
representam uma recusa no método de conhecer Deus pela razão. Para Dionísio a
lógica que sai da linguagem humana não pode explicar a existência de Deus e,
por conta disso, o máximo que o homem consegue são antropomorfismos.
Encerrando as dissertações, Josef Pieper
explica ao leitor o “aprender o não dito” que seria achar falas importantes nas
“fendas” dos textos antigos e principalmente no que toca a “criação”. Para
tanto o autor recorre ao existencialismo das coisas e o conceito de verdade de
Tomás de Aquino.
“Temas e figuras do pensamento medieval” é uma
boa introdução para quem queira adentrar o mundo filosófico da idade média. Há
vários trechos interessantes que valem a leitura dos capítulos por si só, mas alguns
textos precisam da leitura dos autores medievais apresentados para melhor entendimento: é o caso dos que estão
em “O elemento Negativo na filosofia de
Tomás de Aquino”. Mas, antes de mostrar as dificuldades dessa parte é bom
ressaltar as partes positivas do livro.
Um aspecto muito bom da maior parte dos
textos é a forma narrativa com que os autores trabalham antes de seguirem com suas
dissertações. Isso facilita a leitura. São contadas história da separação do
cristianismo do judaísmo e assimilação da cultura grega, o que é de suma importância
para o entendimento do racionalismo de Agostinho, Boécio, Cassiodoro e
Tomás de Aquino. E não são deixadas de lado a biografia de cada pensador e como
alguns deles influenciaram outros. Ainda
é perceptível, de forma constante, uma briga, dentro do próprio cristianismo,
entre os que só querem seguir a fé e os que querem conciliar fé e razão.
Parte que deveria ser de
difícil compreensão é a questão da “intimidade” em Agostinho, mas, Lauand expõe
de forma tão clara que, além de diferenciar o ser “íntimo” no padre com o dos
pensadores antigos, pode-se, também, relacionar com os tempos atuais, quando as
pessoas não conseguem ficar consigo mesmas por alguns minutos (todo instante o
homem moderno precisa conversar, ver ou postar algo aos outros). A solidão é um
monstro hodiernamente, o que para o religioso medieval era um prazer. Junte-se a
isso que sem precisar ir na fonte é fácil entender as questões alegóricas da
Bíblia e o nascimento da Escolástica.
Dito isso, a parte que requer mais leituras é
o entendimento do negativo em Aquino. Nesse trecho o autor não consegue expor o
dilema da criação e do criador ou mesmo da essência de verdade e mesmo com
muitas leituras no capítulo fica a sensação de que é melhor ir ler mesmo esses
dilemas na fonte. De qualquer forma “Temas
e figuras do pensamento medieval” é bom. Consegue resumir em poucas linhas uma
filosofia que durou mais de mil anos e é atrativo porque antes, dos autores
exporem os debates dissertativos travados à época, são colocadas narrativas e
biografias, o que torna presto mais íntimo do leitor. Só uma pequena parte dos
capítulos requer uma leitura mais atenciosa e, talvez, até das obras medievais
mesmo, mas nada que atrapalhe a compreensão deste
compêndio de João Lauand e companhia.

Anaxímenes de Mileto disse que o ar é o elemento originário de tudo o que existe, existiu e existirá, e que outras coisas provêm de sua descedência. Quando o ar se dilata, transforma-se em fogo, ao passo que os ventos são ar condensado. As nuvens formam-se a partir do ar por feltragem e, ainda mais condensadas, transformam-se em água. A água, quando mais condensada, transforma-se em terra, e quando condensada ao máximo possível, transforma-se em pedras.
BURNET, J. A aurora da filosofia grega. Rio de Janeiro: PUC-Rio, 2006 (adaptado).
Basílio Magno, filósofo medieval, escreveu: “Deus, como criador de todas as coisas, está no princípio do mundo e dos tempos. Quão parcas de conteúdo se nos apresentam, em face desta concepção, as especulações contraditórias dos filósofos, para os quais o mundo se origina, ou de algum dos quatro elementos, como ensinam os Jônios, ou dos átomos, como julga Demócrito. Na verdade, dão impressão de quererem ancorar o mundo numa teia de aranha.”
GILSON, E.: BOEHNER, P. História da Filosofia Cristã. São
Paulo: Vozes, 1991 (adaptado).
4. 3.42 (ENEM E2012/ c/adaptações) Filósofos dos diversos tempos históricos desenvolveram teses para explicar a origem do universo. Diferente de Basílio Magno, Anaxímenes faz parte dos Pré-Socráticos. Assinale abaixo o principal traço desses filósofos.
a) A cosmologia pré-socrática não é uma explicação racional e sistemática da origem das coisas.
b) A cosmologia pré-socrática é uma explicação racional e sistemática da origem das coisas.
c) A cosmologia pré-socrática é uma explicação ficcional sobre os mitos;
d) A cosmologia pré-socrática é uma explicação racional da religião;
e) A cosmologia pré-socrática narra a história de Sócrates;
(1) No dia a dia usamos a palavra razão com diferentes sentidos: certeza, lucidez, motivo, causa. Ao dizermos “você tem razão”, admitimos que
(A) o outro está correto com relação a alguma coisa;
(B) o outro está errado com relação a alguma coisa;
2) No dia a dia usamos a palavra razão com diferentes sentidos: certeza, lucidez, motivo, causa. Ao dizermos “ao dizermos “você está nervosa demais, perdeu a razão,”, admitimos que
(A) razão é utilizada no sentido de lucidez;
(B) razão é utilizada no sentido de loucura;
3) No dia a dia usamos a palavra razão com diferentes sentidos: certeza, lucidez, motivo, causa. Ao dizermos “vou lhe contar minhas razões para o que fiz”, admitimos que
(A) significa os motivos que ELA não tem para ter feito algo;
(B) significa aos motivos que ELA tem para ter feito algo;
4) No dia a dia usamos a palavra razão com diferentes sentidos: certeza, lucidez, motivo, causa. Ao dizermos Também usamos o adjetivo racional para
(A) indicar obscuridade de ideias, resultado de esforço ingnóbil ou da pouca inteligência segundo normas e regras do pensamento e da linguagem.
(B) para indicar clareza de ideias, resultado de esforço intelectual ou da inteligência segundo normas e regras do pensamento e da linguagem.
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Em síntese
1) Marque abaixo alguns sentidos que a palavra razão pode ter no uso cotidiano.
(A) certeza, lucidez, motivo, causa;
(B) dúvida, loucura, motivo, causa;
2) Infere-se do Texto acima:
(A) Percebe-se de Agostinho uma busca existencial que não começa com o cristianismo, mas sim no maniqueísmo que afirmava a eterna luta do bem contra o mal e culmina com o filósofo cristão descobrindo a intimidade.
(B) Percebe-se de Agostinho uma busca material que não começa com o cristianismo, mas sim no maniqueísmo que afirmava a eterna luta do bem contra o mal e culmina com o filósofo cristão descobrindo a intimidade.
3) Quais são as atitudes mentais opostas à razão?
(A) o ilusório, as emoções, a crença religiosa, o êxtase místico;
(B) a verdade, as paixões, a crença na ciência, o êxtase místico;
4) Quais as principais características da razão?
(A) não indica regras gerais; não possui validade;
(B) indica regras gerais, é universal e possui validade;
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01- O conjunto de textos organizados por João Sérgio Lauand com participação de Jean Lauand, Julián Marias, Roberto c.G.castro é Josef pierer, trabalham o que e quem incluem ?
ResponderExcluir02-Os textos tratam que dilemas ?
03-Em " O cristianismo diante da filosofia e da cultura pagãs o leitor é convidado à que ?
04-Em "Agostinho e o crepúsculo de Roma", Jean Lauand relata o que?
05-O que foi o nascimento da Escolástica?
Nome :Mairla Góis Araújo
Eja 2B Noturno
NOME:Maria Fernanda Freire Sousa
ResponderExcluirSÉRIE: 3ano TURMA:"A" TURNO:Noturno
1- QUAIS PROFISSÕES DE JOÃO SÉRGIO LAUAND?
2- O QUE SÃO OS TEMAS E FIGURAS DO PENSAMENTO MEDIEVAL?
3- OPOSTO AOS DOIS RELIGIOSOS RACIONALISTAS O QUE APRESENTA ROBERTO C.G.
4- O QUE RELATA-SE EM AGOSTINHO E O CRESPÚSCULO DE ROMA?
5- QUAL TEXTO DO PADRE SANTO INTITULADO É REPRODUZIDO COM ESSAS PREMISSAS?
Atividade de filosofia
ResponderExcluirNome Robson Carvalho de Oliveira
3 ano A noturno
1 Qual o nome da faculdade quer João Sérgio Lauand estudou?
2 segundo o texto quem foi o primeiro grande filósofo?
3 porque para os religiosos medieval a solidão era um prazer ?
4 Segundo o texto se o homem é uma das criações de Deus e pq?
5 Quais as escolas q João Sérgio Lauand era professor ?