A
história da humanidade está marcada por povos que se sobressaem e outros que são
extintos ou tornam-se escravos. Fator decisivo do sucesso é o quanto de avanços
tecnológicos a comunidade acumula – entende-se como avanço tecnológico também a
organização social. Este artigo é uma análise do uso da tecnologia e da
inovação em pequenos municípios do Piauí tomado por base a cidade de Madeiro.
Não é difícil imaginar a diferença que fez
o fogo para a humanidade. Cozinhar os alimentos; se proteger dos animais, fez a
comunidade crescer de forma mais saudável e aumentar o número dos habitantes da
vila. Numa guerra, números contam. Avançando um pouco na história, pode-se
falar da língua, da escrita, de armas para distâncias maiores. O lado ruim é que
tudo isso resultou em outras culturas e até animais, extintas ou escravizadas.
Indo mais longe, os idos de 1600, 1700 e
1800 tiveram como marco inovações como a máquina a vapor e a lâmpada; Essas
invenções demandaram novas estruturas sociais. No caso da máquina tem-se a
criação do trem, de trilhos e mais tarde de carros. Resultado: terras
desapropriadas e povos assimilados ou aniquilados. O modelo social do fim desse
período será o Fordismo/Taylorismo e mais tarde o Toyostismo.
Do século XX aos dias atuais a marca do
sucesso são as TICs (Tecnologia da Informação e Comunicação). O destaque é para
as cidades que conseguem usar a internet, softwares (redes sociais e outros
programas) e hardwares (ar-condicionado, computadores, televisores e Data shows)
a seu favor. A diferença com outros tempos é só a NÃO extinção de quem ou
alguma instituição que opta pelo comodismo – de qualquer forma a mão de obra
barata – escrava – continua.
Exemplo prático são as pequenas cidades do
Piauí. Neste artigo será tomado como exemplo o município de Madeiro. E a prova
de que algo está errado quando o assunto é a adoção de tecnologias, seja as
físicas ou as organizacionais, é o êxodo
que persiste há anos no lugarejo. Neste caso, já que não existe mais a extinção
de um povo, considera-se a saída da pessoa como um processo de assimilação ou
escravidão – quando a mão de obra é barata.
Para saber se a região inova em
tecnologias, o IBGE, através do PINTEC (Pesquisa de Inovação Tecnológica) a
cada dois anos e desde 2000, publica o que estados, municípios e regiões em si,
requerem, registram ou introduzem de inovação no mercado; também será analisada
a estrutura organizacional do lugar (aqui, leva-se em consideração o Manual de
Oslo, documento desenvolvido pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento
Econômico (OCDE) que considera, além de inovação de produtos, também inovações
organizacionais como avanços tecnológicos).
O triste é que as últimas medições do
órgão não trazem o Piauí. E navegando em todo o site não consta o município de
Madeiro em momento algum. Por conta disso, esse trabalho se limitará a análise
dedutiva dos motivos dessa não existência de inovações tecnológicas e suas
respectivas consequências.
Emancipado em 1995, o município de Madeiro
já passou por vários prefeitos, mas nenhum se mobilizou por criar um polo de
inovação tecnológica. A realidade é parecida com praticamente todos os outros municípios
piauienses: um gestor municipal se elege e adota a postura de um gerente de
banco – recebe os recursos constitucionais e faz os pagamentos dos servidores
locais. Nada mais.
A postura se torna perigosa porque quando
verificada a história, os povos que se acomodaram não foram muito longe.
A tecnologia é histórica. Praticamente
ninguém cria nada sozinho, nisso a época é benéfica às cidades do século XXI: o
motor está no seu ápice; a energia elétrica chega a todos os cantos e a
internet propicia produzir mais com bem menos esforço. Mesmo assim muitos números
negativos mostram o quanto algo está errado na adoção de certas políticas
federais. Basta ver os que vivem de bolsas; o êxodo e o analfabetismo e a
ausência do registro de novidades no PINTEC.
O Madeiro, por exemplo, está situado à
beira do Rio Parnaíba – águas abundam e as terras são férteis, mas nada é
exportado e tudo é produzido só como subsistência. Não há nenhum incentivo para
que o pequeno produtor consiga concorrer com lugares que já detém tecnologia de
entregar o arroz no ponto de cozimento; o peixe em todas as fases e, tudo em
larga escala. A culpa reside especialmente no comodismo dos gestores provocado
pelo governo federal.
As TICs estão na moda. Nisso, não há mais
necessidade dos pagamentos dos funcionários locais passarem pela gestão
municipal. Tudo devia sair direto do tesouro federal para a conta do empregado.
Afinal de contas, todos os recursos da cidade vêm de autorização
constitucional. Nada é arrecadado por conta própria: não há IPTU ou outros
mecanismos. A União gera comodismo local e consequentemente inibe qualquer tipo
de avanço tecnológico.
Tomada essa providência com o Governo
Federal lançando mão daquilo que já se tem nesse tempo – internet e softwares,
os governos locais ficariam mais livres para promoverem políticas públicas que
se encaixasse com o momento tecnológico que vive o mundo. Do contrário o que se tem é uma administração
preocupada só com pagamentos do seu quadro, e por isso fica difícil se fazer um
artigo que considere o uso da tecnologia e da inovação municipal.
Saindo do campo de combater a evasão do
trabalhador por falta de alternativas no campo, um outro reflexo da total
ausência do uso da tecnologia e inovação é a escola. Desde a fundação da cidade
de Madeiro do Piauí não se viu nenhuma mobilização que firmasse como pilar o
uso da internet e de softwares (redes sociais e outros programas) ajudando na
transmissão do conhecimento. As aulas ainda são dadas nos moldes do século XIX.
Hardwares como ar-condicionado e Data shows em todas as salas são apenas um
sonho.
O município não será extinguido, pois a
sua situação é semelhante a todos os outros do Estado. Para que a extinção
ocorresse era preciso que uma outra cidade próxima estivesse produzido tecnologia
e inovação suficiente para assimilar os
madeirenses ociosos. De qualquer forma, há sim, uma fuga de pessoas que tentam
sobrevivência em outros Entidades da federação. O que não é bom.
A verdade é que a história tem sempre as
repostas, e é sempre bom não perder de vista o que já aconteceu no passado: o
comodismo foi derrota de muitas culturas; o sucesso está ligado diretamente ao
quanto se cria – realidade distante dos municípios piauienses que se acomodaram
em só administrar os repasses federais e sem perceberem que reproduzem
problemas históricos como o trabalho escravo. Solução passa por inovação
organizacional vinda de Brasília.
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