quarta-feira, 23 de agosto de 2023

A distinção moderna das questões epistemológicas - da Metafísica de Descartes a Locke


               



               Quem nunca se pegou debatendo sobre a origem ou continuidade do ato de conhecer. Noutro dia eu entrei num fórum desses que debatia, justamente, este tema, a partir de um texto de Mário Sérgio Cortela – “Nós não nascemos prontos”. O que eu deixei passar e alguns colegas ali também, é que tal assunto é dialético, histórico, com reflexões fortes e melhor organizado a priori por Platão e com debates intensos na modernidade entre o Matemático René Descartes e o Filósofo John Locke. Este último descartando totalmente a metafísica da formação humana.
                  Na ocasião do debate eu havia dito:
“Mário Sérgio Cortela credita a culpa do comportamento atual dos jovens em nós professores quando ditamos frases de cunho negativo a eles, e por isso, somos responsáveis pelo “aprontamento” desses meninos.  “Nós não nascemos prontos”,  Eu concordo, em partes, porque creio em algo que já nasce com a gente e amadurece com o tempo: sentir a diferença entre o bem e o mal quando aplicados a nós ou outrem, por exemplo.  Isso é muito na tomada de decisão das pessoas e suas consequências futuras.”
                    Embora eu saiba que haja certa religiosidade em quem acredita que o homem já nasce conhecendo coisas (É o conhecimento inato defendido na antiguidade por Platão e na modernidade, principalmente, por Descartes) eu fui opinião vencida, porque eu tinha me esquecido de John Locke, o principal autor contrário a Descartes.
                    Descartes é metafísico porque acredita que alguma ideia do homem já nasce com ele (homem) – é o caso da noção de espaço ou do uso do corpo sem necessariamente saber o funcionamento dos músculos. A origem desses pensamentos, para o autor advém de Deus. Há resquícios de Deus no homem e por isso o homem, através da alma, já nasce sabendo coisas.
                    O problema de Descartes, diz Locke: se houvesse ideias inatas, então todos os seres humanos, de todas as origens e idades, inclusive as crianças pequenas, deveriam ter as mesmas ideias, o que não é o que podemos comprovar pela observação.
                  Realmente, é uma opinião forte e difícil de ser refutada. E é com ela que o homem moderno vai abandonar a metafísica (Deus e alma) e criar uma nova consciência que ver o homem como “uma folha de papel em branco, estando sem nenhuma marca antes da experiência”. Contando com Cortela e a Tutora do curso, a exceção da minha pessoa, todos os outros participantes concordaram que o homem e seus conhecimentos podem ser construídos sem a interferência de um Deus, de uma alma ou de qualquer coisa que argumente a favor de algo que já nasça com o homem.
                Portanto, a principal diferença epistemológica moderna é essa que tira a responsabilidade da construção do homem das divindades e a coloca nas mãos dos próprios homens. É a metafísica de René Descartes sendo afastada do ato de conhecer e sendo substituída pelo empirismo de John Locke. Só resta saber se na nossa época estamos acertando ou errando, ou andando em círculo, mas isso é tema para outra dissertação.
                              
REFERÊNCIAS

CORTELLA, Mário Sérgio. Seminário família, escola e cidadania: quais os caminhos? Escola da Assembleia Legislativa de Santa Catarina, agosto de 2007. Palestra “Nós não nascemos prontos”. In: RAMOS, Rogério de Araújo. Ser protagonista: Língua portuguesa. 2. ed. São Paulo: SM, 2013. Adaptado.

Dutra, Luiz Henrique de Araújo. Teoria do conhecimento / Luiz Henrique de Araújo Dutra. — Florianópolis, 2008.

FRASSON, Antonio Carlos,:JUNIOR, Constantino Ribeiro de Oliveira. METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA. São Luís, Maranhão : 2010

SILVA, José Maria da. Apresentação de trabalhos acadêmicos: normas e técnicas/José Maria da Silva , Emerson Sena da Silveira. 5. Ed. – Petrópolis, RJ : Vozes, 2009





1. 2. 4.20 (ENEM 2016) Nunca nos tornaremos matemáticos, por exemplo, embora nossa memória possua todas as demonstrações feitas por outros, se nosso espírito não for capaz de resolver toda espécie de problemas; não nos tornaríamos filósofos, por ter lido todos os raciocínios de Platão e Aristóteles, sem poder formular um juízo sólido sobre o que nos é proposto. Assim, de fato, pareceríamos ter aprendido, não ciências, mas histórias.
DESCARTES, R. Regras para a orientação do espírito. São Paulo: Martins Fontes, 1999.

Em sua busca pelo saber verdadeiro, o autor consiDera o conhecimento, de modo crítico, como resultado da

A investigação de natureza empírica.

D autonomia do sujeito pensante.

TEXTO I

Fragmento B91: Não se pode banhar duas vezes no mesmo rio, nem substância mortal alcançar duas vezes a mesma condição; mas pela intensidade e rapidez da mudança, dispersa e de novo reúne.

 

HERÁCLITO. Fragmentos (Sobre a natureza). São Paulo: Abril Cultural, 1996 (adaptado).

TEXTO II

Fragmento B8: São muitos os sinais de que o ser é ingênito e indestrutível, pois é compacto, inabalável e sem fim; não foi nem será, pois é agora um todos homogêneo, uno, contínuo. Como poderia o que é perecer? Como poderia gerar-se?

PARMÊNIDES. Da natureza. São Paulo: Loyola, 2002 (adaptado).

 

2. 3 (ENEM questão 23 prova azulb) Os fragmentos do pensamento pré-socrático expõem uma oposição que se insere no campo das

A investigações do pensamento sistemático.

B discussões de base ontológica.   


3. Infere-se do texto acima:


(A) a principal diferença epistemológica moderna é essa que tira a responsabilidade da construção do homem das divindades e a coloca nas mãos dos próprios homens.


(B) a principal diferença epistemológica moderna é essa que tira a responsabilidade da construção do homem do própria homem e a coloca nas mãos das divindades.


4º 4.16 (Vestibular UEMA PAES E2013) No fragmento a seguir, Descartes propõe quatro etapas fundamentais ao processo do conhecimento: ―[...] jamais acolher alguma coisa como verdadeira que eu não conhecesse evidentemente como tal; [...] dividir cada uma das dificuldades que eu examinasse em tantas parcelas possíveis e quantas necessárias; [...] conduzir por ordem meus pensamentos, começando pelos objetos mais simples e mais fáceis; [...], até o conhecimento dos mais compostos; fazer todas as enumerações tão completas e revisões tão gerais que eu tivesse a certeza de nada omitir.‖

DESCARTES, R. Discurso do método. São Paulo: Nova Cultural, Coleção Os Pensadores, 1991.

As etapas do conhecimento na visão de Descartes são, respectivamente, as seguintes:

D) análise, enumeração, síntese e evidência.

E) evidência, análise, síntese e enumeração.

 

GABARITO PARA MARCAR

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