quarta-feira, 23 de agosto de 2023

Uma avaliação da gestão municipal considerando o uso da tecnologia e da inovação

      

     A história da humanidade está marcada por povos que se sobressaem e outros que são extintos ou tornam-se escravos. Fator decisivo do sucesso é o quanto de avanços tecnológicos a comunidade acumula – entende-se como avanço tecnológico também a organização social. Este artigo é uma análise do uso da tecnologia e da inovação em pequenos municípios do Piauí tomado por base a cidade de Madeiro.
     Não é difícil imaginar a diferença que fez o fogo para a humanidade. Cozinhar os alimentos; se proteger dos animais, fez a comunidade crescer de forma mais saudável e aumentar o número dos habitantes da vila. Numa guerra, números contam. Avançando um pouco na história, pode-se falar da língua, da escrita, de armas para distâncias maiores. O lado ruim é que tudo isso resultou em outras culturas e até animais, extintas ou escravizadas.
     Indo mais longe, os idos de 1600, 1700 e 1800 tiveram como marco inovações como a máquina a vapor e a lâmpada; Essas invenções demandaram novas estruturas sociais. No caso da máquina tem-se a criação do trem, de trilhos e mais tarde de carros. Resultado: terras desapropriadas e povos assimilados ou aniquilados. O modelo social do fim desse período será o Fordismo/Taylorismo e mais tarde o Toyostismo.
     Do século XX aos dias atuais a marca do sucesso são as TICs (Tecnologia da Informação e Comunicação). O destaque é para as cidades que conseguem usar a internet, softwares (redes sociais e outros programas) e hardwares (ar-condicionado, computadores, televisores e Data shows) a seu favor. A diferença com outros tempos é só a NÃO extinção de quem ou alguma instituição que opta pelo comodismo – de qualquer forma a mão de obra barata – escrava – continua.
     Exemplo prático são as pequenas cidades do Piauí. Neste artigo será tomado como exemplo o município de Madeiro. E a prova de que algo está errado quando o assunto é a adoção de tecnologias, seja as físicas ou as  organizacionais, é o êxodo que persiste há anos no lugarejo. Neste caso, já que não existe mais a extinção de um povo, considera-se a saída da pessoa como um processo de assimilação ou escravidão – quando a mão de obra é barata.
     Para saber se a região inova em tecnologias, o IBGE, através do PINTEC (Pesquisa de Inovação Tecnológica) a cada dois anos e desde 2000, publica o que estados, municípios e regiões em si, requerem, registram ou introduzem de inovação no mercado; também será analisada a estrutura organizacional do lugar (aqui, leva-se em consideração o Manual de Oslo, documento desenvolvido pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) que considera, além de inovação de produtos, também inovações organizacionais como avanços tecnológicos).
     O triste é que as últimas medições do órgão não trazem o Piauí. E navegando em todo o site não consta o município de Madeiro em momento algum. Por conta disso, esse trabalho se limitará a análise dedutiva dos motivos dessa não existência de inovações tecnológicas e suas respectivas consequências.
     Emancipado em 1995, o município de Madeiro já passou por vários prefeitos, mas nenhum se mobilizou por criar um polo de inovação tecnológica. A realidade é parecida com praticamente todos os outros municípios piauienses: um gestor municipal se elege e adota a postura de um gerente de banco – recebe os recursos constitucionais e faz os pagamentos dos servidores locais. Nada mais.
     A postura se torna perigosa porque quando verificada a história, os povos que se acomodaram não foram muito longe.
     A tecnologia é histórica. Praticamente ninguém cria nada sozinho, nisso a época é benéfica às cidades do século XXI: o motor está no seu ápice; a energia elétrica chega a todos os cantos e a internet propicia produzir mais com bem menos esforço. Mesmo assim muitos números negativos mostram o quanto algo está errado na adoção de certas políticas federais. Basta ver os que vivem de bolsas; o êxodo e o analfabetismo e a ausência do registro de novidades no PINTEC.
     O Madeiro, por exemplo, está situado à beira do Rio Parnaíba – águas abundam e as terras são férteis, mas nada é exportado e tudo é produzido só como subsistência. Não há nenhum incentivo para que o pequeno produtor consiga concorrer com lugares que já detém tecnologia de entregar o arroz no ponto de cozimento; o peixe em todas as fases e, tudo em larga escala. A culpa reside especialmente no comodismo dos gestores provocado pelo governo federal.
     As TICs estão na moda. Nisso, não há mais necessidade dos pagamentos dos funcionários locais passarem pela gestão municipal. Tudo devia sair direto do tesouro federal para a conta do empregado. Afinal de contas, todos os recursos da cidade vêm de autorização constitucional. Nada é arrecadado por conta própria: não há IPTU ou outros mecanismos. A União gera comodismo local e consequentemente inibe qualquer tipo de avanço tecnológico.
     Tomada essa providência com o Governo Federal lançando mão daquilo que já se tem nesse tempo – internet e softwares, os governos locais ficariam mais livres para promoverem políticas públicas que se encaixasse com o momento tecnológico que vive o mundo.  Do contrário o que se tem é uma administração preocupada só com pagamentos do seu quadro, e por isso fica difícil se fazer um artigo que considere o uso da tecnologia e da inovação municipal.
     Saindo do campo de combater a evasão do trabalhador por falta de alternativas no campo, um outro reflexo da total ausência do uso da tecnologia e inovação é a escola. Desde a fundação da cidade de Madeiro do Piauí não se viu nenhuma mobilização que firmasse como pilar o uso da internet e de softwares (redes sociais e outros programas) ajudando na transmissão do conhecimento. As aulas ainda são dadas nos moldes do século XIX. Hardwares como ar-condicionado e Data shows em todas as salas são apenas um sonho.
     O município não será extinguido, pois a sua situação é semelhante a todos os outros do Estado. Para que a extinção ocorresse era preciso que uma outra cidade próxima estivesse produzido tecnologia e inovação  suficiente para assimilar os madeirenses ociosos. De qualquer forma, há sim, uma fuga de pessoas que tentam sobrevivência em outros Entidades da federação. O que não é bom.
     A verdade é que a história tem sempre as repostas, e é sempre bom não perder de vista o que já aconteceu no passado: o comodismo foi derrota de muitas culturas; o sucesso está ligado diretamente ao quanto se cria – realidade distante dos municípios piauienses que se acomodaram em só administrar os repasses federais e sem perceberem que reproduzem problemas históricos como o trabalho escravo. Solução passa por inovação organizacional vinda de Brasília.
    


    
    

REFERÊNCIAS


10 passos essenciais para se tornar o negociador de referência. Disponível em <http://www.administradores.com.br/noticias/carreira/10-passos-essenciais-para-se-tornar-o-negociador-referencia/37112/> Acesso em 18 março 2016

Coelho, Ricardo Corrêa Ciência política / Ricardo Corrêa Coelho. – 2. ed. reimp.Florianópolis : Departamento de Ciências da Administração / UFSC, 2012.159p. : il.

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Silva, José Maria da. Apresentação de trabalhos acadêmicos: normas e técnicas/José  Maria da Silva , Emerson Sena da Silveira. 5. Ed. – Petrópolis, RJ : Vozes, 2009

Pinheiro, Ivan Antônio Negociação e arbitragem / Ivan Antônio Pinheiro. – Florianópolis : Departamento de Ciências da Administração / UFSC; [Brasília] : CAPES : UAB, 2012.
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PINTEC pesquisa e inovação. Disponível em < http://www.pintec.ibge.gov.br/> acesso em 28 de março 2016

Sanson, João RogérioTeoria das finanças públicas / João Rogério Sanson. – Florianópolis : Departamento de Ciências da Administração / UFSC; [Brasília] : CAPES : UAB, 2011.
       132p. : il.


TREVISAN, Andrei Pittol; BELLEN, Hans Michael vanRevista de Administração Pública. Rio de Janeiro 42 (3): 529-50, maio/jun. 2008.



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